Melodia Mortal



Título: Melodia Mortal
Autor: Pedro Bandeira, Guido Carlos Levi, colaboração do Dr. John H. Watson
Editora: Rocco (Fábrica 231)
Páginas: 239
Edição: 1
Lançamento: 2017
Sinopse: Será que Mozart foi assassinado por Salieri? Tchaikovsky morreu de cólera ou envenenamento? Chopin morreu mesmo tuberculoso? E Beethoven, foi vítima do alcoolismo? A resposta, ou pelo menos algumas hipóteses plausíveis para essas perguntas, estão em Melodia mortal, estreia na ficção adulta de um dos maiores autores para o público juvenil do país. Escrito a quatro mãos por Pedro Bandeira com o médico Guido Levi, o livro examina, à luz dos conhecimentos da medicina contemporânea, os indícios possíveis sobre as mortes polêmicas de alguns grandes compositores da música clássica. E quem conduz a investigação é ninguém menos que Sherlock Holmes, auxiliado pelo seu fiel escudeiro, o doutor John H. Watson, que narra as aventuras do detetive na empreitada. Talvez não seja possível, tanto tempo depois, elucidar a causa dessas mortes que a medicina da época não foi capaz de precisar, mas a diversão é garantida neste romance cheio de teorias científicas e enigmas que formam um intricado quebra-cabeça, na tradição da melhor literatura policial.

Obs.: Se quiserem ouvir música, indico [Nouvelle Vague - Guns Of Brixton]


Resenha:

Perdoem-me pela resenha enorme, foi inevitável...

“(...) as fraldas e os políticos devem ser trocados com frequência. E pelo mesmo motivo!”.

E é com essa frase maravilhosa que começo essa resenha. Calma, calma, não sou o tipo de pessoa que começa a discutir sobre políticos ou conteúdos de fraldas, mas foi tão certeira essa frase nesses últimos tempos que não usa-la seria um absurdo, enfim, voltando ao começo...

Sherlock Holmes e John H. Watson (ninguém nunca soube o que significa o H, a menos que você tenha assistido a série Sherlock da BBC), como sempre desvendando crimes que mentes comuns não conseguiram, porém esse livro é diferente, não são aquelas histórias que estamos acostumados a ler, ou ouvir como Um estudo em vermelho, O Cão dos Baskervilles, entre outros; esse livro traz seis contos incríveis que nos levam por associação até as mortes de músicos famosos como Mozart, Tchaikovsky, Beethoven e que foram analisados tão brilhantemente por Sherlock e Dr. John Watson.

O mais interessante nesse livro é a forma como são colocadas as pequenas coisas como o inicio dele, não é um prólogo e sim um ouverture (que com toda a certeza eu não sabia o que significava, então pesquisei e fez todo o sentido. Ouverture: Abertura; é uma introdução instrumental a uma peça coral ou dramática.), o cuidado com tudo que teria relação com a música, os nomes dos capítulos/contos, e sem mais delongas os contos...

Mentira, só mais um adendo e juro que falo dos contos. Acho bem legal falar sobre isso, nem sempre o mega blaster power dedutor Sherlock Holmes está certo, e em várias partes dessas histórias percebo John Watson “deixando” com que seu amigo pense que sim, como no dia que sua espátula de abrir correspondência sumiu, para Holmes ela teria sido usada para cortar o pão pela senhora Hudson, que sem seu óculos, teria confundido e usado algo sem serra para fatia-los, porém nada disso ocorrera, já que a espátula apenas caíra atrás da almofada da poltrona e a senhora Hudson tinha óculos reserva no caso de quebra-los, enfim isso mostra que nem sempre o mestre e inventor da investigação dedutiva estava certo.

Agora, contos.

- outro fator bem interessante do livro é que após todos os capítulos/contos existe a Reunião da Confraria dos Médicos Sherlockianos -, essa “galerinha do mal” (brincadeira, eles são incríveis), leem os capítulos/contos que John Watson escrevera tantos anos antes (neste caso 126 anos atrás) e discutem sobre as mortes desses músicos famosos, muitas das vezes concordando com Holmes em seu diagnóstico acerca da morte, e ficando também no campo das hipóteses, já que os corpos dos compositores, pianistas, estão de alguma forma impossibilitados de receberem uma exumação, seja por não terem certeza de que seja o corpo do morto que se diz ser, seja por parentes distantes que negam os exames.

Além de músicos famosos como Frédéric Chopin, Wolfgang Amadeus Mozart, Piotr Ilyich Tchaikovsky, tivemos o capítulo/conto Sinfonia Renana sobre Robert Schumann, em seu caso de morte por sífilis avançada, e como estamos acostumados com pessoas famosas, inteligentes e de muita importância nada mais natural do que almoçar com Sigmund Freud o criador da psicanálise, entre conversas sobre id, ego e superego, um novo chamado ao serviço é feito e Sherlock, Watson e Freud passam a investigar a morte de um baronete que se mostrou ser um suicídio visando à morte por culpa de seu próprio irmão o barão. – ao final desse caso li uma das conversas mais polidas e engraçadas que poderia se pensar entre dois homens conhecidos.


Tirou o cachimbo e o pacote de fumo do bolso do sobretudo. Eu saquei minha carteira de cigarros enquanto o doutor Freud fazia os preparativos para fumar seu charuto.
(...) – Interessante, herr Holmes... perdoe-me a franqueza (...) Sabe-se que o dedo médio é considerado um órgão sexual? E que também é certo que o fornilho do cachimbo signifique um perfeito símbolo da vagina (...)? Assim qualquer psicanalista que tivesse lido meus escritos poderia dizer que esse seu gesto lascivo (...) é uma típica demonstração de carência de sexo...
(...) – Verdade? Por outro lado, em seus escritos o senhor informa que o charuto é o mais óbvio dos símbolos fálicos. (...)
- Ás vezes, herr Holmes, um charuto é apenas um charuto.
- E quase sempre, professor Freud, um cachimbo é apenas um cachimbo!


Esse livro me deixou muito empolgada, saber mais coisas sobre Sherlock Holmes e suas aventuras, John Watson e sua paciência (sim paciência, porque imagine vocês tendo que aguentar um sabichão fazer indagações num frio de 3º graus), e claro conhecer os músicos mais famosos do mundo por outra perspectiva. Além da maneira como tudo é organizado, o jeito como todas as histórias são conduzida por Watson, mostrando os mínimos detalhes, até mesmo sua dificuldade de compreender alguma língua (e ainda sim consegue relatar com cuidado o que foi dito).


Ah! Já estava me esquecendo de dizer que além da clássica figura do Sherlock Holmes na capa com seu gorro de feltro com abas e seu cachimbo, na contra capa ao invés de terem colocado um breve resumo da obra, colocaram frases de outros investigadores (que claro só depois de umas pesquisas achei quem eram, porque não me lembrava mais), todas essas particularidades fazem do livro um ótimo presente (além é claro do bloco de notas maravilhozer que ganhei junto, apaixona, nem vou usar pra não acabar MUAH!).


Carol Castro

Nenhum comentário

Postar um comentário

Oiê! Muito obrigada por passar por aqui, deixe um recadinho com o link do seu blog e a gente dá uma passadinha lá mais tarde :)

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...