Mentirosos

Título: Mentirosos

Autora: E. Lockhart

Editora: Seguinte

Páginas: 272

Edição: 1

Lançamento: 2014

Sinopse: Os Sinclair são uma família rica e renomada, que se recusa a admitir que está em decadência e se agarra a todo custo às tradições. Assim, todo ano o patriarca, suas três filhas e seus respectivos filhos passam as férias de verão em sua ilha particular. Cadence - neta primogênita e principal herdeira -, seus primos Johnny e Mirren e o amigo Gat são inseparáveis desde pequenos, e juntos formam um grupo chamado Mentirosos. Durante o verão de seus quinze anos, as férias idílicas de Cadence são interrompidas quando a garota sofre um estranho acidente. Ela passa os próximos dois anos em um período conturbado, com amnésia, depressão, fortes dores de cabeça e muitos analgésicos. Toda a família a trata com extremo cuidado e se recusa a dar mais detalhes sobre o ocorrido… até que Cadence finalmente volta à ilha para juntar as lembranças do que realmente aconteceu.

Resenha

E se pudéssemos obrigar todo mundo a mudar? – página 216

Os Sinclair não reclamam. Não aceitam não como resposta. Não fazem escândalos e são a família perfeita. Loiros, altos, queixos quadrados, ricos, perfeitos. Todos os anos, eles passam as férias de verão na ilha particular do patriarca, Harris, um homem racista que tem todas as filhas e netos na palma da mão, dono da palavra que vale, com poder sobre todos os Sinclairs.

Cadence é a neta mais velha, filha única de Penny e do pai que foi embora quando ela era mais nova. Ela e seus primos, Mirren e Johnny, juntamente com Gat, um amigo, formam o grupo Mentirosos, o quarteto fantástico da ilha, o grupo inseparável desde que eram crianças. Eles se veem apenas nas férias de verão, e, fora dessa época, mal se falam. Ainda assim, eles eram como melhores amigos.

Nas férias de quinze anos, porém, algo de ruim aconteceu, e Cadence sofreu um acidente. Ninguém parece saber o que aconteceu, ou, se sabem, não querem contar. Ela sofre de dores de cabeça terríveis, seu melhor amigo é o oxicodona e doar seus bens materiais que, para ela, não servem para nada, tornou-se sua meta de vida. Cadence fica então dois anos sem ir à ilha, pois precisava se recuperar, e, quando enfim volta, aos dezessete, está determinada a descobrir o que aconteceu. Por que a casa de seu avô estava diferente? O que acontecera com ela?

“Você entende, Cady? O silêncio é uma camada protetora sobre a dor.” – página 43

Os Sinclair devem ser a pior família que eu já conheci. Arrogantes, movidos pelas aparências e interesseiros (e como!), eles não parecem ter sentimentos, colecionam dezenas de objetos, brigam por qualquer coisa que tenha valor, lutam pela atenção de Harris (principalmente suas três filhas, que vivem em pé de guerra por conta da herança) e estão sempre de nariz empinado, como se fossem melhores que o mundo. Acho que eu não preciso dizer que não gostei muito deles, não é?

Mas os personagens principais são encantadores, pelo menos aos olhos de Cadence, nossa narradora. Cada um é especial para ela de uma maneira, mas Gat tem um espaço especial em seu coração. Ele foi seu primeiro amor, e, mesmo contra a vontade de sua mãe e seu avô, ela se deixou apaixonar-se por ele. Johnny e Mirren não são lá muita coisa, ela é um pouco histérica e ele ignorante, mas aprendi a gostar de ambos ao longo das páginas.

E eu vi Gat, e vi aquela rosa na mão dele, e, naquele momento, com a luz do sol entrando pela janela e brilhando sobre ele, as maças sobre a bancada da cozinha, o cheiro de madeira e maresia no ar, eu rotulei de amor. – página 27

Por ser narrado por Cadence, o livro é um pouco confuso, já que a mente dela também é assim. Descobrimos o que aconteceu no verão dos quinze anos juntamente com ela, mas as suposições começam já nas primeiras páginas. Eu imaginei mil coisas, mas não consegui chegar perto da realidade, que me deixou pasma e sem chão. A autora foi incrível nesse aspecto, conseguiu me surpreender e me deixou doida da vida. É uma coisa que demora um pouco para o leitor absorver, sabe? Mas vou parar por aqui antes que comece a contar demais.

Aja como uma pessoa normal. Agora mesmo. Porque você é. Porque você pode ser. – página 142

Mentirosos é um livro que eu vinha querendo ler já fazia um bom tempo, todas as resenhas que eu encontrava eram positivas, e todo mundo parecia impressionado com o que aconteceu nas 272 páginas dele. É um livro curtinho, e a escrita da autora flui rapidamente, então é uma história que acaba rapidamente, mas que, novamente, traz algumas surpresas. É uma história um pouco angustiante, um tanto emocionante e cheia de metáforas, o que eu, particularmente, adorei.

Mas não consigo dar nota cinco ao livro. Gostei dos personagens, adorei a história, a escrita da autora chega a ser perfeita, porém, o livro não me conquistou tanto assim. De início eu havia ficado um pouco confusa com tantos personagens e o fato de que cada casa tinha um nome, mas logo me acostumei. Pode ter sido esse o motivo da nota quatro. O que importa é que o livro é incrível, e, se você ainda não leu, deveria. Estou doida para ler mais obras da autora, e espero que elas sejam tão boas quanto Mentirosos.