O Conto da Aia

Olá a todos,

Com vocês, a prometida resenha de O Conto da Aia \0/


Título: O Conto da Aia
Autor: Margaret Atwood
Editora: Rocco (cortesia)
Páginas: 366
Lançamento: 2017
Sinopse: Escrito em 1985, o romance distópico O conto da aia, da canadense Margaret Atwood, tornou-se um dos livros mais comentados em todo o mundo nos últimos meses, voltando a ocupar posição de destaque nas listas do mais vendidos em diversos países. Além de ter inspirado a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original) produzida pelo canal de streaming Hulu, a ficção futurista de Atwood, ambientada num Estado teocrático e totalitário em que as mulheres são vítimas preferenciais de opressão, tornando-se propriedade do governo, e o fundamentalismo se fortalece como força política, ganhou status de oráculo dos EUA da era Trump. Em meio a todo este burburinho, O conto da aia volta às prateleiras com nova capa, assinada pelo artista Laurindo Feliciano.

Resenha

Offred é uma aia, propriedade de Gillead - um recém formado estado que "segue" as leis do Velho Testamento - isso significa que ela deve gerar filhos para casais do alto escalão, algo não tão comum nesse cenário distópico, já que taxas de fertilidade são baixas. Wheterford (Fred Wheterford) é um comandante do alto escalão do Éxercito, Offred será sua aia e deverá gerar filhos para ele e sua mulher, Serena Joy. Criando uma espécie de intertextualidade com um trecho de Gênesis 30:1-3, O Conto da Aia apresenta os resquícios da história de uma aia em um cenário assustador.

Nós ansiávamos pelo futuro. Como foi que aprendemos aquilo, aquele talento pela instabilidade?

Após a morte do presidente dos EUA (acabamos deduzindo que seja os EUA pelas localidades citadas), um grupo rebelde instaura um regime onde as mulheres não podem mais trabalhar, movimentar sua conta ou abortar, por exemplo. As mulheres férteis são roubadas e acabam virando propriedade de Gillead e tornarão-se aias, e não só as mulheres são perseguidas; judeus, batistas, homossexuais e feministas. A partir da criação desse mundo distópico, Atwood parece entregar duas interpretações interessantes sobre uma única distopia - fica por conta de vocês atirar a primeira pedra.

Antes de tornar-se aia - não por escolha própria, claro - Offred tentou fugir com sua filha e com Luke, seu marido. Na casa do comandante Fred, Offred descobre que uma outra aia que passou antes dela deixou algumas mensagens entalhadas no armário, provavelmente alertando a próxima aia sobre algo de estranho na casa. Com medo de não conseguir gerar filhos e também com uma pequena gota de esperança de que toda essa desgraça acabe, Offred narra o conto da aia.

Éramos as pessoas que não estavam nos jornais. Vivíamos nos espaços brancos não preenchidos nas margens da matéria impressa. Isso nos dava mais liberdade. Vivíamos nas lacunas entre as matérias.

Fazia algum tempo que não lia nenhuma distopia, a última foi  Revolução dos Bichos do George Orwell, um excelente livro por sinal. O Conto da Aia pareceu trazer-me um banho de água gelada - no bom sentido - onde acabaria por encontrar uma narração minuciosa e cristalina sobre fatos tão cruéis, típicos de uma distopia. Margaret Atwood acerta quando não comenta muito sobre o viés de seu romance, ela abre um certo leque de interpretações, fazendo com que o leitor raciocine a pergunta por trás de cada resposta apresentada no livro.

O livro é dividido em 16 capítulos - o último capítulo é uma nota histórica - que voam a vários quilômetros por hora a uma direção que cabe apenas ao leitor seguir, admito que acabo gostando disso. A estrutura escolhida pela autora para moldar as palavras de Offred - narração em primeira pessoa com uma certa ausência de marcações temporais - contribuiu para a fluidez da estória.

O Conto da Aia foi recentemente adaptado para a TV através da plataforma digital HULU, que ainda não está disponível no Brasil. A Rocco também relançou o livro, que conta com um excelente (e novo) acabamento e tradução de Ana Deiró.

Recomendo O Conto da Aia para os leitores de George Orwell, e também para aqueles que estão transitando das distopias juvenis para as adultas. Com um cenário distópico assustador e uma aia narrando de forma bela (e minuciosa) os horrores de uma sociedade onde não há a liberdade, O Conto da Aia estabelece-se como uma boa (e fluída) leitura.

3 comentários

  1. Amei sua resenha, ainda não conhecia o livro. O blog é lindo, estarei sempre aqui acompanhando :D

    http://submersa-em-palavras.blogspot.com.br/

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  2. Oi, Tudo bom?
    Eu não conhecia o livro, mas gosto de Distopias, esse gênero literário costuma me agradar muito, além disso sua resenha ficou muito boa, parabéns.
    beijos, Joyce de Freitas.

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  3. Olá,
    Uma amiga minha me indicou a série e o livro a cerca de um mês e eu fiquei bem intrigada para fazer a leitura.
    É a primeira resenha que leio sobre ela e só por ser uma distopia já chama bastante a atenção. Acho que o mais interessante é que a obra é narrada por uma aia e isso acaba nos mostrando como sente-se frente a todos os acontecimentos.

    LEITURA DESCONTROLADA

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