Quando as pombas desapareceram

Título: Quando as pombas desapareceram
Autora: Sofi Oksanen
Editora: Record (cortesia do Grupo Editorial Record)
Páginas: 350
Edição: 1
Lançamento: 2016

Sinopse: Neste novo romance, a escritora finlandesa, autora dos premiados “Expurgo” e “As vacas de Stalin” fala sobre os diversos lados da guerra. Em 1941, os primos Roland e Edgar lutam contra a violenta ocupação soviética na Estônia, e Juudit, a jovem esposa de Edgar, se vê entre os dois lados do combate, assistindo, desconcertada, ao júbilo da população com a chegada do Exército nazista. Enquanto ela duvida das intenções dos alemães e do futuro do próprio casamento, Roland luta pela independência do país e pelo povo estoniano.E Edgar se mostra bastante adaptável, sempre disposto a esconder o passado para ficar do lado vitorioso.
Resenha

No ano de 1940, a Estônia foi invadida pelos soviéticos, forçando sua população a lutar contra a violenta ocupação, aliando-se às forças alemãs, consideradas heroínas na época, para expulsá-los. Quando tal expulsão finalmente aconteceu, as intenções alemãs começaram a trazer dúvidas, de forma que muitos se voltaram contra a ocupação, que durou até meados de 1944, quando a União Soviética finalmente os expulsou, o que ajudou na derrota alemã na Segunda Guerra Mundial. Depois disso, novamente, a Estônia foi ocupada pelos soviéticos.

Tendo isso como base, é possível entender a história. No ano de 1941, os primos Roland e Edgar estão lutando contra o Exército Vermelho da URSS num grupo chamado Irmãos da Floresta, que tinha como objetivo a libertação da Estônia. Mas, tirando isso e o fato de serem quase irmãos (a mãe de Roland sempre tratou Edgar como seu filho mais novo preferido), eles não tinham mais nada em comum. Roland realmente se importava e lutava pela libertação de seu país com todas as suas forças, enquanto Edgar parecia mais aterrorizado do que qualquer outra coisa.

Tínhamos uma missão: enfraquecer o Exército Vermelho que ocupava a Estônia. – página 14

Roland mal via a hora de finalmente voltar para casa e ver sua amada Rosalie, mas ambos sabiam que aquilo era pouco provável de acontecer, pois a guerra estava longe de acabar. Rosalie era prima de Juudit, a esposa de Edgar, mas, ao contrário do primo, ele não amava a mulher, então não parecia animado para voltar para casa, assim como ela não desejava que ele voltasse.

O livro não segue uma ordem cronológica, mas é dividido em seis partes (além do prólogo e epílogo), e cada uma delas nos apresenta acontecimentos de alguma década (décadas de 40 e 60), mas, novamente, não em ordem cronológica, o que me deixou confusa algumas vezes. A autora narra as partes de Juudit e Edgar em terceira pessoa, enquanto a de Roland aparece em primeira.

Logo, todos os homens no meu país vestiriam apenas o uniforme do Exército estoniano, de mais ninguém, não daqueles conquistadores estrangeiros nem dos aliados, apenas o nosso próprio uniforme. Era isto que buscávamos: recuperar nosso país. – página 11

Enquanto Roland luta o livro todo pela liberdade dos oprimidos, seja ajudando pessoas a fugirem do país ou simplesmente lutando, Edgar adquire uma nova identidade e toma partido dos nazistas, fazendo o possível para ser reconhecido e promovido como ele acreditava que merecia, e, além disso, abandona Juudit, que nem mesmo sabia se o marido estava vivo ou não. Acontece que ela acaba se envolvendo com os planos de Roland e se envolve tanto com os alemães quanto Edgar, que não sabia o que tinha acontecido com Roland, mostrando-se temeroso em relação ao primo.

Como eu adoro livros históricos, bati os olhos em Quando as pombas desapareceram e fiquei imediatamente curiosa, colocando o livro acima dos outros na listinha de não lidos. Acontece que eu não havia gostado muito do início, então o deixei de lado e fui ler outras coisas, e a leitura acabou ficando para 2017. Voltando a lê-lo, me senti fisgada pelo início, que se passava durante 1941 e 1943, mas, infelizmente, a leitura não foi tão ágil quanto no início.

Acontece que eu já tinha escolhido o meu personagem favorito (Roland), mas o protagonista mesmo, aquele que sempre aparecia e que tinha o maior destaque era Edgar (ódio eterno). Pensem numa pessoa que troca de lado a todo momento, ficando sempre contra quem tem mais chances de perder. Edgar apoiava a resistência contra os soviéticos, mas, depois que a Alemanha caiu, ele passou a escrever livros sobre as atrocidades cometidas pelos alemães, como se nunca tivesse sido parte daquilo. E, se isso já não é o suficiente, no final, a autora finalmente revela um mistério que cercava a obra desde o começo. Fiquei chocada, mas não surpresa.

Agora era o momento que esperávamos e para o qual havíamos nos preparados. Os alemães tinham ido embora e os russos estavam a caminho para conquistar nosso país. Mas não permitiríamos que eles entrassem. – página 263

Enfim, Quando as pombas desapareceram (título que faz sentido quando se lê o livro) foi interessante e me ensinou várias coisas que eu ainda não conhecia a respeito dos soviéticos e alemães, além dos estonianos. E algumas partes da história são ágeis, tensas e nos deixam com o coração na boca (como foi o caso do final do livro), temendo o pior...  Mas, grande parte é só maçante, e eu fiquei um pouco decepcionada, pois esperava bem mais. Não fosse pelo grande conteúdo histórico, o livro ficaria com apenas dois milkshakes.

Ele estava de cabeça erguida. O campo de batalha jamais combinara com ele. Aparentemente, isso combinava. – página 257


*

E, para quem tiver interesse em saber mais a respeito d'os Irmãos da Floresta, pode assistir ao filme Um ato de liberdade (link para o Adoro Cinema), adaptado do livro Defiance, da socióloga Nechama Tec, que narra a história de 1200 judeus que foram salvos dos nazistas por um grupo que ficava escondido numa floresta no oeste da Bielo-Rússia.

27 comentários

  1. Oie! Tudo bem? Já vi resenha desse livro em um outro blog, e mesmo lendo a sua resenha também não sei se o leria, não faz o meu tipo de gênero! Mas curti bastante o que você achou do livro!
    Bjss http://resenhasteen.blogspot.com.br/2017/01/meta-um-capitulo-por-dia.html

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  2. Nunca tinha ouvido falar do livro e fiquei curiosa quanto ao titulo fazer sentindo como você diz que faz e também sobre os ensinamentos que narrativa traz. Superinteressada em ler.
    MEU AMOR PELOS LIVROS
    Beijos

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  3. Oi, Dryh! Tudo bom?
    PRU PRU PRU, olha a pomba! Mesmo sendo um tanto monótono eu me interessei pela obra, gostei da capa e o enredo pretende ser bem bacana pelos seus comentários, e além do mais mostra vários ensinamentos para o leitor, achei legal isso! Bom, espero ler brevemente e eu adorei demais a sua escrita ~como sempre né meu amô~.

    Beijos,
    Lu | justificou.blogspot.com

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  4. Olá!! :)

    Eu não conhecia este livro e gostei de ler a resenha e saber se e uma boa ou ma leitura!! E fiquei bem triste que o livro te tenha dececionado assim tanto...

    Os factos históricos ajudam mas e uma pena que (se assim não fosse) teria 2* apenas... E mau mesmo quando e enfadonho..!

    Boas leituras!! ;)
    no-conforto-dos-livros.webnode.com

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  5. Olá Dryh,
    Não conhecia esse título, mas ele tem uma temática que me agrada muito e achei muito legal a obra ter agregado conhecimento com relação aos soviéticos e alemães. Estou me perguntando a relação do título com a obra e, com total certeza, é uma obra que em muito me agradará e uma leitura que faria.
    Achei legal o que Roland faz, ajudar os oprimidos é muito bom!
    Beijos,
    Um Oceano de Histórias

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  6. Ainda não conhecia o livro, mas diante da capa e da sinopse, já fiquei logo interessado. Realmente essa falta de ordem cronológica no enredo pode deixá-lo bem confuso se não for bem trabalhado. Os dramas de guerra sempre rendem boas estórias e personagens marcantes. Pretendo conferir. Ótima dica e resenha.

    *☆* Atraentemente *☆*

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  7. Olá! É bom quando um livro nos ensina coisas que ainda não conhecia. Que chato que grande parte é só maçante, mas que bom que o final é de deixar o coração na boca.Beijos'

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  8. Olá!
    Adoro histórias que se passam na segunda guerra mundial, ainda mais quando saem do foco: perseguição aos judeus/Alemanha nazista.
    Não conhecia a história da Estônia e fiquei bem curiosa em conhecer.
    Ainda mais sabendo que o livro pode nos trazer algumas lições.

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  9. Oi!

    A premissa do livro é bastante interessante, até porque eu amo história e fatos da segunda guerra. É uma pena que o livro sse torna maçante em boa parte e acaba de algum jeito anulando a parte interessante. Mas fico feliz que tenha sido um livro que te levou a conhecer mais da história. Anotei a dica, tenho interesse em uma leitura futura. :)

    bjs!

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  10. Olá!
    Gostei muito da sinopse do livro. Tudo que envolve guerra e drama, gosto muito.
    Irei colocar na lista.
    Obrigada pela indicação.

    http://feliciity-unjourdepluie.blogspot.com.br

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  11. Olá!
    Eu não gosto de livros que trás fatos mais históricos. Eu sempre odiei história na escola, vai entender... Mas enfim, esse livro não me chamou atenção e se um dia eu for ler, eu já aviso que odiei esse Edgar hahaha. Eu não gosto de livros assim, mas filmes eu até assisto. Quando falam que a história é maçante em algumas partes também, eu desanimo na hora. Definitivamente eu não leria esse livro.
    Beijos,
    Nay
    Traveling Between Pages

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  12. Olá ♥
    Não conhecia o livro, mas só de saber que se passa na segunda guerra já me da vontade de ler, tudo nesse quesito me agrada.A premissa do livro é maravilhosa. Sua resenha me deixou curiosa para conhecer um pouco mais dos personagens.O livro parece nos trazer uma lição, e não vejo a hora de saber qual. Beijos

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  13. Oi, não sou fã de leituras desse gênero que envolvem guerras e fatos históricos, e portanto essa obra não teve o poder de me encantar. Ainda mais com esse Edgar que nem conheço e já odeio tanto kkk E com você dizendo ser maçando só me faz ter certeza que esse livro é uma obra que eu definitivamente não quero ler, então vou passar sua dica e agradecer pela sinceridade!
    Um beijo
    www.brookebells.com

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  14. Adoro livros com nomes grandes, de certa forma já ganham meu coração, porque sei que em algum momento, esse título fará todo o sentido! Eu raramente leio sobre essas questões de guerra porque sou muito chorona, mas esse livro parece ser diferente e cheio de coisa para acrescentar.

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  15. Oi.
    O livro me atrairia justamente pelo conteúdo histórico.
    Mas realmente o autor tem que ser muito habilidoso para não deixar o livro confuso quando não segue a ordem cronológica.
    Vou anotar a dica para um leitura futura.

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  16. Olá, adoro livros que tem um romance histórico, e que aprendemos enquanto lemos. Apesar de algumas impressões negativas suas, vou ficar com as positivas. E ver que o cuidado que o autor teve com a história dentro do enredo, foi muito bem trabalhada.

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  17. A ambientação fã segunda guerra mundial é bastante rica por todo o contexto de perseguição e torturas que aconteceu. Porém eu não gosto muito porque sempre são livros densos demais, pesados demais e etc. Vou deixar a dica passar. Beijos

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  18. Olá!
    Adoro histórias dessa época da segunda guerra e só de ler essa resenha já consigo me aproximar dos personagens, adorei a sua resenha e fiquei super cativada para saber mais dessa história, espero conseguir lê-la o mais breve possível.
    Beijos,Lari.
    Segredosdeumacerejeira.blogspot.com

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  19. Olá, tudo bem por aí?

    A premissa do livro parece muito interessante e eu adoro histórias desse tipo. Uma pena que o título não faz sentido e que não foi uma leitura tão prazerosa assim. Mas conteúdo histórico é sempre bom, não é? Sua resenha ficou maravilhosa... adorei!

    Abraços.
    www.acampamentodaleitura.com

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  20. Oieee
    Tudo bem?
    Olha infelizmente a temática do livro não me atrai, não consigo me conectar com história assim.
    Beijos

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  21. Olá, tudo bem?
    Já tinha ouvido falar sobre o livro e, claro, me interessado. Sou apaixonada por história, então romances históricos é um paraíso para mim. O que mais me chamou a atenção foi essa inversão de papéis, onde todo um povo acredita que os nazistas são os heróis e não os vilões.
    Sinto muito que não tenha gostado tanto e acredito que vou acabar me irritando pelo mesmo motivo. Mesmo assim, a curiosidade fala alto, então vou tentar ler de qualquer jeito.
    Bjs, Mila

    http://a-viagem-literaria.blogspot.com

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  22. Eu já ia dizer que o livro não era bem meu estilo e que talvez por isso fosse melhor deixar a dica passar...
    Aí fui lendo sua resenha e, se você que curte leituras com detalhes históricos e o livro foi maçante, acho que para mim seria uma leitura um pouco mais monótona - mesmo que uma ou outra coisa que você comenta tenha me deixado curiosa (como o motivo do título) e com vontade de ler o livro.
    Fiquei na dúvida....
    Beijinhos,
    Lica
    Amores e Livros

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  23. Olá,
    Essa é a segunda resenha que leio da obra e confesso que fiquei bem intrigada com as características dos personagens Roland e Edgar sendo que são bem distintas.
    Uma pena que mesmo você gostando de obras que apresentem detalhes históricos, que essa leitura se tornou um tanto quanto maçante. Porém ainda assim pretendo arriscar a leitura, pois amo obras que abordem sobre o nazismo.

    http://leitoradescontrolada.blogspot.com.br/

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  24. Oi, tudo bem?
    Assim como você eu adoro livros com conteúdo história pois achava nos ensinando mais coisas sobre o passado. Mas pela sua resenha achei esse livro um pouco confuso e o fato dá leitura ser maçante já me desanima completamente para ler.
    Bjs

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  25. Olá, tudo bom?
    Assim como você, adoro livros com contextos históricos, mas, confesso que fiquei totalmente desanimada de conferir essa leitura quando você disse que a maior parte da narrativa é só maçante mesmo, sendo a mesma salva apenas pelo conteúdo histórico e pelas poucas partes de tirar o fôlego. Enfim, sugestão anotada pelo teor histórico. Ótima resenha!



    Beijos!
    @PollyanaCampos
    Entre Livros e Personagens

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  26. Oi, tudo bem?
    Eu confesso que não costumo ler muitos livros históricos assim e que não fiquei lá muito animada com esse. Ele possui uma premissa interessante, mas a forma como foi narrado parece ser confusa mesmo e o protagonista não parece ser lá muito cativante, acho que não gostaria muito dele. Enfim, esse não é o tipo de livro que chama a minha atenção e parece ser uma leitura bem maçante mesmo, logo não darei uma chance.

    Beijos :*

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  27. Olá!
    Não conhecia este livro, mas assim que vi a capa já sabia que iria amar a história. Adoro livros com teor histórico e se você gosta também te indico Assassin's Creed que é super legal!
    Bjs

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