A família Manzoni

Olá a todos,

Hoje trago a resenha de um livro que estava bastante animado para ler, A família Manzoni de Natalia Ginzburg.

Título: A Família Manzoni
Autor: Natalia Ginzburg
Editora: Companhia das Letras (cortesia)
Lançamento: 2017
Páginas: 496

Sinopse: Alessandro Manzoni escreveu um dos grandes clássicos da literatura italiana, o romance histórico Os noivos, de 1840. Viveu 88 anos, foi pai de família dedicado e católico de primeira linha. A primeira mulher, Enrichetta, lhe deu nove filhos. Tudo isso num cenário em que a radicalização das questões nacionais sacudia a Itália.Natalia Ginzburg, uma das principais narradoras italianas do século vinte, escolheu um ponto de vista nada épico para contar a história dos Manzoni. E o fez com sua linguagem áspera, no mesmo ritmo plano que esconde, na verdade, uma poesia secreta. A família Manzoni, publicado em 1983, é um romance montado a partir de cartas e relatos históricos. Um mergulho no universo de uma família, belo e profundo em toda a sua humanidade.

Resenha

Biografias são sempre um prato cheio pra mim – admito que sempre dou chances para autobiografias. Quando recebi A família Manzoni, percebi que Natalia Ginzburg tentava dar à luz uma biografia familiar, também chamado de retrato familiar. A verdade é que A família Manzoni se tornou uma obra singular após o final da leitura – é real, detalhado e minimalista. 

O que pranteio é algo celestial e puro.. Meu coração não está morto para os interesses da vida, para os afetos humanos; mas, aí de mim! se ainda puder reencontrar no caminho que me resta alguma felicidade.

Trata-se de um retrato sobre um importante romancista italiano do século 19, Alessandro Manzoni,escritor de Os Noivos, sua obra mais conhecida. Natalia Ginzburg começa destroçando a vida de sua mãe, Giuletta, filha de nobres que criou o filho (Alessandro) sozinha em Paris, contando apenas com a ajuda de poucos amigos – podemos incluir Fauriel, um poeta que adotou Alessandro como seu pupilo. 

Ginzburg teve ajuda da saga europeia também, na época em que Alessandro começa a escrever, a Itália está passando por um complicado processo de unificação (já falamos sobre isso na resenha de O Leopardo) e quase toda a família emigra para a cidade de Paris. Alessandro também acaba se casando com Enriccheta, filha de suíços e nascida na Lombardia. 

Não abro os olhos e não posso dar um passo sem ver algo que me lembra que você esteve aqui comigo e devo fazer um esforço para não romper em lágrimas. 

Após a mudança dos Manzoni para Paris, a cidade das luzes começa ficar deprimente ao ponto de fazer a família voltar para uma Milão cinza e em ruínas. É nesse trâmite que Alessandro Manzoni obtêm inspiração para começar a escrever Os Noivos, romance que consagraria o autor e também obteve sucesso de crítica na época. Acredito que o valor desta obra não está nos detalhes biográficos, mas sim nas perspectivas incorporadas por Natalia Ginzburg. O processo de criar uma biografia familiar - acredito que seja um bom termo para descrever a obra - vivaz e rica parece ser natural para a autora, que também já transitou na ficção.

Editado pela Companhia das Letras, a obra havia sido publicada anteriormente pela Cosac Naify (assim como quase toda a obra traduzida da autora). A edição da Cia. está incrível, além de contar com uma coleção de fotografias dos Manzoni nas primeiras 30 páginas, ela também tem um texto de capa do Cadão Volpato – por mim ele poderia ter escrito o posfácio e prefácio do livro.

Recomendo A família Manzoni para quem leu Clarice, do Benjamin Moser e também para quem gostou de O Leopardo (já resenhado no blog). Com pulso firme, uma riqueza de detalhes e fotografias líricas, A família Manzoni vira um prato cheio para o leitor que busca experiências ricas.