Jovens de Elite

Oláá pessoas \0/

Eu não sou muito de ler fantasias medievais ou qualquer coisa do tipo, mas, quando vi a respeito da trilogia Jovens de Elite, da Marie Lu (autora da trilogia Legend [Legend, Prodigy e Champion]) fiquei curiosa no mesmo instante.

A resenha ficou um pouco longa (me empolguei), mas espero conseguir atiçar a curiosidade de alguém...hehe' *-*

Título: Jovens de elite

Autora Marie Lu

Editora: Rocco (cortesia)

Páginas: 304

Edição: 1

Lançamento: 2016

Série: Jovens de elite #1

Sinopse: Jovens de Elite é o primeiro de uma série de fantasia ambientada na era medieval e protagonizada por jovens que desenvolvem estranhas cicatrizes e poderes especiais ao sobreviverem a uma febre que dizimou boa parte da humanidade. Entre eles está Adelina, que, após se rebelar contra o destino imposto a ela por seu pai, encontra um novo lar na sociedade secreta Jovens de Elite, vista por alguns como um grupo de heróis, por outros como seres com poderes demoníacos. Heroína ou vilã? Num mundo perigoso no qual magia e política se chocam, Adelina descobre o lado sombrio de seu coração.

Resenha

Prometo servir à Sociedade dos Punhais, levar o medo aos corações daqueles que governam Kenettra, tomar com morte o que nos pertence e tornar o poder de nossos Jovens de Elite conhecido por cada homem, mulher e criança. Se eu quebrar meu juramento, que o punhal tire de mim o que tirei do punhal. – Juramento de Iniciação da Sociedade dos Punhais, de Enzo Valenciano. – página 153

Século XIV: uma doença, conhecida como febre de Sangue, devastou a população, deixando apenas crianças como sobreviventes. Crianças estas que foram marcadas, seja pela cor do cabelo, que mudou misteriosamente, ou até mesmo cicatrizes. Crianças estas que passaram a serem consideradas malfettos, vistas como aberrações, como punidas pelos deuses. Crianças temidas pela sociedade, pela monarquia, pelos Inquisidores. Crianças e adolescentes com poderes. Jovens de Elite.

Adelina e sua irmã foram atingidas pela febre como crianças, mas, diferente de Violetta, que saiu ilesa, a mesma garota delicada e dócil que sempre fora, Adelina saiu marcada. Uma malfetto com uma cicatriz onde antes ficava seu olho esquerdo, cabelos prateados e dom algum. Pelo menos até onde ela sabia, e ela tinha tentado. E muito.

Desde a doença e suas cicatrizes, Adelina passou a sofrer nas mãos do pai, que explorava os limites da filha, tentando fazer com que ela despertasse algum poder para que ele a vendesse ou fizesse algo pior. Sendo assim, ele a maltratava, a ignorava, a machucava física e psicologicamente, além de deixar bem claro que ninguém nunca iria querê-la por ela ser quem e como era.

Até o momento em que Adelina foge de casa após ouvir o pai praticamente vende-la como amante para um homem, e em sua fuga, ela acaba descobrindo seus poderes, há muito escondidos: ela é capaz de criar ilusões. Mas seu pai a encontra, e, num incidente infeliz (ou feliz, para quem o odeia), ele morre, e Adelina é enviada para a fogueira. Prestes a ser queimada pelos Inquisidores, Adelina é resgatada pelos Jovens de Elite, e levada para a “casa” do grupo.

Como o livro é narrado em primeira pessoa por Adelina, nós ficamos a par de tudo o que ela está sentindo e/ou pensando, e isso normalmente me aproxima dos personagens, pois o leitor sente na pele tudo o que eles estão passando. Mas Adelina tinha pensamentos obscuros, de traição, ambição por poder, desejo de matar e de fazer os outros sofrerem.... Então vocês imaginam que eu não consegui torcer por ela, né?

Eu sou Adelina Amouteru, não pertenço a ninguém. Esta noite, juro me erguer acima de tudo o que você já me ensinou. Vou me tornar uma força que este mundo nunca conheceu. Terei tanto poder que ninguém ousará me machucar de novo. – página 24

Acontece que Adelina não é a mocinha com quem estamos habituados. E, ao longo do livro, é possível perceber que ela não é tão mocinha assim, principalmente se levarmos em conta seus poderes. Ela cria ilusões. Ok. Mas que tipo de ilusões? Todos os tipos, desde uma flor aparecendo à sua frente à ilusão da dor mais agoniante no corpo de alguém, o que a faz mais poderosa do que qualquer outro Jovem de Elite, e também, a mais perigosa, principalmente por ser tão ambiciosa e ter tanta sede de poder. E alguns dos Jovens de Elite que a resgataram perceberam isso no momento em que a conheceram, porém, o líder do grupo, conhecido como Ceifador (que também é o príncipe herdeiro do trono de Kennetra, que foi banido por ser malfetto), parece encantado com a nova aquisição do grupo, e decide ignorar tudo isso.

Adelina não é uma personagem fácil de entender, principalmente porque, como consta na sinopse, ela “descobre o lado sombrio de seu coração”, e isso realmente acontece. Ela é uma personagem que já sofreu muito nas mãos do pai, desde o momento em que teve a doença, ainda criança. E ela teve uma participaçãozinha na morte dele, então a garota já tinha uma aura um tanto sombria quando chegou aos Jovens de Elite. Ao longo do tempo, treinando e aprimorando suas habilidades, Adelina foi percebendo quão poderosa era, e quão poderosa poderia se tornar, e isso era assustador não só para ela como também para o leitor, pois Adelina tinha pensamentos assustadores, e eu tinha medo de que ela traísse seus “amigos” e decidisse passar por cima de todo mundo.

“Sinto que estou me perdendo... A escuridão penetra mais fundo a cada dia. O que fiz? Como posso ser assim?” – página 287

E, mesmo quando estava apaixonada (Ceifador é mesmo apaixonante, devo dizer; e o mesmo vale para Rafaelle, outro rapaz que “acolhe” Adelina), seu coração ainda tentava tirar proveito da situação, sua parte sombria prevalecia sobre as outras, e ela acaba se mostrando ainda mais poderosa e assustadoramente mortal.

Bom, eu não vou mais falar da história para não entregar demais e acabar estragando a leitura de alguém, e também porque eu não estou aqui para contar timtim por timtim, né?

Eu já tinha lido a trilogia Legend,  e gostei bastante, apesar de não ter gostado muito da protagonista (sério, eu devo ter algum problema com personagens femininas principais de distopias e ficções, não é possível). Então eu estava curiosa para ler Jovens de Elite, principalmente por ter uma premissa tão instigante e interessante, e estava ainda mais curiosa para conhecer Adelina.

A escrita flui rapidamente, e a história consegue fisgar o leitor já nas primeiras páginas, e a autora ainda acrescenta citações no início de cada capítulo, chamando ainda mais a atenção. Marie conseguiu criar personagens únicos, mesmo que os secundários não tenham sido tão bem participativos como eu imaginei que seriam. Ainda assim, gostei de conhecer os outros Jovens de Elite, e também gostei do final, apesar de ter sentido muita raiva (não vou dizer por que, dãã) e quase ter jogado o livro no chão.

O desfecho foi uma jogada de mestre, eu nem mesmo cheguei a cogitar tal final, então a autora me surpreendeu, me deixando com raiva no começo, e impressionada após. Estou curiosa para ler a continuação, e já consigo imaginar o que pode vir a acontecer. Tenho certeza de que não acertarei nenhum palpite, mas ainda assim. Ah, e outra coisa que eu sei que devo mencionar, é que o livro também mostra o ponto de vista (em terceira pessoa) de Teren, o “chefão” dos Inquisidores, que é um personagem irritantemente e odiosamente importante para a trama, e eu tenho certeza de que ele ainda vai aparecer muito no segundo livro. Ah, Marie Lu, por favor, permita que Teren tenha o que mereça. Amém.