Precisamos falar sobre o Kevin

Oie pessoas, tudo bem com vocês?

O post do Cinco coisas sai mais tarde, estou procurando inspiração para fazê-lo...rsrs'
Precisamos falar sobre o Kevin foi minha terceira leitura para a Maratona Sou Doideira II, e acho que nunca sofri tanto para fazer uma resenha e encontrar uma música para o livro *-*


Titulo: Precisamos falar sobre o Kevin
Autora: Lionel Shriver
Editora: Intrínseca
Páginas: 464
Edição: 2
Lançamento: 2012

Sinopse: Lionel Shriver realiza uma espécie de genealogia do assassínio ao criar na ficção uma chacina similar a tantas provocadas por jovens em escolas americanas. Aos 15 anos, o personagem Kevin mata 11 pessoas, entre colegas no colégio e familiares. Enquanto ele cumpre pena, a mãe Eva amarga a monstruosidade do filho. Entre culpa e solidão, ela apenas sobrevive. A vida normal se esvai no escândalo, no pagamento dos advogados, nos olhares sociais tortos.


Resenha
“Só porque você se acostuma com uma coisa não quer dizer que você gosta.” – página 258
Quando peguei o livro pela primeira vez, não imaginava que encontraria uma história tão completa e tensa, capaz de me deixar com ambos os olhos presos nas palavras descritivas da autora, nem mesmo que teria uma relação de amor/ódio com todos os personagens, principalmente com os protagonistas.

É a terceira vez que tento ler Precisamos falar sobre o Kevin, nas outras duas, empaquei nas primeiras páginas e passei para outras leituras, deixando Kevin e sua história de lado, para lê-la somente agora. Já tinha visto a adaptação cinematográfica desse livro antes, e foi um dos motivos que me levaram caçar o menor preço por ele na internet, e quando o encontrei, comprei sem pensar duas vezes.

Ver um livro que trata de um assunto delicado e assustador como este me deixou curiosa, nunca tinha lido nada parecido antes, e queria ver se a autora conseguiria criar um personagem que parecesse tão real quanto a sinopse e a capa deixam transparecer. Lionel não poderia ter me surpreendido mais, já faz alguns dias que terminei o livro, mas continuo intrigada.
“Nós estamos criando nosso filho para saber o que é certo e o que é errado. Talvez pareça injusto, mas a gente no fim tem que se perguntar sobre os pais.”
Eva viaja pelo mundo como alguém troca de meias, ela ama conhecer novos lugares e este é o seu trabalho, porém, se vê obrigada a deixá-lo de lado quando engravida de Kevin, decisão tomada tanto por ela quanto por Franklin, seu marido. Mas, Eva não ficou muito feliz quando seu primogênito nasceu, ele já parecia odiá-la, recusava seu leite e berrava o dia todo quando ela estava por perto e o pai não. A relação mãe-filho só foi piorando com o passar dos anos, por ambas as partes.

Kevin se tornou um garoto muito inteligente, mas escondia sua sabedoria atrás de olhares e sorrisos zombateiros, fazia de tudo para irritar sua mãe, que com um pavio curto, saia do sério bem rápido; e ridicularizar seu pai, fingindo gostar dos passatempos planejados por ele, que sempre defendeu o garoto, mesmo quando sabia que Kevin estava errado. Como quando Kevin espantava todas as babás, gritando, quebrando coisas e puxando cabelos; ou quando jogou pedras em carros numa avenida, ou até mesmo quando cometeu genocídio em sua escola, no ensino médio, com 15 anos.

A narração é feita em primeira pessoa por Eva, que, com saudades do marido, escreve cartas praticamente todos os dias após o ocorrido. Nelas, ela desabafa e relembra os momentos mais importantes e assustadores de sua vida, desde o nascimento doloroso de Kevin até as visitas ao presídio juvenil onde ele está. Eva é uma narradora tão cansativa, que quase larguei o livro algumas vezes, só continuava a leitura porque no momento mais tedioso, a narradora contava um novo fato a respeito de Kevin, seja do passado ou presente. Eva acrescenta detalhes inúteis na narração, e alguns deles acabam ocupando duas ou três paginas. Eva é uma personagem tediosa, tinha um pavio curto demais com o filho, e ficava o tempo todo se perguntando se as escolhas de Kevin foram por causa dela e seu ódio pelo filho mais velho, e eu realmente acredito que ela teve alguma coisa a ver com isso. Quando grávida, Eva tinha pensamentos ruins sobre o filho que nasceria, e isso pode ter resultado no caráter do garoto. Com exceção das duas semanas em que o filho ficou doente e pareceu “normal”, Eva nunca sentiu afeto por Kevin.
“Uma vez na vida, eu me reconhecera como a mãe dele. De modo que talvez, enquanto voava atônito feito Peter Pan, Kevin também tenha se reconhecido como meu filho.” – página 238
Franklin é o tipo pai babão, passa a mão na cabeça do filho o tempo todo, duvida da sanidade da mulher, que acusa o garoto o tempo todo, e como passa o dia todo fora, perde grande parte da guerra entre Eva e Kevin. Nas cartas é possível perceber que Eva amava muito o marido, e que sente muita falta dele.
De orelha em pé, alguma coisa dentro de mim, a noite toda, todas as noites, espera você voltar para casa.” – página 61
O livro é bem cansativo no inicio, mas logo Eva nos apresenta Kevin e fatos da vida dele, a parte mais interessante do livro. Não encontrei romance algum na história, pelo contrário, é um livro de drama e se torna uma leitura desconfortável em certos momentos, mas um desconfortável que te faz querer terminar logo para ver o que acontece.

A forma que a autora aborda o relacionamento entre mãe e filho (Eva e Kevin) é surpreendente. Todos os conflitos, indiferenças e o rancor que Eva sente o tempo todo, (deixando transparecer que se voltasse no tempo, impediria o nascimento do filho) foram tão bem escritos, que pode muito bem ser uma história verdadeira. Lionel fala bastante sobre os massacres e genocídios que acontecem nos Estados Unidos todos os anos, e o numero não passa nem perto do que chegamos a ver na TV.

Fiquei me perguntando o tempo todo se Eva era a culpada pelo comportamento de Kevin, ou se a culpa também se aplicava a Franklin. Não cheguei a conclusão nenhuma, mas acredito que todos os acontecimentos, desde antes do nascimento de Kevin, foram responsáveis por suas ações, principalmente o nascimento de Celia, que teve toda a atenção e amor de Eva, coisa que Kevin nunca pode desfrutar. 

“Mas, por baixo dos níveis de fúria, espantei-me, quando descobri, havia um tapete de desespero. Ele não era louco. Era triste.” – página 279

Este foi o terceiro lido na Maratona Sou Doideira II, e a música escolhida é “The Devil Within”, da banda Digital Daggers.


MilkMilks
Dryh Meira

22 comentários

  1. Não conhecia esse livro, mas achei muito interessante. Fiquei pensando no que leva um jovem a cometer um genocídio. Gostaria de ler.

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    1. infelizmente ninguém parece ter uma resposta para uma coisa dessas *-*

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  2. Já tinha ouvido falar deste livro, mas ainda não conhecia o enredo. Achei muito interessante, nunca li nada que abordasse esse assunto e fiquei curiosa para conhecer a estória do ponto de vista da mãe do autor dos crimes. Parece ser um assunto bem delicado e tenso mesmo, mas que faz o leitor refletir. Adicionarei á minha lista. Ótima resenha!
    beijos ♥
    nuclear--story.blogspot.com.br

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    1. obrigada Dani ^^ é um livro bem complexo e forte, mas espero que você goste :)

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  3. Oi!
    Já li esse livro mas não consegui assisti ao filme ainda. Mas a história é muito boa, com suspense e cheia de acontecimentos. No meio do livro tu vai pensar "Caramba, como ele consegui fazer tudo isso?". Pois é, o livro é muito bom.

    beijos.

    http://mundo-restrito.blogspot.com.br

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    1. eu fiquei o tempo todo pensando nisso, inclusive depois que o livro acabou.

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  4. Adorei a resenha!
    Já faz tempo que tenho vontade de ler o livro, porém ainda não consegui. No momento só vi o filme ainda, que achei ser uma ótima produção.

    http://maio97.blogspot.com.br/

    Beijos.

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    1. obrigada Juh ^^ fizeram realmente um ótimo trabalho com a adaptação :)

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  5. Oiiii =DD
    Nossa eu tive a mesma duvida que você, se realmente a culpa era da Eva ou se o Kevin sempre teve isso com ele.
    Uma coisa que em incomodava também é que nunca dava pra entender se ela via o Kevin era o bebe monstrinho que a Eva contava ou se ela estava em uma grave depressão pós parto!
    Eu sei que eu adorei esse livro e adorei o filme também!
    Fiquei pensando no Kevin muito tempo depois que terminei de ler e nossa essa capa é de mais!
    Parece que ela fica te encarando!
    Ameei a resenha *-*
    E bora pro próximo livro que é nois \O/
    Bjoos
    http://chacombolacha.blogspot.com.br/

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    1. não sei a quem culpar, mas os pensamentos que Eva tinha antes do filho nascer eram bem raivosos *-* não sei se é possível passar esse tipo de negatividade ao bebê.
      kkkkk' parece mesmo *-*

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  6. É verdade que já vi o livro muitas vezes pela blogosfera, mas nunca li sequer uma resenha sobre ele.
    Acredito que o autor fez muito bem em escolher um tema como esse para abordar em livro, fazendo com que os personagens pudessem ser eu, você ou alguém próximo. É uma verdade terrível, mas que, infelizmente, precisa ser exposta.
    Bom, acho que se o livro fosse narrado por um narrador-observador poderíamos ter uma noção melhor da situação, ou de como Kevin se sentia em relação a mãe. Porém, talvez nem mesmo o autor possa ter uma ideia da situação ou motivos dos jovens americanos estarem fazendo tal coisa, ou melhor, ninguém realmente sabe os motivos. Os motivos e situações pode ser totalmente distintas de um jovem para outro.
    Ao ler sua resenha, também senti que talvez o problema de Kevin fosse a tristeza e as brigas constantes com mãe.
    Contudo, só lendo para saber. Gostei da sua resenha e dos quotes selecionados.

    Beijos,
    Gabriella Suzart
    http://mbgsuzart1.blogspot.com.br/

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    1. ter o ponto de vista de Kevin no livro seria ótimo, sem contar que poderíamos saber os motivos que o levaram a fazer o que fez, uma pena que a autora não pensou nisso :/
      Infelizmente nem lendo a gente consegue saber os motivos *-*

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  7. Oie, tudo bom?
    Esse livro tem uma premissa mega pesada e minha amiga leu e recomendou muito. Não sei se tenho estômago para esse tipo de livro, mas talvez eu leia um dia. Acredito que a história nos leve a pensar sobre a mente humana.
    Beijos!
    http://livrosyviagens.blogspot.com.br/

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    1. é bem forte mesmo, enrolei bastante para lê-lo justamente por isso. Espero que você consiga gostar dele, Aline :)

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  8. Eu tenho medo da capa deste livro, a premissa pesada é o que me anima ler livros assim, sou meio que do contra ahuahhuahuauhauh
    Adorei a resenha

    http://penelopeetelemaco.blogspot.com.br/

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  9. Oi Dryh, tudo bem?
    Achei a história muito pesada, não se o que pensar sobre o comportamento dele, acho que iria chorar sem parar se conhecesse alguém assim, imagine sendo seu próprio filho???!!!! Mas acho que tudo se cura com amor, talvez, se ela tivesse dado amor a ele, talvez..... pelo menos eu tentaria até o fim.
    Não me sentiria bem lendo esse livro, mas gostei muito da resenha.
    beijinhos.
    cila-leitora voraz
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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    1. acho que a pior coisa que pode acontecer com um ser humano é ter uma doença incurável ou conhecer alguém doente assim, e eu também acho que um pouco de amor e carinho poderia ter mudado a situação, mas Eva odiava o filho *-*

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  10. Oi Dryh, tudo bem?

    Eu adoro um bom drama, mas geralmente o prefiro relacionado com romance. Ainda assim, acho a trama dessa história incrivelmente dolorosa e real. Existem muitos pais e filhos com relações assim, confusas e completas de dor e tristeza. Uma pena a narrativa de Eva ser tão chata, acho que isso afasta um pouco os leitores né?

    Beijos,

    Pah - Livros & Fuxicos

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  11. é um livro bem forte, então não é todo mundo que gosta :/ espero que você curta a leitura, Mayla ^^

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  12. Não sei o que dizer sobre esse livro... ainda não li, mas achei que a sinopse seja um pouco pesada... não me atraiu muito não

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Oiê! Muito obrigada por passar por aqui, deixe um recadinho com o link do seu blog e a gente dá uma passadinha lá mais tarde :)

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