A Décima Segunda Noite

Olá a todos!

Hoje eu trago a resenha de um autor nacional que eu gosto muito: Fernanda Veríssimo. O livro se chama A Décima Segunda Noite.

Título: A Décima Segunda Noite
Autor: Luis Fernando Veríssimo
Editora: Objetiva
Páginas: 152
Ano: 2006

Sinopse: 'A décima segunda noite' é um livro inspirado na peça 'Noite de reis', uma comédia de Shakespeare. No texto original, o duque Orsino está caído de amores pela condessa Olívia, de luto pela morte do irmão. Até que uma jovem, que se passa de homem para trabalhar na Corte, vira o mensageiro do duque, e daí começa a espiral de mal entendidos - Olívia acaba se apaixonando por ele, que na verdade é ela, que no fundo está obcecada por Orsino, o bandido fidalgo.

Resenha

A Décima Segunda Noite se passa em Paris, na verdade, uma Paris cheia de imigrantes brasileiros, o que torna tudo mais engraçado. Nosso narrador é na verdade um papagaio chamado Henri, muito inteligente e cômico, ele serve de decoração em um salão de cabeleireiro brasileiro.

Toda a trama é na verdade inspirada em Noite de Reis de Shakespeare, que é citado ao longo da história e que serve de base para muitos acontecimentos. A história começa quando um casal de gêmeos chegam a Paris, porém no aeroporto Charlles de Gaulle, são acidentalmente separados. Olivia, que era a gêmea, é acudida por Negra, que acaba arrumando um serviço para ela no salão Illyria.

Tudo isto é especulação minha mas sinto que há vestígios de nobreza no meu legado, resquícios claros de uma “vie en chateau ” e por que não teria sido entre os pavões entediados de Chenonceaux, no aviário da favorita do último dos Valois, o desafortunado Henri II em fim de reinado,acossado por dívidas e pela sífilis? 

Olivia talvez seja a personagem mais inocente de toda a história, quando ela chega no salão, ela tem que se vestir de homem para poder trabalhar. A chegada dela atraí muitos olhares, até o mesmo o do chefe do salão e de Henri, que faz tudo para poder ajudá-la.

A graça dessa excelente comédia está nos personagens e na relação entre França-Brasil, eu nunca havia lido um livro com essa perspectiva de Paris. Uma das personagens mais engraçadas é Negra, que é brasileira mas mora em Paris há muitos anos, ela comanda quase todos os eventos da comunidade brasileira e também fornece ajuda para seus conterrâneos.

Ao decorrer da história, Henri (o papagaio e narrador) vai trazendo os acontecimentos para o leitor, sem nunca deixar perder a graça ou o bordão de cada personagem.  Veríssimo foi muito ousado ao criar uma história tão diferente e "abrasileirada", ele conseguiu me surpreender novamente.

Nosso querido papagaio, ama ler e tentar mudas as coisas que acontecem a sua volta, mesmo sendo impotente. Henri ama Shakespeare e há muitas alusões literárias durante toda a história, claro, eu fui anotando todas que eu podia.

A narrativa é na verdade, o papagaio Henri contando a história para um gravador, tanto que no final de cada capítulo ele menciona que a fita deve estar acabando. Quando eu menciono que Fernando Veríssimo me fez rir tanto, as pessoas geralmente não acreditam, pois a maioria apenas leu crônicas dele em provas de escola.

Mon Dieu, mon Dieu, um gravador. Deus dos papagaios, me acuda. Já ouvi minha voz gravada. Quase silenciei para sempre.

Eu recomendo esse livro para os que gostam de qualquer mísera página escrita por Veríssimo, quem quer rir bastante também PRECISA ler. A Décima Segunda Noite é uma excelente comédia cheia de trama brasileira e glamour parisiense, e claro, um papagaio super literato.