Vivienne Westwood

Oláá pessoas \0/ como vocês estão?

A resenha de hoje foi feita pela Carol Almeida, e é sobre o livro Vivienne Westwood, a autobiografia da autora, escrita em conjunto com Ian Kelly. O livro foi publicado pela editora Rocco ano passado.

Título: Vivienne Westwood
Autores: Vivienne Westwood e Ian Kelly
Páginas 496
Editora: Rocco (cortesia)
Lançamento: 2016
Edição: 1
Sinopse: Ícone fashion, ativista, cocriadora do punk e avó, Vivienne Westwood coleciona originalidade e controvérsia. Aclamada pela crítica, esta é a autobiografia da mulher por trás da lenda que influenciou e continua inspirando milhões de pessoas há mais de cinco décadas em várias frentes da cena cultural. No livro, escrito em parceria com o premiado biógrafo Ian Kelly, a estilista britânica revê os acontecimentos, as pessoas e as ideias que deram forma a sua vida extraordinária e conta, com honestidade e paixão, sua história. O livro foi apontado como uma das melhores biografias de moda dos últimos anos, considerado “honesto, envolvente e vívido”, pelo Harold Tribune, entre outros elogios.
Resenha

“Ela se comporta bem, na maior parte do tempo. Volta e meia, dá um piti. [...] Você pode achar que isso não é lá muito enobrecedor em uma mulher de 73 anos. Que não fica bem em uma Dama do Império Britânico que é presidente de uma marca internacional de moda, e uma das inglesas mais famosas do planeta. [...] ‘a Coco Chanel dos nossos tempos’, uma mulher mais famosa no Extremo Oriente do que a rainha da Inglaterra ou Madonna, e que em sua oitava década de vida ainda desce a Battersea Bridge Road pedalando sua bicicleta a caminho do trabalho todos os dias.” (p.10)

O livro conta a trajetória de Vivienne Westwood, desde a infância no campo até os dias atuais, comandando uma empresa multinacional de moda, aos seus setenta e tantos anos. Sua relação com a criação, com o design, com o marketing e com a moda. Seus altos e baixos nos relacionamentos, desde seu primeiro casamento, que gerou seu primeiro filho, até sua relação tóxica com Malcom McLaren, que fez funcionar a parceria entre os dois ao abrir caminho e conquistar um posto muito alto no cenário daquela época, ao revolucionar a moda, a música e contribuir para o surgimento do punk.

“Eu desenhava e estudava a natureza, lia e lia, e costurava.” (p.64)

Vivienne cresceu na guerra, em período de racionamento de economia e faça-você-mesmo. Cresceu longe da religião, e foi por meio dela que acabou tornando-se parte do que é hoje. Ela conta que quando viu pela primeira vez Jesus crucificado, ficou horrorizada, pois não tinha conhecimento nenhum daquilo, e ficou imaginando como alguém faria uma coisa daquelas. Revelou que a partir daquele momento, uma parte de sua inocência se perdeu, pois percebeu que os adultos podem mentir, e ela precisava fazer alguma coisa para ajudar a aliviar todo aquele sofrimento que havia no mundo. Ela é uma estilista de moda política, que luta através de seus atos e de suas coleções contra a maldade que há no mundo, e logo cedo em sua infância aprendeu que o maior poder, é poder pensar por si mesma.

Quando estava na escola, Vivienne se interessava por arte, mas por morar em uma cidade pequena, e naquela época, bem atrasada em relação às cidades grandes, ela nunca havia tido contato com a verdadeira arte, com imagens, fotos ou artistas. Nem sabia sobre as galerias. Conta que naquela época, as coisas não eram muito visuais. Foi um professor que lhe contou sobre uma galeria de arte em Manchester. E foi essa galeria que mudou sua vida. E foi esse mesmo professor que deu-lhe apoio e coragem para seguir em frente na carreira de arte. Outro professor ensinou-lhe sobre história, liberdade e ‘civismo’. Quando a família mudou-se para Londres, a jovem Vivienne teve que se adaptar à cidade em que os movimentos jovens estavam começando a despertar.

A personalidade de Vivienne foi moldada logo cedo; da coroação de Elizabeth II quando Vivienne tinha apenas 12 anos, ela guardou os sons e o visual dos anos 50, a realeza, a anglicidade e a religião, que se tornariam temas importantes para suas coleções. A realeza, a tradição, história e aristocracia sempre foram influências muito fortes em seu trabalho. A coroação de uma rainha jovem, mulher e a sua possibilidade de dar cor à uma Londres cinzenta, proporcionou à Vivienne a percepção da singularidade de ser britânica e de ser uma mulher. 

“Subia em árvores e pulava riachos. Eu me via como uma moleca. Apesar disso, quando uma amiga, Norma Etchells, perguntou se eu realmente queria ser um menino, fiquei chocada. Nunca havia me ocorrido que houvesse coisa melhor do que ser menina. Nunca quis ser um menino ou ter as liberdades associados a um menino. Eu gostava de ser eu mesma, e por acaso era uma menina. Queria ser uma heroína e não via razão alguma por que uma menina não pudesse ser.” (p.56)

O livro conta sobre o processo de adaptação de Vivienne em Londres, onde se via cercada de cultura jovem sendo desenvolvida, os ritmos musicais e os diferentes estilos de moda, e todo esse ambiente foi propício para que sua criatividade começasse a aflorar. Quando conheceu Malcom, os dois decidiram abrir uma loja de roupas feitas e customizadas por Vivienne. A parceria dos dois rendeu-lhes o segundo filho de Vivienne, e também o seu estrelato.

A inocência de Vivienne frente aos seus negócios, e a constante pobreza em que vivia, mesmo já sendo famosa mundialmente, é um dos pontos que me marcou nesse livro. Sua batalha feminista contraditoriamente submissa ao companheiro McLaren é controversa até hoje. Muitos dizem que ele estava à frente, ela sendo apenas a sua sombra. Mas não era bem assim. Desde que o conheceu, McLaren sempre foi o tipo de pessoa que precisava da aprovação das pessoas. E ele tinha ideias muito boas, uma vez que era artista e estava a par dos acontecimentos do mundo jovem de Londres na época, e isso permitiu a Vivienne aprender muito. Porém como a própria Vivienne diz, ela executava tudo.
Ele mostrava uma porta, ainda fechada, mas era ela quem abria, ia na frente sozinha, no escuro. Vivienne era esse tipo de pessoa. Ela era exótica para os padrões da época, e muito independente. Porém amava Malcom, e isso a manteve presa a ele por muitos anos. Ele precisava dela, mesmo que mais a desprezasse do que a agradecesse, mas era assim a parceria dos dois. Mesmo ela sabendo o quanto aquilo era errado para ela e para os meninos. E Vivienne fazia tudo. Cuidou e criou os filhos sem a ajuda dele, se virando para dar conta dos três, das confecções e da loja sozinha, enquanto Malcom andava por aí, causando nas escolas de artes ou empresariado bandas.

Ela conta que um dos motivos pelo qual nunca se casou com Malcom foi porque ele abandonou os estudos, pois não gostava que ninguém lhe dissesse o que fazer. Me deixou muito chateada uma parte em que ela conta que queria muito ir para a faculdade, porém com o filho pequeno e o negócio, ela seguraria as pontas para que Malcom conseguisse terminar seus estudos. O que mais me chocou, é o simples padrão de submissão de Vivienne. Pois ela realmente acreditava que essa relação funcionava no âmbito comercial, profissional. E ela deu muito crédito a ele, mesmo tendo noção de que era ela quem fazia tudo. O livro conta com o depoimento dos filhos dela sobre a vida que tiveram, a infância dura de ter a mãe e o pai/padrasto brigando o tempo todo, a mãe sendo sugada pelas responsabilidades de tudo, e seu grande amor e compreensão e lealdade àquela Vivienne exótica, carinhosa, e principalmente, guerreira. O orgulho dos filhos com relação à mãe me deixou bastante feliz, pois muita gente aponta que eles eram muito negligenciados na infância, pois Vivienne era atolada em trabalho. Mas eles amavam que a mãe fizesse o que amava. Porque isso ela amava com toda a certeza.

Vivienne foi roubada durante anos, dentro de sua própria loja, pelo próprio funcionário, porém nunca suspeitou de nada. E nessa época seu nome já era enorme, e ela vendia muito, mas continuava pobre. Quando se separou de McLaren pessoalmente e comercialmente, ela devia muito, apesar do sucesso gigantesco que fazia. Foi só anos depois que conseguiu se reerguer, trazer todo o poder que seu nome carrega até hoje.

É realmente um livro que vale muito a pena. Confesso que não esperava pela história que ele teve a contar. Não esperava mesmo. Pois a maioria dos estilistas ou nasceram em famílias com acessos financeiros ou de contatos, ou estudaram moda, ou tinham o dom e sabiam disso. A vida de Vivienne foi muito difícil, e muito pesada também. Mas apesar disso, ela nunca desistiu. Mesmo com todos os perrengues, sua falta de conhecimento em mercado, no sentido de contabilidade, não fez com que ela desistisse. E o sucesso que ela fazia, com suas ideias, criações e execuções, não a faziam ver o enorme talento que tinha como estilista, tanto é que ela só abraçou essa denominação após o rompimento com McLaren, quando do fundo do poço fez seu caminho de volta ao topo, com mais coleções próprias, um nome poderoso, um logo que mostrava exatamente o que ela era. Foi o início de Vivienne como estilista, tendo sua própria companhia, seu próprio nome.

Vivienne Westwood mudou o mundo. Mas mudou com propósito. Suas roupas tinham um propósito, tudo o que ela fazia e faz, têm um propósito.

“Essas coleções são moda na sua forma mais pura: moda como arte. Moda que reflete seu momento no tempo. Moda, como a que Vivienne faz agora, que pode até mesmo mudar o mundo.” (p.12)




Carol Almeida

13 comentários

  1. Oi, Dryh!
    Que mulher! Vivienne foi mesmo uma mulher batalhadora.
    Passar anos nessa condição de submissão deve ter sido terrível, mesmo ela não percebendo no que estava envolvida. Quem está lá quase nunca percebe, né?
    Fico muito feliz que essa história tenha 'terminado' feliz. Ela tenha conseguido se reerguer. o/
    Beijão!
    http://www.lagarota.com.br/
    http://www.asmeninasqueleemlivros.com/

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  2. Olá,
    Não a conhecia e também não sou muito fã de biografias, mas é inegável o quão forte esta mulher é.
    Quantas dificuldades e que volta por cima.
    Um grande exemplo, certamente.
    Beijos
    www.estilo-gisele.blogspot.com.br

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  3. Olá, tudo bem?
    Bastante interessante conhecer a vida de uma autora, e como ela tem coisa para contar, não? Eu sou um apaixonado por biografias e esta já entrou em minha lista de desejos. Não conhecia a autora, mas essa é a oportunidade para isto. Ver como ela superou tudo, é muito gratificante mesmo.

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  4. Olá! Não conhecia a autora ainda, por isso não me interessei muito pelo livro por se tratar de uma biografia. Desta vez, deixo a dica passar...

    Beijos

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  5. Olá!
    Confesso que não conhecia ainda essa pessoa, sou muito desligada com essas coisas. Parece que ela teve uma história de vida surpreendente e achei muito legal criarem um livro para contar, mas não sei se leria no momento por não curtir mesmo biografias, principalmente de pessoas que não conheço. Mas adorei a sua resenha!
    Beijos.

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  6. Olá,

    Eu não fazia ideia de quem era essa pessoa, até o momento estou um pouco confuso. Eu nunca li nenhuma biografia e creio que seja um preconceito, mas também não tenho nenhum interesse. Infelizmente vou ter que deixar essa dica passar

    http://desencaixados.com/

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  7. Eu não fazia ideia que esse livro era tao rico assim! Quanta história e quanta emoção, uma mulher mundialmente conhecida, teve que batalhar tanto e ainda encarar o papel de mulher submissa, o que é uma pena.

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  8. Não ando lendo biografias, ainda mais relacionadas ao mundo fashion que sou tão desligada. Mesmo assim dá para ver a força que ela teve e a importância de seus atos.
    Bjs

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  9. Olá!!
    Olha, eu adoro ler biografias... Mas não sei se leria de uma estilista rs
    Apesar disso, a história dela parece ser interessantíssima, envolvida no mundo punk e feminista, mas ao mesmo tempo submissa ao marido.
    Gostei bastante mesmo de conhecer um pouquinho de tudo isso!
    Um beijo!!

    www.asmeninasqueleemlivros.com

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  10. Oie
    não sou de ler biografias mas foi ótimo saber um pouco sobre ela, muito legal sua resenha e mega completa, parabéns viu?

    beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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  11. Olá!
    Confesso que não sou muito fã de biografias ou autobiografias, acho um pouco entendiante. Apesar disso, eu já li alguns e gostei bastante (lógico que tinha suas partes arrastadas, mas deu pra curtir). Eu gosto de ler biografias onde o "personagem" tenha batalhado e enfrentado grandes barreiras na vida, como é o caso dessa Vivienne, pois a história de vida trás grandes inspirações para gente.
    Beijos,
    Nay
    Traveling Between Pages

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  12. Olá!
    Confesso que não conhecia a autora e nem sabia da existência desse livro. Mas é sempre bom saber como foi toda a trajetória de uma pessoa famosa e que é admirada pelo mundo. Pelo que vi Vivienne é uma ótima influência e que tem um vida com muitas acontecimentos importantes.
    Amei a resenha.
    Beijinhos!

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  13. Acho os vestidos que essa mulher faz maravilhosos!!!

    Na verdade, tudo! <3

    Infelizmente, por mais que ame a fashionista, não consigo dar cabo de biografias!

    Muitos de seus vestidos remetem as roupas de epoca, o que é lindo! Não sabia de sua origem humilde pois, como você disse, grande parte dos estilitas começa com isso como hobbie e depois investe... Mas todo artista passa por perrengues em suas vidas, somente para renascer com suas mais belas obras primas!

    Ótima resenha!

    Abraços!
    www.asmeninasqueleemlivros.com

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