Noturnos

Olá á todos!
Hoje trago a resenha de Noturnos, de Kazuo Ishiguro, autor ganhador do Prêmio Nobel 2017.

Título: Noturnos
Autor: Kazuo Ishiguro
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 216
Lançamento: 2017
Sinopse: Nesta reunião de cinco narrativas, Kazuo Ishiguro deixa de lado a solenidade distendida dos romances para dedicar-se à concisão, à leveza e ao humor concentrado do gênero curto. Noturnos traz contos sobre instrumentistas e amantes da música, de diversas partes do mundo. Tony Gardner, um velho crooner americano, já não desfruta do mesmo prestígio, mas para o jovem músico Jan ele ainda é um ícone. O consagrado cantor o surpreende ao convidá-lo para uma parceria inusitada. Um professor de inglês que vive na Espanha, amante dos standards americanos, vai a Londres visitar um casal de amigos, e se descobre numa roda-viva de ressentimentos e neuroses. Na mesma cidade, um músico procura emprego em uma banda, mas decide recuperar a inspiração nas colinas britânicas. Um saxofonista competente se rende à ideia de fazer uma plástica facial em Beverly Hills para entrar para o primeiro time da música. Um violoncelista húngaro procura se estabelecer na Itália, mas acaba seduzido por uma viajante americana. Nestas histórias, emoções suscitadas por belas melodias convivem com as limitações do mundo da música. Se o poder de tocar o sentimento faz dos músicos seres próximos da genialidade, as exigências do senso comum e da profissionalização os submetem a situações muitas vezes patéticas e hilariantes.

Resenha

Noturnos, reunião de 5 contos de Kazuo Ishiguro, é uma espécie de celebração melancólica a música e aos amores. Como já descrito na sinopse do livro, cada conto terá localidade e personagens diferentes, não há qualquer tentativa de 'laço' entre os contos. Até temas cotidianos como imigração e fama entram na mão delicada de Ishiguro nessa reunião de contos.

Com uma linguagem acessível e simples, cada conto é curto e narrado pelo ponto de vista do personagem principal do conto e parecem conter o estilo do autor quando tratamos de bom timing e descrições acirradas. Não entrarei em detalhes sobre cada conto, porém, meu predileto foi com certeza o segundo, chamado de Chova ou faça sol - nesse conto, os estilos musicais são discutidos e postos na mesa, mais do que isso, a ligação entre gerações e encontros é marcada pela música.

E o que essas canções dizem? Que duas pessoas não se amam mais e precisam se separar, é uma tristeza. 

O livro todo, por mais melancólico em várias passagens e descrições, consegue celebrar a música sem fazer distinções ou escolhas: o amor pela música é explícito e bem-vindo. Seja nas gôndolas da linda Veneza ou na fama massacrante de Beverly Hills e Los Angeles. Em alguns momentos, a ficção e o biográfico acabam colidindo, tamanha intimidade posta no jogo que se chama narrativa.

Quando Kazuo Ishiguro foi indicado ao Prêmio Nobel, fiquei um tanto espantado, pois esperava (perdoem meu preconceito, já erradicado) um autor de calibre como Modiano ou Saramago - ganhadores anteriores do Prêmio Nobel. Agora entendo a indicação do autor; a linguagem envolvente, simples e sucinta combinadas com uma preocupação com certos anseios modernos faz Ishiguro um autor de leitura quase essencial.

Talvez eu tenha pressentido uma boia salva-vidas, ou talvez só precisasse de alguém para desabafar (...)

Como já descrito anteriormente, a linguagem sucinta e direta do autor possibilita a imersão de todos os leitores nas melodias presentes nos diferentes contos de Noturnos. É uma leitura rápida, digna de um café pela tarde no verão (já admitindo que minha leitura acompanhou uma boa xícara de café).

Editado pela Companhia das Letras, esta é a nova edição de Noturnos, que já havia sido publicado pela editora. Esta nova edição conta com o miolo pintado em azul, característica que atribui charme ao livro. O livro foi originalmente escrito em Inglês e não em Japonês, já que o autor se mudou para o Reino Unido bem jovem.
Recomendo a leitura de Noturno para leitores de Haruki Murakami (conterrâneo de Ishiguro) e Mia Couto. Noturnos concede ao leitor diversas melodias entre contos banhados por música, melancolia e reencontros, será uma jornada harmoniosa - assim como o som de um violino.



14 comentários

  1. Todos sabem que sou fã de contos, cronicas e afins, então sempre que vejo este tipo de resenha fico atenta, com certeza será mais um a entrar na minha lista de desejos.
    Com essa narrativa fictícia e biográfica acredito que faria a leitura fluir para mim, ou seja, essa é mais uma dica que deixo anotadinha de livros de contos. Quero ler.

    Beijos.
    https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br/

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  2. Oi, tudo bem?

    Ganhei um livro desse autor, mas ainda não tive a chance de ler. Ouvi alguns comentários sobre as obras do autor, e de como são muito bons. Estou com bastante vontade de ler e poder conhecer mais da escrita dele. Espero poder ler agora nas férias.

    Beijos.

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  3. Pois é, eu também tenho um livro dele que preciso ler e estava vendo os livros que ele escreveu e achei ele bem novo para ganhar este tipo de prêmio,mas deve ser exatamente pelo estilo da escrita né? Preciso ler mais para saber o que exatamente chamou tanto a atenção.

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  4. Oie!
    Não conhecia o autor e achei bem bacana o livro, ainda mais por ele ter ganho um prêmio de tamanha importância. Não gosto de livros de contos, pois sempre acho que as histórias são curtinhas demais. Mas adorei seu post e a temática da edição :3

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  5. Olá ♥
    Não conhecia o autor e saber que o plano de fundo desses contos são músicas achei bem legal, pois amo músicas. Confesso que não sou uma pessoa muito ligada a contos, gosto apenas para sair da minha ressaca.A capa está maravilhosa e chama muita atenção. Quem sabe um dia leio algo do autor. Beijos!

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  6. Oi Heitor, tudo bem?
    Não dou muito de acompanhar algumas premiações, e quando alguém diz nobel já penso logo em algo difícil, complexo, e o pior: chato.
    Mas pelo que você disse, esse livro não é nada disso. Eu não sou o maior fã de contos, mas adoro livros com linguagem sucinta e direta. Estou dividido, mas com uma oportunidade, leria sim!

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  7. Oi, achei essa capa linda, apesar de meio triste. Não costumo gostar muito de livros de contos, mas como são do mesmo autor, acho que daria uma chance. Bjs

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  8. Olá!
    Adoro contos,sempre gosto de ler pois deixa um gostinho de quero mais.Não conhecia o autor,mas gostei de saber como os contos são simples e melancólicos.
    Gostei bastante da capa.
    bjs

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  9. Oiii tudo bem??

    Amo as capas dos livros desse autor, sabia sobre o premio Nobel 2017, mas ainda não realizei a leitura de nada dele.
    Não sabia que eram contos, e amo contos por aliviar as vezes uma ressaca literária.
    Adorei a resenha.
    Bjus Rafa

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  10. Olá, Heitor

    Excelente resenha. Eu fiquei curiosa para ler algo do Kazuo assim que ele ganhou o Nobel, mas sinto que não é o momento.
    Eu até curto contos, mas prefiro ler os avulsos. Não gosto quando juntam vários em um livro só, ainda mais quando não há conexão direta, como é o caso.
    Acho que esse eu não leria, mas lerei algo dele em um futuro próximo.

    Beijos
    - Tami
    http://www.meuepilogo.com

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  11. Oie.

    Eu já vi outro livro do autor perambulando a internet, mas eu nunca tinha parado para ler nada dele. Noturnos me parece ser uma leitura bem mais contida e delicada, principalmente por causa do tom melancólico que ela tem. Só de olhar para a capa, já sinto isso. Adoro contos curtos que quase se forma crônicas e, fiquei mais curiosa ainda, por ele ter ganhado o prêmio.

    Eu adorei a sua resenha e anotei a dica, preciso conhecer esse autor, porque ele me parece alguém que vale a pena conhecer o trabalho.


    beijos!

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  12. Adoro contos e como você descreveu que a escrita é fluida, acho que é o ideal para ler em uma viagem. Não conhecia a coletânea ainda, mas estou curiosa.
    MEU AMOR PELOS LIVROS
    Beijos

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  13. Oi,
    eu fiquei bem dividida, sabe? Esse não é o tipo de livro que me atrai a primeira vista e nem o tipo de texto que eu estou acostumada a ler, mas sua resenha destacou pontos tão interessantes que é impossível não ficar nenhum pouquinho curiosa pelos contos, não digo que vou buscá-lo para ler mas se tiver a oportunidade darei uma chance.

    Abraços!
    Nosso Mundo Literário

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  14. Oi!
    Estou com o livro dele que ganhou o Nobel - Não me abandone jamais - para ler e estou bem empolgada, confesso que fiquei ainda mais depois da sua resenha porque dá pra perceber que ele é um autor incrível, que põe a alma nas suas histórias e envolve o leitor desde o começo.
    Depois que eu ler o que tenho aqui com certeza vou procurar esse também pra ler

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