Mantendo um olho aberto

Olá a todos,

Hoje trago a resenha de um livro de um autor que gosto muito: Julian Barnes.

Título: Mantendo um olho aberto
Autor: Julian Barnes
Editora: Anfiteatro (cortesia editora Rocco)
Páginas: 253
Lançamento: 2017
Edição: 1

Sinopse: Ganhador do Man Booker Prize e um dos principais nomes da literatura britânica, Julian Barnes transita entre o romance, o conto e o ensaio com destreza e naturalidade. Em Mantendo um olho aberto, o ficcionista dá lugar ao intelectual, sem abrir mão do prazer da narrativa, numa série de ensaios sobre arte. Focalizando quase dois séculos de produção pictórica, Barnes conduz o leitor pelo labirinto de tendências, escolas, estilos, correntes e vertentes que compõem o universo da pintura, analisando desde obras clássicas, como A balsa da Medusa, de Géricault, até os perturbadores nus de Lucien Freud, neto do inventor da psicanálise; do cubismo à pop art; de pintores badalados como Cézanne e Delacroix a mestres pouco populares, como Vuillard e Juan Gris, sempre movido pela convicção de que a pintura não se limita a capturar a emoção do mundo exterior e que a ambição maior da arte é renovar nossa visão de mundo

Resenha

Todo mundo conhece Julian Barnes por sua maestria e precisão ao escrever romances - já vimos isso no seu mais recente romance O tuído do tempo. Mantendo um olho aberto não é um romance, é uma compilação de ensaios de Barnes sobre a Arte, passando por artistas como: Courbet, Manet e até mesmo Freud. Sinceramente, o único que conhecia da lista era Freud e Delacroix (e talvez essa tenha sido minha maior diversão com a leitura).

Diferindo de alguns de seus romances, nos ensaios de Mantendo um olho aberto, Barnes usa uma linguagem mais acessível e um tanto universal para falar sobre épocas e artistas enigmáticos. Há sempre espaço para tiradas interessantes em algum momento e também para um certo lirismo ao retratar a vida destes artistas - o leitor obtém uma nova perspectiva em relação a Arte.

Talvez o 'ensaio' ou capítulo mais interessante foi sobre Redon - onde o autor fala sobre a enigmática discussão acerca do artista versus obra, com certeza precisarei reler este capítulo. Fica um tanto explícito também que o conteúdo presente no livro não pretende ser lúdico ou 'enxuto', tudo se trata de uma deliciosa experiência de imersão.

Entretanto, talvez estejamos olhando para as coisas de trás para frente. Em vez de contemplar a vida de um artista e deixá-la colorida, ou o que achamos da sua arte (...), talvez devêssemos olhar para as coisas através da direção oposta. 

Os relatos de Barnes também se mesclam com cartas, notas de diário e relatos de outros artistas - tudo isso enriquece mais o texto. Há também pinturas entre os ensaios (facilitando a compreensão do texto). Não tenho dúvidas de que os marinheiros de primeira viagem no mundo da Arte (como eu) precisarão pesquisar os nomes, nomenclaturas e referências entregues pelo autor - porém isso nunca é ruim.

Editado pela Anfiteatro, um selo da editora Rocco dedicado a arte, Mantendo um olho aberto foi bem concebido pelo selo, contando com boa diagramação e arte de capa.

Recomendo Mantendo um olho aberto para os exploradores desse vasto (e agradável) mundo da Arte. Provando que as nomenclaturas não fazem da Arte um local inóspito, Barnes entrega uma viagem diversa (e acessível) por artistas incríveis.