Temporada dos ossos

Oiee pessoas \0/

Temporada dos ossos é o primeiro livro da série Bone Season, composta por sete livros. O segundo livro, A ordem dos clarividentes, foi lançado pela editora Rocco em maio deste ano. Posso ter me animado e feito uma das maiores resenhas que já escrevi...e me revoltado com uma coisa ou duas...haha'

Título: Temporada dos ossos

Autora: Samantha Shannon

Editora: Rocco – selo Fantástica (cortesia)

Páginas: 448

Edição: 1

Lançamento: 2016

Série: Bone Season #1

Sinopse: Distopia com uma pegada sobrenatural são os ingredientes da série Bone Season, de Samantha Shannon, que chega ao Brasil pelo selo Fantástica Rocco. Ambientada em 2059, a trama acompanha a protagonista Paige Mahoney, uma andarilha onírica, alguém capaz de entrar na mente das pessoas e captar pensamentos e fragmentos de sonhos. Considerada traidora pelo governo, Paige paga por seu dom com a sua liberdade e é enviada para uma prisão secreta em Oxford. Lá, ela conhece os Rephaim, criaturas de uma raça antiga que desejam controlar a clarividência de Paige e de outros como ela, e precisará aprender a confiar em aliados improváveis não só para reconquistar a liberdade, mas garantir a própria sobrevivência. Considerada um dos principais nomes da literatura de fantasia dos últimos tempos, Samantha Shannon entrega aos leitores um romance surpreendente e arrebatador.

Resenha

Eu me encolhi no canto do chuveiro, com os joelhos grudados no peito. Não podia me esconder ali para sempre. Eles sempre acabavam nos encontrando. – página 32

Paige Mahoney não é o que se pode chamar de garota normal. Vivendo num mundo distópico onde seres sobrenaturais existem há séculos, ela finge trabalhar num bar de oxigênio quando, na verdade, é uma andarilha onírica, com o poder de fazer seu espirito sair do próprio corpo e entrar na mente das pessoas, chegando ao ponto de possuí-las.

Existem vários tipos de clarividência, mas todos eles são tratados como doença, e as pessoas que possuem tais dons, são caçadas e presas pelo governo, desaparecendo. Ninguém sabe o que acontece com elas, pois nenhuma nunca voltou para contar história.

Sendo assim, os clarividentes possuem duas alternativas: comercializar seus poderes, trabalhando para um mime-lorde (líderes de gangues que oferecem dinheiro e proteção em troca dos talentos) ou serem presos e mortos. Paige escolheu a primeira alternativa. Sendo assim, ela trabalha para o mime-lorde Jaxon Hall, que a trata como sua favorita, mas que a pressiona para continuar testando seus limites e ir além, por mais perigoso que seja.

Melhor ser um pássaro engaiolado do que um presunto. – página 239

Até o dia em que, indo para a casa do pai (que não fazia ideia de seu dom), Paige acaba sendo pega pelo governo, e é levada para Oxford, onde existe algo chamado Sheol I. Em Sheol I, uma espécie de cidade-secreta, clarividentes são usados como escravos pelos Rephain, uma raça de criaturas que existe há mais de duzentos anos, e que são impossíveis de se matar. Todas as pessoas-clarividentes que chegam em Sheol passam a pertencer a algum Rephaim, que os treinam até que estejam prontos para defenderem a cidade dos Emim, que, de acordo com os Rephaim, são atraídos pela carne humana.

Mas poucos humanos chegaram a ver os Emim, o que faz de sua existência um mistério. Eles realmente existem, ou é só uma maneira que os Rephaim encontraram de manter todo mundo no controle?

Esse livro tem uma história muito interessante e complexa que, em alguns momentos, foi bem confusa. Principalmente no início. Eu me senti perdida (bem perdida) nas primeiras páginas, e só quando finalizei o livro foi que vi o Glossário no final. Teria sido de muita ajuda se ele estivesse no começo...haha’, porque até eu entender as coisas, já estava na metade do livro. Nas primeiras páginas, temos um mapa de Sheol I, mostrando as residências e demais construções, e também uma espécie de mapa classificando os sete tipos de clarividência. Achei bem bacana, mas são muitos tipos de clarividentes, então seria muito se eu me lembrasse de dez nomes...haha’

Gostei da protagonista, ela é esperta, sabe se virar e sabe lidar com seu dom.... Mas ela me decepcionou com algumas ações. Mas só em algumas. De resto, eu torcia tanto por ela! Paige era brava, brigava, xingava, lutava contra o que lhe parecia errado (num mundo em que vivia, praticamente tudo era errado).  Quando ela foi capturada eu tremi na base fiquei morrendo de medo do que iria acontecer a seguir, já imaginando o pior. Fiquei bem mais confusa quando ela chegou em Sheol e descobriu que seria praticamente uma escrava, obedecendo a seres de uma raça completamente estranha e vendo tamanha crueldade. Mesmo com tudo isso, achei que Paige agiu muito bem. Mas a autora deu uma bela de uma estragada na história.

Me pergunto qual a necessidade que todo mundo vê de enfiar um romance no meio de qualquer história, seja ela do gênero que for. As pessoas se apaixonam, ok. Romances são lindos e fofos, ok, concordo completamente com isso, até porque eu amo romances. Mas precisava mesmo? Eu tinha lido algumas resenhas depois de ler as primeiras páginas de Temporada dos ossos e quase desistir do livro por um tempo (porque fiquei perdida e confusa), e vi uma menina comentando sobre um possível romance na história. Então, toda vez que Paige conversava com alguém, eu já começava a imaginar se aquela pessoa seria o par romântico dela. Shippei Paige com umas três pessoas...haha’ mas quando o romance finalmente “floresceu” (felizmente demorou), eu fiquei me sentindo idiota, e passei a gostar cada vez menos da Paige. Se tem uma “fórmula romântica” que não me convence, é mestre + escrava = amor.

Claro que é uma opinião minha, e eu sou bem chatinha e crítica com romances, principalmente quando eles aparecem em distopias, isso porque às vezes, a trama para de focar no mais importante e foca no romance dos personagens. Estou com medo de que isso ocorra com a continuação de Temporada dos ossos, livro que eu, sinceramente, nem sei se vou querer ler.

Eu gostei da história, gostei mesmo. Mas não fui completamente envolvida pela escrita da autora. Enquanto algumas partes me prendiam, me deixavam tensa e eu ficava doida para ver o que iria acontecer depois, em outras eu me pegava distraída e tendo que ler o mesmo parágrafo várias vezes. O enredo é interessante (tirando a parte dos seres “indestrutíveis” que se acham os bam bam bam) e os personagens são bem construídos... Só que não deu para mim. Talvez eu leia o segundo livro, pois Temporada dos ossos acabou em um momento tenso e deixou muitas pontas soltas, e eu quero saber o que virá a seguir.... Mas eu ainda não vou com a cara desse romance. Outro ponto positivo é que a história é narrada pela Paige (que a autora nos traga o ponto de vista de outros personagens nos próximos livros, amém!), o que nos deixa ainda mais próximos de seus sentimentos, e também faz com que seja mais fácil gostar dela, principalmente com os flashbacks de seu passado.

Enfim.... Eu gostei do livro, estou curiosa para saber o que vai acontecer a seguir, mas não é bem prioridade. Achei que, para um primeiro livro, Samantha foi muito bem, principalmente na criação e desenvolvimento dos personagens. Sua escrita demorou para me prender e o romance ainda me faz revirar os olhos, mas eu gostei, a trama teve um bom desenvolvimento e é complexa na medida certa. Mas, por favor, leia o glossário primeiro :)

Os clarividentes se fortaleceram muito ao longo dos anos. Vocês estão acostumados a sobreviver. O simples fato de estarem em pé aqui, tendo escapado da captura durante tanto tempo, é um testemunho de sua capacidade coletiva de se adaptar. Seus dons se provaram inestimáveis para manter os Emim acuados. E é por isso que, ao longo de dez anos, recolhemos o maior número possível de vocês [...] Chamamos essas colheitas feitas a cada década de Temporadas dos Ossos. Esta é a Temporada dos Ossos XX. – página 61