Princesa - mais lágrimas para chorar

Título: Princesa – mais lágrimas para chorar
Autora: Jean Sasson
Editora: BestSeller (cortesia Grupo Editorial Record)
Páginas: 384
Edição: 1
Lançamento: 2016
Sinopse: Uma história comovente sobre a luta das mulheres árabes pelos direitos humanos básicos Princesa Mais lágrimas para chorar é o retorno de Sultana, nobre saudita que se esconde atrás de um pseudônimo para relatar a condição precária das mulheres de seu país. Apesar de terem conquistando o acesso à educação e de estarem se integrando ao mercado de trabalho, as mulheres sauditas ainda são oprimidas por rigorosas instituições familiares, religiosas e sociais. Engajada na luta pela emancipação feminina, Sultana retrata, a partir de uma perspectiva privilegiada, os abusos físicos e psicológicos aos quais suas compatriotas ainda são submetidas diariamente. Além de comovente, esse livro é um manifesto em prol de direitos e igualdades para a mulher árabe.
Resenha

Quão infeliz é a mulher que nunca conheceu a liberdade? – página 164

Sultana Al-Saud sempre lutou para ajudar meninas e mulheres que sofriam abuso físico e psicológico na Arábia Saudita, seu país de origem, mas as leis são rígidas quando se trata de proteger as mulheres de seus maridos, pais e irmãos. Na Arábia, o homem tem o direito de matar sua esposa se lhe convém, mas a mulher é decapitada se resolver se livrar de seu marido.

Filha caçula de uma família real extensa, Sultana sempre foi a favorita da mãe, mas seu pai sempre dera total atenção ao único filho: Ali, que ganhava tudo o que desejava pelo simples fato de ser um homem. Desde pequena, Sultana era obrigada a ceder aos caprichos do irmão, mas isso nunca a abalou. Revoltada com a situação feminina em seu país, ela junta-se a uma médica e a outras mulheres, inclusive sua filha mais nova, Amani, para tentar salvar vítimas de abusos que precisavam de ajuda. Mas nem sempre tais tentativas obtém sucesso.
 Meus parentes começaram a aplaudir e a se animar, pois haviam visto algo que nenhum de nós jamais sonhara possível. Meu pai dera sua atenção total e admiração franca para uma menina. – página 73

Na Arábia, a lei não interfere no que acontece dentro de uma casa, ou seja, se a mulher é espancada e a vizinhança toda sabe disso, ninguém faz nada, pois o ambiente familiar é privado. Sendo assim, Sultana não podia simplesmente tirar mulheres de suas casas abusivas como desejava, ela não podia simplesmente estalar os dedos e fazer tais leis desaparecerem (a política religiosa do país fala mais alto que os direitos humanos), e, o pior, não podia salvar a todas.

Neste livro (o quarto da série, mas não há problema em lê-lo sem ter lido os anteriores), a princesa Sultana conta os motivos pelos quais ainda tem lágrimas para chorar. A situação feminina na Arábia deu uma melhorada de alguns anos para cá; algumas mulheres conseguiram ocupar cargos altos na política e na defesa feminina, várias meninas vão para a escola, muitas se formam e vão para a universidade, os crimes contra as mulheres estão sendo punidos... Mas não é o suficiente. Não se mulheres ainda são proibidas de dirigir, de andar sem o véu, de opinar, de recusar um casamento, de pedir o divórcio, de ter uma voz, de ter suas intimidades intocadas, de não serem maltratadas.

A repressão sofrida pelas mulheres sauditas é inacreditável, eu sentia como se estivesse lendo um livro sobre a Idade Média, porque simplesmente não podia crer que, em pleno século XXI, alguém ainda poderia ser executada por “praticar bruxaria”. Bruxaria essa era olhar para outra mulher e elogiar sua beleza. Não podia acreditar que um pai poderia estuprar, torturar e matar sua filha de 5 anos e ser defendido pelos clérigos, recebendo uma pena tão pequena por seu crime com a desculpa de que “ele era o tutor da menina, sendo assim, poderia fazer o que quisesse com ela”.

Se eu não tiver liberdade para salvar uma única vida, então, viver não significa nada para mim. – página 169

É difícil imaginar que milhões de mulheres vivem em condições tão abusivas quanto às que Sultana nos apresenta neste livro, mas sei que muitas têm vidas piores. Até mesmo a vida da princesa é difícil, ela não foge dos costumes e das regras que são impostas em seu país; Sultana também tem um tutor, alguém que cuida de seu dinheiro, de seus bens; ela não pode andar sozinha na rua, não pode deixar de usar o véu e, em certas ocasiões, o traje preto completo. Sultana também é oprimida, também sofre com o machismo que acomete seu povo desde o nascimento de um bebê (alegria quando é menino, tristeza quando menina), e luta com tudo o que pode para mudar essa situação.

Este foi um dos livros mais cheios de sentimento que eu já li na vida, é impossível não sentir a dor dessas mulheres ao virar as páginas, e, mesmo quando há um final feliz, ainda assim, a história continua sendo triste, porque certas cicatrizes nunca vão embora. A autora, Jean Sasson, é uma grande amiga da princesa Sultana, e escreveu este livro em conjunto com ela, e, mesmo colocando sua segurança e vida em risco, a princesa Sultana se sentiu no dever de compartilhar sua história e de seu povo. 

Princesa – mais lágrimas para chorar me trouxe muitos sentimentos, e o mais forte deles foi a revolta. Revolta por ver que as mulheres ainda são tratadas como inferiores não só no Oriente, mas no Ocidente também (por motivos que eu ainda não entendo e nunca entenderei); revolta por ver que muitas mulheres acreditam que este é o melhor e único jeito de viver que existe, que devem sim ser submissas e fazerem o possível e o impossível para satisfazerem seus maridos; revolta por saber que, não importa se morrem uma ou mil mulheres por dia, vítimas de violência física e sexual, as coisas continuarão iguais, pois a opressão é muito grande, e nada pode ser mudado até que todos se voltem para o que está acontecendo, e façam algo a respeito, juntos.

Este é um livro triste, revoltante e muito pesado, apesar de ter alguns momentos divertidos (como quando a princesa relata o nascimento de sua filha mais velha). As histórias deixam o leitor com um aperto no coração, desejoso que tudo seja ficção, mas, infelizmente, não é. As histórias são reais, assim com o sofrimento de todas as mulheres que foram retratadas e apresentadas em Princesa.

A única coisa negativa do livro é a revisão, encontrei vários erros, tanto nos nomes dos personagens (depois de um tempo você aprende o nome de cada um) quanto em concordância, mas isso não atrapalha muito a leitura, só incomoda, né?
Mas, tirando isso, o livro é incrível, e, mais uma vez, triste. Eu não sei bem para quem recomendar este livro, muitas pessoas podem não ter coragem de lê-lo por conta de seu conteúdo, mas acreditem em mim quando digo que vale muito a pena.


25 comentários

  1. Olá Dryh
    Essa é a primeira resenha que leio desse livro e achei seus comentários muito interessantes. É bem como você comentou: é difícil imaginar a situação de Sultana, mas a realidade pode mesmo se mostrar bem mais cruel, infelizmente. É uma pena saber sobre as revisões, é preciso realmente se ater a isso, pois é um ponto bem negativo para com o leitor.

    Beijos, Fer
    www.segredosemlivros.com

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  2. Amiga olha eu tenho esse livro.
    Meu pai comprou pra mim no litoral quando estava na NOBEL e a capa me chamou atenção. Comecei a ler e parei no capitulo sobre o pai da princesa. Achei lindo até então, mas depois acabei parando por conta de outras leituras. Isso que dá ler vários ao mesmo tempo rs, mas espero poder continuar a leitura e terminar de lê-lo. Estava gostando muito da história da Princesa e tu ficou sabendo que tem outros livros dela? Eu não sabia, mas ainda bem que são independentes. Espero gostar muito da obra e principalmente o que me chamou atenção foi saber sobre os costumes deles lá. Menina tu viu que a guarda das filhas ficam com os homens, no caso pais e até irmãos? Eu fiquei tipo O.o Mas achei bem interessante, sério, quero ainda ler o resto pra ver o que mais aprendo dessa religião.

    https://lovereadmybooks.blogspot.com.br/

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  3. Nossa, que livro fascinante! Eu não o conhecia e nem sabia da existência dessa série, olha que esse já é o quarto volume :O
    Eu achei a história muito emocionante e já me imagino chorando em vários momentos, deve ser muito sofrimento e ver que a lei não ajuda é frustante. Eu adorei conhecer essa obra aqui no seu blog e mesmo com esses erros que você mencionou, acho que não atrapalhariam a leitura.

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  4. A capa do livro já nos transporta para as descrições que você fez sobre ele. de cara, imaginei que seria um livro abordando a condição da mulher em uma região intolerante. Acho que ficarei bem revoltada quando vier a ler. Que chato essa coisa dos erros de revisão. espero que em uma nova edição, isso seja corrigido.
    MEU AMOR PELOS LIVROS
    Beijos

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  5. Oi, tudo bem?
    Só pela capa do livro eu já consegui imaginar do que se tratava, depois de ler a sua resenha já posso dizer que adorei e preciso ler esse livro. Esses temas de religião e intolerância chamam muito a minha atenção!

    https://desencaixados.blogspot.com.br/

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  6. Oie...
    Que resenha maravilhosa!
    Eu adoro ler livros que se passam em culturas diferentes, porém, da cultura árabe costuma sempre me revoltar bastante, pois, as mulheres são tratadas como um lixo, e o pior é que apesar da história em si ser uma ficção sabemos que a realidade das mulheres de lá é exatamente assim, e isso, dá um aperto no coração terrível.
    Adorei a premissa do livro, mas, quero poupar minhas lágrimas portanto não lerei.
    Bjo

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  7. Meu Deus que livro chocante esse. Eu ainda não conhecia a série mas com certeza vou querer ler não só esse como todos os outros. Sei que cai ser uma leitura intensa e com uma carga emocional muito forte mas vai ser bom sair um pouco da zona xo conforto e saber como algumas mulheres vivem de forma tão horrível por uma cultura tão distorcida como a da Arábia Saudita!
    :(

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  8. Dry!!

    Nossa, que enredo pesado! Fiquei chocada com as informações que você reuniu para essa resenha! Acho que as vezes é bom sair da mesmice para ler algo tão incrível e real.
    Eu não conhecia o livro, não sabia da sua existência e gostei bastante do que foi falado aqui. Acho que é uma história pesada mas que é importante para aprender mais e entender o q acontece por lá.

    Beijinhos

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  9. Oiii Dry
    nossa que pesado, totalmente pesado e como você disse revoltante, as mulheres ainda serem tratadas desse modo, isso nos faz repensar muito e é realmente desgastante, vemos nossas lutas e lutamos, lutamos e consquistamos tão pouco, as vezes quase nada, ainda mais em paises como esse, em que a religião e os costumes são mais fortes... gostei da sua resenha e é uma pena que eu livro assim contenha tantos erros, mas isso pode ser ignorado pelo envolver da estoria...
    Beijocas...
    https://westfalllivros.blogspot.com

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  10. Olá, você... Sou obrigado a anotar essa dica. Só de ler a resenha já me veio as angustias, a dor, o medo e o desejo de ajudar... Amo livros que me proporcionam tais emoções. Esse livro, de acordo com seu parecer, me remete ao livro Cidade de Sol, O caçador de pipas. Muito me interessa os livros que trazem como pano fundo uma outra cultura, pois além do prazer da leitura temos conhecimento, aprendizado, ampliando nosso campo de visão. Parabéns pela escolha do título e obrigado por compartilhar. Abraços.


    www.livroselegendas.com

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  11. Ola!

    Nossa, meu primeiro comentário vai para capa. Que linda!
    Agora, um livro retratando uma cultura tão diferente da que estamos acostumados, nunca tinha visto.

    Parece bastante curiosa a leitura.

    Obrigada pela dica!

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  12. Oi, tudo bem?

    Bom, quando fui lendo sua resenha e percebi que o livro era baseado em fatos reais quase tive um troço, não acredito que mulheres ainda são tratadas como 'nada', como assim? NÃO CONSIGO ACREDITAR! Sinceramente, não sei se conseguiria lê uma obra assim, acho que a maior parte do tempo eu ficaria xingando, e ficaria muito revoltada (na verdade, só de lê a sua resenha, estou revoltada), mas acho que a obra nos apresenta uma cultura diferente com costumes diferentes, mesmo que eu não concorde com o tratamento que as mulheres recebem em um lugar assim. Sempre soube que lá as mulheres eram submissa aos homens, mas nunca pesquisei pra saber a profundidade disso, e fico muito revoltada em saber o quanto elas são maltratadas. A obra parece ser muito interessante, mas como disse, não sei se conseguiria lê. E é uma pena que tenha tatos erros de revisão.

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  13. Olá!
    Menina, amei sua resenha. Você conseguiu descrever perfeitamente toda essa revolta e ódio que você sentiu ao ler o livro. Eu fico imaginando a vida dessa meninas, sem poderem escolher nada e me dá um aperto imenso no coração, desejando que eu fosse capaz de fazer alguma coisa para ajudá-las. A obra com certeza nos dá uma perspectiva melhor dessa situação, quero muito ler.
    Beijos.
    http://arsenaldeideiasblog.wordpress.com/

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  14. Oii, tudo bem?
    Eu um livro esses dias que se passava no Irã, e fiquei chocada com a tamanha censura que as mulheres sofriam lá. Mas tenho certeza de que o que eu li, não vai chegar aos pés do que vou encontrar nessa historia. Eu fiquei super comovida com a sua resenha, e já me senti comprando o livro e sofrendo junto com a protagonista as injustiças que as mulheres sofrem.

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  15. Que história triste deve ser mesmo, já me deu um aperto no coração. Eu acho que essa é uma daquelas leituras obrigatórias, né? Que horror tudo o que acontece e não se pode fazer nada, é muito revoltante ver que alguns lugares têm esse tipo de pensamento e atitudes ainda...
    Vou querer conferir a obra, com certeza.
    beijos
    www.apenasumvicio.com

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  16. Oi, Dryh

    Nossa, só de ler a resenha já fiquei revoltada, imagina lendo o livro então?
    O enredo me entristece muito, fiquei aqui me colocando no lugar dessas mulheres que não podem fazer nada e nós, que teoricamente podemos tudo, muitas vezes nem damos valor.
    E aquelas que não concordam com esse sistema opressor perdem suas vidas...onde vamos parar?

    Beijos

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  17. Oi!
    Confesso que fiquei com o coração na mão só de ver a sua resenha.
    É muito triste pensar que as mulheres sofram tanto nesse país, e principalmente que ninguém faça nada, pois a religião é a base da vida deles, e eles não são punidos por isso.
    Por isso que eu digo que muitos dos problemas do mundo começam com a religião, seja ela qual for, quando ela é extrema demais pode ter certeza que vai dar merda.

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  18. Oie!
    Eu não sabia que o livro fazia parte de uma série, assim como esse ser o quarto volume. Eu ainda não conheço a narrativa da autora, mas já imagino que vou sofrer muito com cada um dos relatos. Uma ótima dica, na qual vou procurar também sobre os livros anteriores.
    Bjks!
    Histórias sem Fim

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  19. Que trama interessante, nunca li nada que se passasse nesse local, e fico curiosa para saber mais sobre essa mulher que salvava outros de abusos, que é um excelente gesto, e também conhecer um pouco da cultura desse povo e suas leis, acho que sera um livro pesado mas com uma escrita que envolve e situa bem o leitor, lerei o livro, gosto de obras que deixem o leitor indignada com a realidade

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  20. Oi, tudo bom?

    Ainda não conhecia esse livro (serie), com certeza é bem triste saber que essa é - infelizmente - uma realidade em alguns lugares. Como você falou, talvez eu não lesse esse livro, mas por não ser muito meu estilo.

    Abs,

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  21. Oi Dryh, tudo bem?
    Eu não conhecia o livro ainda e devo dizer que me interessei muito nele, ainda mais por se tratar de histórias reais, mesmo sendo tristes. Achei a premissa bem bacana e comovente, com toda certeza está na minha lista para ler esse ano ainda. Parabéns pela resenha!

    Beijos

    http://www.oteoremadaleitura.com/

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  22. Olá Dryh,
    Gosto muito de livros assim que falam sobre personagens que gostam de defender o outro e estão sempre em busca de se ajudar. Achei a Sultana uma personagem incrível e marcante. Também percebi que o livro é cheio de sentimentos e achei legal você ter dito que é o livro com mais sentimentos que você já leu.
    É uma pena que a revisão não esteja boa, isso faz a leitura ficar um pouco cansativa.
    Apesar disso, anotei a dica de leitura.
    Beijos,
    Um Oceano de Histórias

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  23. Quando comecei a ler a sinopse, meu veio na mente: tenho que ler. Adoro temas como esse e tenho certeza que o livro me acrescentaria. Agora a questão da revisão nao ser boa, é meio vergonhoso pra editora, não é? Mas, ainda assim, leria.

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  24. Não conhecia o livro, mas adorei a premissa dele, adoro livros com essa temática, a capa está lindíssima, uma pena a revisão não estar boa. Mas nem por isso deixaria de ler! Adorei sua resenha, quero conhecer o livro, vou adicionar a lista de próximas leituras!
    Beijos!

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