A cidade solitária

Olá a todos,

Hoje trago um livro importado de uma cidade que todos amam e sonham: Nova Iorque. Será que o livro foi tão interessante quanto a cidade?

Título: A Cidade Solitária
Autor: Olivia Laing
Editora: Anfiteatro (cortesia editora Rocco)
Páginas: 301
Edição: 1
Lançamento: 2017
Sinopse: Autora de Viagem ao redor da garrafa, uma minuciosa e sensível investigação sobre a relação de seis célebres escritores com a bebida, a britânica Olivia Laing se debruça agora sobre outro tema delicado, especialmente nesses tempos de “hiperconexão”. Em A cidade solitária, a autora mescla uma pesquisa bem fundamentada sobre a solidão, suas causas, sentidos e efeitos, com impressões pessoais sobre o que significa estar sozinho, a partir de sua experiência ao se mudar para Nova York. Solitária na grande metrópole, Laing passa a explorar a cidade por meio da arte, empreendendo um mergulho profundo em obras e vidas – do comovente Nightwalks, de Edward Hopper, às Cápsulas do Tempo de Andy Wharol, entre outras – para refletir sobre o quanto a solidão pode ser um fardo ou, no caso do artista, uma condição importante para o pleno desenvolvimento da criatividade.

Resenha

Admito: tenho uma queda literária por Nova Iorque. Para me apaixonar eu só preciso ler o nome da cidade em alguma sinopse ou ver alguma capa ilustrada com suas icônicas ruas, é fútil, mas é uma paixão platônica. A Cidade Solitária é mais um livro protagonizado por essas largas ruas nova-iorquinas, diferente de ''qualquer'' livro, temos aqui retratos autobiográficos e também biográficos - falaremos sobre isso logo - sobre a solidão experimentada na cidade.

Olivia Laing, autora do livro, experimentou altos e baixos quando morou na cidade. Ao ver da janela do apartamento de seu amigo, diferentes pessoas todos os dias, a autora passou a experimentar um tipo diferente de solidão: sentimento tão habitual na literatura. Após largar uma vida estável na Inglaterra, um livro de nuances e sentimentos bem definidos começa a ser tecido.

(...) o sentimento do cantar do mundo real, quando alguém é movido do mundo habitável pela solidão e pelo silêncio.

O teor biográfico do livro - rico e amplo - traz momentos de solidão experimentado por figuras famosas no cenário artístico nova-iorquino: Edwar Happer, Andy Warhol e David Wojnarowicz. Talvez a figura mais familiar para todos os leitores seja Andy Warhol, diferente do retrato que tinha do autor - um artista festivo e decidido - , Olivia consegue explicar a dor e o isolamento presenciado por Warhol.

Em contrapartida, a autora partilha de um fascínio particular por David Wojnarowicz, artista plástico e ativista da AIDs. Com uma interpretação minuciosa de quadros do autor e também de recortes da própria vida do autor, a autora intercala momentos agudos de dor com elementos biográficos da vanguardista nata artística nova-iorquina.

Ás vezes tudo o que voce precisa é permissão para sentir

O ponto mais alto da narrativa está em cada retrato poético apontado pela autora - seja pela descrição de seu próprio abismo ou pela acurada passagem de Happer, Warhol e David pelo ''isolamento'' proporcionada por Nova Iorque. Não se trata de um retrato exclusivo da solidão, seria mais como um estudo minucioso sobre o comportamento humano, mas sem aqueles dados sensacionalistas direcionados exclusivamente as emoções.

Publicado pela Anfiteatro (selo da Rocco), a edição conta com bom espaçamento, diagramação e páginas cor creme - algo raro em livros da Rocco. Só de passagem, vocês não acham esse selo da Anfiteatro parecido com o da (falecida) Cosac?

Recomendo A Cidade Solitária para os leitores que gostaram de F de Falcão da Helen MacDonald, vocês vão se identificar. A Cidade Solitária é o encontro de duas facetas bem realizadas dentro da literatura: o biográfico e o autobiográfico, seria também um encontro raro com uma poesia bem agradável.

6 comentários

  1. Amei essa história de ter uma queda literária por uma cidade, acho que tenho uma por Londres. Eu leio muitos livros que se passam na cidade e amo!
    Beijos
    Mari
    Pequenos Retalhos

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  2. Entendo o seu amor por Londres, tenho o meu amor platônico pelo Sul do nosso país. Quanto ao livro, confesso que não é o tipo que me chame a atenção, mas se tivesse a oportunidade eu leria para ver o que estou perdendo.

    Beijos.
    https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br/

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  3. Olá!
    Eu não conhecia o livro, mas achei a história bem interessante. As vezes não vemos a solidão que o outro está sentindo e parar para observar as coisas a nossa volta é muito bom.
    Amei a sua resenha e vou anotar a dica.
    Beijinhos!

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  4. "Ás vezes tudo o que você precisa é permissão para sentir" seu post ficou ótimo, muito bem explicado, sem ficar cansativo, obrigada pela dica!

    Beijos!!!

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  5. Oi Dry.

    Não conhecia o livro e ele tem uma abordagem bem interessante.Porém não conseguiu chamar minha atenção no momento, mas quero deixar a dica anotada. Futuramente posso ficar com vontade de lê-lo. Obrigada pela dica.

    Bjos

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  6. Oii
    Não conhecia o livro. Não gosto de ler livros biográficos, então deve ser por isso. Achei a temática meio depressiva. Tanta solidão em uma das cidades mais movimentadas do mundo. Passo a dica por enquanto. =)

    Vícios e Literatura

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