O livro delas

Oláá, pessoas \0/

Não sei vocês, mas eu sou completamente doida por romances, então quando vi este livro no catálogo da Editora Rocco, não resisti. Junte isso ao fato de que eu já conhecia a escrita de algumas das autoras e já gostava de suas histórias antes! Já aviso que a resenha está um pouco grande, porque falei um pouco de cada conto, mas prometo não contar demais. Bora conhecer? 

Título: O livro delas

Autoras: Bianca Carvalho, Carolina Estrella, Chris Melo, Fernanda Belém, Fernanda França, Graciela Mayrink, Leila Rego, Lu Piras e Tammy Luciano

Editora: Fábrica 231 (cortesia da editora Rocco)

Páginas: 336

Edição: 1

Lançamento: 2016

Sinopse: Nove talentos da literatura nacional, que conquistaram os corações e mentes de leitores, em um livro de contos inesquecível. Organizado por Renata Frade, responsável pelo projeto LitGirlsBr, que visa a aproximar escritoras e leitoras e fomentar o debate sobre literatura nacional, O livro delas reúne histórias de Bianca Carvalho, Carolina Estrella, Chris Melo, Fernanda Belém, Fernanda França, Graciela Mayrink, Leila Rego, Lu Piras e Tammy Luciano, e apresenta o que há de mais representativo no estilo de cada escritora. Do sobrenatural ao chick-lit, passando por romance, aventura, drama e denúncia social, a coletânea agrada desde os leitores jovens adultos aos mais velhos. Em comum, o talento das nove autoras para contar belas histórias. O texto de orelha é assinado pelo escritor Maurício Gomyde.

Resenha

O primeiro conto é da Bianca Carvalho, e conta como Daniela acabou investigando um serial killer após perder o namorado e seus amigos num acidente de carro, o qual também tirara sua vida, mas ela fora trazida de volta pelos médicos.

Tudo começa quando ela vê uma menina na praia, e a tal menina desaparece de repente. Depois disso, a tal fantasma reaparece em sua casa. Como se já não bastasse esse surto sobrenatural acontecendo em sua vida, Daniela recebe um e-mail misterioso de uma pessoa que diz poder ajuda-la, e, fazendo algo que ninguém em sã consciência deveria fazer, ela encontra-se com um estranho em plena madrugada no meio da rua.

Achei interessante a abordagem da autora neste conto, mas ele não conseguiu me fisgar. Não sei se foi pelo romance pouco desenvolvido (faltou aquela faísca, a emoção), ou por conter traços sobrenaturais, coisas que eu não gosto muito. E alguns acontecimentos me pareceram bem irreais, como o fato de Daniela ir atrás de um homem desconhecido na rua no meio da noite, portando apenas uma faca. Quem faria isso?

O quão rápido as coisas podiam mudar da noite para o dia? – página 37

*

O segundo conto é o da Carolina Estrella, e se passa em seis dias. Cansada do relacionamento abusivo no qual se encontra, Sandra pega a filha, Alana, e foge para a fazenda do pai, onde as duas ficam por alguns dias. Lá, Alana conhece o simpático Edgar, ao mesmo tempo em que mãe e filha tentam se reencontrar e encontrar também paz.

O conto não me agradou muito. Não sei se foi por conta das personagens, das quais eu não gostei muito, ou de alguns acontecimentos que me pareceram rápidos e forçados demais. Ok, ok, contos são curtos, então as coisas acontecem rápido, mas os acontecimentos deste conto não me convenceram. A história é narrada por uma narradora que conversa com o leitor, e eu achei isso interessante, mas, ainda assim, não consegui gostar muito do conto.

Que a família Lima estava despedaçada nós já sabemos, mas será que seriam capazes de encontrar a paz novamente? – página 58

*

O conto da Chris Melo, o terceiro, gira em torno de Marcela e sua superação à traição do marido. Ela teve um surto quando chegou em casa e viu Marcos com sua amante, e, desde então, vem se consultando com um terapeuta, que lhe pediu para que escrevesse um tipo de “diário”. Neste conto, a autora fala bastante sobre o amor, e sobre como as pessoas acham que, por não terem vivido um romance felizes para sempre, não amaram.

Gostei desta história, me afeiçoei à Marcela e vibrei de alegria quando ela mencionou ter reencontrado Pedro, uma paixonite da juventude, se é que posso chama-lo assim. Sabia que era uma questão de tempo até ela superar o amor que não deu certo com Marcos e encontrar um novo, mas não achei que a autora fosse colocar tanta profundidade nisso.

Como pode alguém de fora conseguir, num ato tão simples, o que você não tem conseguido nem com seus maiores esforços? – página 99

*

Fernanda Belém chega com o quarto conto em formato de cartas e e-mails, e narra o romance entre Sam e André.

Samantha esperava que, quando sua carta chegasse ao destinatário, quem a receberia seria Eduardo, antigo amigo de infância com quem perdera o contato há 20 anos. Mas não foi isso o que aconteceu. Quem recebeu, abriu, leu e respondeu sua carta foi André, o novo morador da casa onde Edu deveria morar.

Após isso, eles acabam correspondendo-se mais algumas vezes, conversam sobre coisas banais, sobre os trabalhos e muitas outras coisas, mas nem mesmo sabiam como era o rosto do outro. Foi bem legal acompanhar o relacionamento recém adquirido da dupla, a amizade entre eles ocorreu de forma rápida, mas o romance levou o tempo certo. Gostei do desenvolvimento da história e dos personagens, e achei que o final não poderia ter sido melhor.

Sem nem me conhecer, sem nem mesmo ter escrito para mim, naquele dia você me fez bem. – página 151

*

Você já se imaginou vivendo num mundo sem amor, onde as pessoas não conhecem o sentimento? É neste mundo que Fred vive, e é a história dele que Fernanda França nos apresenta, no quinto conto.

Fred é diferente das outras pessoas. Ele consegue sentir amor pelos outros, mesmo não sabendo como chamar tal sentimento. Ao encontrar as cartas de seu bisavô, porém, ele descobre que o mesmo também possuía esse dom de amar, e que o bisavô de seu bisavô também o tinha. Sendo assim, o bisneto de Fred também possuirá tal dom.

Ele então conhece a história de amor entre seu bisavô e outra mulher, que não é sua bisavó. A partir disso, ele descobre que a tal mulher e sua família também conseguem amar, e, bom, acho que eu não posso falar mais do que isso.

Confesso que não gostei muito do conto.... Achei a premissa interessante, mas não consegui gostar de nenhum personagem, acho que estava com expectativas muito altas, pois já tinha lido um livro da autora antes e adorado. É uma pena.

As gerações pulam, mas o amor sempre volta. O mundo muda, as pessoas se transformam, mas o amor é o sentimento mais persistente de todos. – página 199

*

O sexto conto se passa num dos momentos mais tensos da vida de alguém: o fim da faculdade. O que fazer depois? Amália e seus colegas de turma estão passando por isso, e ela está um tanto irritada por não ter sido escolhida como oradora da turma, perdendo para Guilherme, o palhaço sem noção. Ela é uma mulher que gosta de planejar, mas nada está saindo como queria.

Achei interessante ver que os outros personagens não gostam tanto de Amália, por ela ser controladora e certinha, mas a autora, Graciela Mayrink, fez algo que me surpreendeu, e também aos personagens: ela os aproximou. Eu gostei deste conto, mas, mais uma vez, esperava mais. Acho que, por já ter lido algo da Graciela antes, imaginei que o conto dela neste livro seria mais espetacular, mas fiquei um pouco decepcionada. Ainda assim, o final me deixou com gostinho de quero mais.

Faça sua própria felicidade e corra atrás dos seus sonhos. [...] Você tem o mundo aos seus pés e ainda não se deu conta disso? – página 221

*

O conto de Leila Rego mostra quatro melhores amigas que estão se formando na faculdade de Economia. Como a festa de formatura está um porre, elas decidem dar uma volta, e se divertem longe dos olhares dos outros estudantes, que estavam separados em panelinhas pelo salão. Tainá, Marli, Lurdinha e Rebeca fazem então um pacto: voltariam para Foz do Iguaçu a cada dez anos para comemorar a formatura mais uma vez, só as quatro.

Gostei deste conto, ver as personagens ao longo dos anos foi muito bom, principalmente porque deu para ver que nem todos os sonhos delas se realizaram, e que elas continuaram amigas por todo aquele tempo. Também gostei do romance, e das personagens. Além do desfecho da história, que também conseguiu me agradar.

Minhas amigas tinham o dom de me arrancar do fundo de qualquer poço e me fazer emergir para começar, nem que fosse por uma noite. A amizade delas era o que me fazia acreditar no ser humano. – página 238

*

Já Lu Piras chega com um conto lindo que me arrancou suspiros desde as primeiras páginas. Órfã desde os 13 anos de idade, quando seus pais morreram, Iris foi adotada pelos vizinhos da vila onde morava, que se revezavam para cuidar da menina. Agora, ela trabalha no restaurante do seu Eliseu, onde canta todas as semanas para ninguém. Ninguém aparece para vê-la cantar, mas Iris já está acostumada a não receber aplausos após suas apresentações.

Até que um novo morador surge: Nicolas, neto da dona Marilia, um rapaz que insiste em maltratar sua guitarra e deixar os vizinhos doidos da vida. Some isso ao fato de que todos os vizinhos são idosos, e você terá pessoas bem irritadas. Mas, da mesma forma que consegue ser um péssimo guitarrista, Nicolas é um rapaz muito apaixonante, e, felizmente, Iris também perceberá isso.

Eu adorei este conto, e queria muito que se tornasse um livro...haha’ Gostei da construção dos personagens, e até os personagens secundários são apaixonantes, sem contar que o desfecho é muito lindo e fofo. Sem dúvidas, o meu conto favorito do livro todo.

Era o que a música fazia comigo. Ela ainda abriu espaço nas ruelas escuras e silenciosas para que eu pudesse passar sem medo do desconhecido. Enquanto eu pudesse ouvir música, não sentiria falta das estrelas. – página 272

*

E, por fim, o último conto, da Tammy Luciano. Eu já tinha lido um livro da Tammy antes, mas, como não gostei muito, estava receosa em relação ao conto dela neste livro. Pode-se dizer que eu fui surpreendida, principalmente com o final, que fechou o livro com chave de ouro.

Lua não se lembra do que acontecera na noite anterior. Ela acorda pela manhã numa boate vazia, junto com um desconhecido: Sol. Preocupada em sair da ilha onde fica a boate, Lua imagina se as amigas estão ao menos pensando nela. Por que insistira em ficar, ao invés de acompanha-las para casa? E por que diabos ela e Sol estão fugindo de homens armados?

De início eu não tinha gostado muito dos personagens, mas ao longo das páginas, fui me afeiçoando a eles, imaginando o que aconteceria depois. Não aconteceu o que eu imaginava, obviamente, mas eu não poderia ter pensado em final melhor que o da Tammy! E eu adorei que o nome dos personagens era Sol e Lua. Acho que o nono conto fica em segundo lugar dos nove no meu ranking!

[...] E, finalmente, Lua e Sol se encontraram. – página 332

 *