Romancista como vocação

Olá a todos,

Hoje trago a resenha de um livro que eu estava bem ansioso para ler. Seguem minhas impressões de Romancista como vocação:

Título: Romancista como vocação
Autor: Haruki Murakami
Editora: Alfaguara (cortesia)
Páginas: 168
Edição: 1
Lançamento: 2017

Sinopse: Haruki Murakami é um dos mais conhecidos autores contemporâneos do Japão. Quando seus livros são lançados, a imprensa noticia filas enormes nas livrarias de Tóquio e traduções para mais de quarenta idiomas. Ícone da escrita fluida, Murakami transita bem em diversos estilos narrativos: ficção, ensaio, reportagem, nada parece estar fora de seu talento literário. Para abarcar toda essa multiplicidade, chega agora Romancista como vocação, uma série de proposições sobre a escrita, a literatura e a vida pessoal do recluso escritor. Escrito na linguagem acessível típica de Murakami, este livro é um convite a todos que desejam habitar o mundo dos romancistas, bem como uma declaração de amor ao ato da escrita.

Resenha

Haruki Murakami é um grande romancista japonês, além de ter renome no mercado literário internacional, é conhecido por sua prosa fluída e dinâmica. Em Romancista como vocação, Murakami admite que é um romancista e desvenda o que está por trás desse personagem, que após a leitura, pode ser tornar ainda mais enigmático.

(...) podemos dizer que ''o escritor é aquele que tem necessidade de fazer o que é desnecessário.

Romancista como vocação, uma espécie de on writing, é um livro sumariamente sobre escrita, nele, o leitor se depara com formas de desenvolver personagens, encontrar sua forma de escrita ou algumas respostas para perguntas bem simples não-respondidas. Murakami traça um parâmetro completamente imaginável sobre o ofício da escrita, em várias partes do livro, ele assume repetidamente; sou um romancista.

Quando a originalidade está viva e em movimento, dificilmente conseguimos captar a sua forma corretamente.

Desde os pontos mais orgânicos da literatura; fisiologia dos personagens, natureza da ficção e até ferramentas narrativas, Murakami consegue atingir debates filosóficos com certo tom autobiográfico, isto é, desde já, mais que bem-vindo. Publicado pela primeira vez graças a uma seleção realizada por uma revista, o romancista japonês nunca esteve preparado para ser um "romancista", e esse é o grande ponto de especulação dentro do livro: o romancista como vocação.

Mas a sorte é puro ingresso. E o talento não é como campos petrolíferos e minas de ouro.

Com a publicação de um livro que expõe a nudez e natureza da escrita de Murakami, o autor parece encurtar a distância natural entre o leitor e escritor. A narrativa é simples e leve, mesmo que o leitor possua poucas referências, é possível se sentir em uma sala discutindo com Murakami onde colocar as vírgulas e os pontos em seu próximo romance.

Em resumo: quando o escritor cria uma obra, em certo sentido, uma parte dele também está sendo simultaneamente criada.

A Alfaguara foi a responsável pela edição brasileira de Romancista como vocação. Traduzido diretamente do japonês, a editora que é selo da Companhia das Letras, realizou um trabalho final incrível. Tanto a diagramação quanto o trabalho visual dialogam muito bem com o resto da coleção do autor no Brasil.

Recomendo Romancista como vocação para todos os escritores em potencial, é um prato cheio. Sem fazer a literatura perder sua graça e plenitude, Romancista como vocação cumpre todas suas premissas desde a primeira página; ele insere de forma breve (o provável) leitor no mundo da escrita.