Garotas de vidro

Oie pessoas ^^

Trouxe mais uma resenha, desta vez do livro Garotas de Vidro, publicado pela Novo Conceito.

Titulo: Garotas de vidro

Autor: Laurie Halse Anderson

Editora: Novo Conceito

Páginas: 340

Edição: E-book

Sinopse: Lia está doente e sua obsessão pela magreza a deixa cada vez mais confusa entre a realidade e a mentira. Mas ela perde totalmente o controle quando recebe a notícia de que sua melhor amiga, Cassie, morreu sozinha em um quarto de motel. E o pior: Cassie ligou para Lia 33 vezes antes de morrer. O que começou como uma aposta entre duas amigas para ver quem ficaria mais magra tornou-se o maior pesadelo de duas adolescentes reféns de seus próprios corpos. Ao negar seu problema, Lia impõe a si mesma um regime cruel em que contar calorias não é o bastante. Ao omitir seu desespero, apela ao autoflagelo numa tentativa premeditada de aliviar seus tormentos. Seus pais e sua madrasta tentam ajudá-la a qualquer custo, mas nem mesmo sua doce irmã, Emma, consegue fazer com que Lia pare de se destruir. Agora, Lia precisa encontrar um modo de lidar com todos os seus fantasmas, e a morte de Cassie é um deles.

Resenha

“Não é legal quando garotas morrem”

Lia seria só mais uma garota comum com pais separados e uma madrasta e irmã legais, não fosse o fato de sofrer com distúrbios alimentares há anos, e ter uma melhor amiga recentemente encontrada morta num quarto de motel.

Quando mais novas, ela e Cassie fizeram uma aposta para ver quem seria a mais magra, desde então, Lia conta calorias e tenta não comer enquanto Cassie come como se não houvesse o amanhã e enfia o dedo na garganta.

“Porque eu não posso deixar-me querê-los porque eu não preciso de um muffin (410), eu não quero uma laranja (75) ou torradas (87), e waffles (180) me fazem vomitar.”

Ela e Cassie eram melhores amigas desde sempre, até uma briga após um acidente de carro causado por Lisa e sua fome/cansaço/falta de atenção/etc, e então Cassie passou a fingir que Lia não existia. Mas, mesmo não se falando mais, as duas continuavam tentando emagrecer a todo custo, e a aposta continuava em pé.

“Eu gostaria de ter câncer.Eu queimarei no inferno por isso, mas é verdade.” – página 35

Lia é nossa narradora, e apesar de narrar com precisão, é uma garota confusa com pensamentos perdidos e estranhos. Ela tem alucinações e aonde quer que vá, encontra Cassie, sente seu cheiro e presença. Lia não apenas é anêmica, mas também se auto-mutila, não cortes pequenos, mas buracos abertos dignos de pontos e internações.

Saber que Cassie ligou para ela 33 vezes na noite em que morreu, deixou Lia ainda pior. Ela já tinha uma auto-estima baixíssima e ficava se culpando por sua aparência, mas ser a possível culpada pela morte de sua ex-melhor amiga era ainda pior que ser a culpada por comer um bolinho.

Cassie tinha um temperamento muito forte, irritava-se com facilidade e não deixava Lia entrar em sua vida completamente, mas ainda assim elas eram melhores amigas, sabe se lá como. Não tive tempo de me acostumar com Cassie, mesmo ela sendo um fantasma na vida de Lia, dizendo o que ela deveria fazer e por quê, mas tive tempo de odiá-la pelos mesmos motivos.

A relação de Lia com a família é ainda pior do que se imagina nas primeiras páginas. Ela não gosta da mãe, que é a médica cardiologista que a internou duas vezes por conta de seu distúrbio, e o pai mal presta atenção nela. Jennifer, sua madrasta, vive dizendo o que ela precisa fazer e contando seu peso semanalmente, para ter certeza de que Lia não está declinando novamente. A única de quem ela realmente gosta é Emma, sua irmãzinha por parte de pai.

Gostei de Lia, afinal de contas. A força com que ela enfrentava seus problemas, mesmo caindo na tentação de não comer me surpreendeu bastante. Ela é só mais uma garota passando por problemas e recebendo o tipo de atenção que ninguém quer: pena e ódio. A única coisa que não gostei nela, foi o fato de deixar seus pais tomarem decisões por ela; Lia tinha dezoito anos, podia muito bem sair de casa (das casas) caso não estivesse confortável, mas continuava deixando eles tomarem conta da vida dela.

“Estou faminta. Preciso comer.

Eu odeio comer.

Eu preciso comer.

Eu odeio comer.”

A escrita da autora é um pouco confusa por conta dos pensamentos desordenados da personagem, mas é uma escrita leve e flui rapidamente, mesmo tratando de um assunto bem delicado. Os personagens são bacanas, mas não consegui gostar de ninguém além de Lia e Elijah, rapaz que encontrou o corpo de Cassie e que torna-se amigo da protagonista.

Por mais que tenha gostado da história, senti que faltou alguma coisa para deixá-la ainda melhor, o final poderia ter dois desfechos, e a autora optou pelo mais óbvio, e isso deixou o livro mais fraco.

MilkMilks

Dryh Meira