O garoto do cachecol vermelho

Título: O garoto do cachecol vermelho

Autora: Ana Beatriz Brandão

Editora: Verus (cortesia)

Páginas: 294

Edição: 1

Lançamento: 2016

Sinopse: Melissa é uma garota linda, rica e mimada, que sempre consegue o que quer e tem todos na palma da mão. Ela acredita que a carreira de bailarina é a única coisa que realmente importa, porém, suas certezas são abaladas quando faz uma aposta com um garoto misterioso, que parece ter como objetivo virar sua vida de cabeça para baixo. De repente, Melissa se vê dividida entre dois caminhos: realizar seu maior sonho, pelo qual batalhou a vida inteira, ou viver um grande amor. Mas, não importa aonde ela vá, todas as direções apontam para o garoto do cachecol vermelho.... Com esta história intensa e apaixonante, Ana Beatriz Brandão vai emocionar e surpreender o leitor, provando que é uma jovem autora que tem muito a dizer.

Resenha

Tudo o que Melissa deseja é entrar para a tão famosa faculdade de Juiliard, nos Estados Unidos. Para isso, ela precisa treinar muito, e ser a melhor bailarina que o mundo conhece, focando em sua carreira e somente nisso. Baladeira, rica, mimada e insuportavelmente irritante, Melissa possui um relacionamento conturbado com sua mãe, e seus amigos são apenas amigos por aparências. Ela é popular na faculdade, portanto, deve andar somente com os da sua classe.

Até que, na noite de Ano Novo, ela conhece Daniel, um garoto que está sempre usando um cachecol vermelho e andando com pessoas que, para Melissa, são aberrações. Ela implica com Daniel assim que o vê, e, sendo quem é, insiste em se sentir a dona do mundo e tentar humilhá-lo. Mas não consegue, é claro.

Daniel é um dos personagens mais cheios de vida que eu já conheci. Usando os cachecóis vermelhos por um motivo lindo, ele é amigo de todos, ajuda a todos e, mesmo Melissa sendo um saco (para não falar outra coisa), ele insiste em querer ajuda-la. Daniel é uma pessoa que parece acreditar no melhor dos outros, e também que alguém pode mudar.

“[...] você é a pessoa mais estressada, preconceituosa, egoísta, materialista e antipática que eu já conheci... E mesmo assim eu gosto de você. Gosto do tipo: ei, ela merece uma chance de se redimir, não é? Posso tentar ajudar! ” – página 70

Acho que, todo mundo que leu este livro, odiou Melissa de primeiro. E não tem como não a odiar. Ela acha ser a dona do mundo, a dona da razão e que todos os outros existem para servi-la. Tem nojo de quem não é rico como ela, medo de ser infectada quando passa perto de algum cadeirante, surdo ou portador de alguma deficiência ou necessidade especial, e, o pior de tudo: é chata pra caramba. Mas, calma lá que melhora!

Daniel faz uma aposta com Melissa após alguns encontros não tão amigáveis entre os dois, e, sabendo que não tem muito a perder, ela aceita: Melissa teria que acompanha-lo para todos os lugares que ele fosse, sem reclamar, por um determinado tempo. Se ela sentisse que Daniel não estava fazendo-a ver o mundo de outra forma, ela poderia simplesmente acabar com o acordo.... Mas ele tinha certeza de que mudaria Melissa, e eu torcia muito para que isso acontecesse.

Era como se eu estivesse perdida, num modo automático quase permanentemente, agindo como todos achavam que deveria, mantendo as aparências, correndo atrás do que seria o meu sonho e lutando para chegar lá mesmo que tivesse que passar por cima de qualquer um para alcança-lo. – página 12

Acho que eu não preciso dizer o quanto gostei de Daniel, né? Mas eu vou dizer! Pense em alguém apaixonante, amável e com o coração mais carinhoso.... Pensou? Este é o Daniel. Às vezes eu torcia para que ele desistisse de querer ajudar a Melissa e fosse conversar com alguém que não tivesse nojo e repulsão a tudo, mas entendia os motivos de sua insistência. Melissa era uma pessoa horrível no início do livro, mas, comparando-a com a Melissa do final, elas nem parecem ser a mesma pessoa. Essa foi uma das coisas que eu mais gostei no livro, o amadurecimento da protagonista ao longo das páginas, e o desenvolvimento da amizade dos dois também.

Suspirei. Mais uma semana e meia com aquele garoto e eu estaria acabada, com o coração em pedaços, porque a cada gesto gentil dele, e a cada palavra que dirigia a mim, mais eu gostava dele. – página 166

Outra coisa que eu amei na história foi o fato de Daniel ser um garoto cheio de luz. Que menino incrível! Ele tratava todos com tanto carinho, com tanta atenção. Visitava hospitais para colocar um sorriso no rosto de pacientes em fase terminal, e tantas outras coisas. Era um saco vê-lo levar patadas de Melissa, mas ele insistia, então a gente engole. De início eu queria que alguém mandasse ele parar de ser trouxa e deixar Melissa do jeito que estava, mas, novamente, eu consegui entender seus motivos, e torcia para que desse certo.

Esse livro é mais profundo do que aparenta. Não fica girando em torno de dois personagens completamente diferentes que se odeiam de início, mas que vão aprendendo as coisas juntos ao longo da história. O garoto do cachecol vermelho tem uma grande dose de drama (amo!), e é muito bem desenvolvido. A escrita da Ana Beatriz é mais madura e leve do que eu imaginava, e isso me surpreendeu bastante. A história conseguiu me fazer sorrir, rir, sentir raiva, ódio, tristeza, e, por fim, aquele aperto na garganta de emoção. Não vou falar mais do que isso, é claro.

Eu não tinha expectativas para este livro, mas, se tivesse, elas teriam sido batidas. O livro é apaixonante, e, se você estiver lendo e odiando a Melissa, querendo abandonar a leitura por conta disso, NÃO O FAÇA! Continue, engula as chatices dela e aguarde as partes boas, porque elas virão, pode ter certeza disso. Vocês sabem que eu sou uma manteiga derretida em relação a tudo, então não é bem surpresa que eu me emocionei, mas vi que muita gente de coração de pedra (palavras deles, não minhas) também chorou com essa belezinha, então fica a dica.