Uma canção de ninar

Oiee pessoas, tudo bem com vocês?

Sim, eu sei que o blog ficou abandonado por alguns dias, mas já estamos de volta, e com tudo, ainda por cima! Eu sou uma grande fã da Sarah Dessen, mas quem leu e resenhou o mais novo livro dela, Uma canção de ninar, foi a Carol, e ela vai contar o que achou da história. Bora?

Título: Uma canção de ninar

Autora: Sarah Dessen

Editora: Seguinte (cortesia do Grupo Cia das Letras)

Páginas: 352

Edição: 1

Lançamento: 2016

Sinopse: Remy não acredita no amor. Sempre que um cara com quem está saindo se aproxima demais, ela se afasta, antes que fique sério ou ela se machuque. Tanta desilusão não é para menos: ela cresceu assistindo os fracassos dos relacionamentos de sua mãe, que já vai para o quinto casamento. Então como Dexter consegue fazer a garota quebrar esse padrão, se envolvendo pra valer? Ele é tudo que ela odeia: impulsivo, desajeitado e, o pior de tudo, membro de uma banda, como o pai de Remy — que abandonou a família antes do nascimento da filha, deixando para trás apenas uma música de sucesso sobre ela. Remy queria apenas viver um último namoro de verão antes de partir para a faculdade, mas parece estar começando a entender aquele sentimento irracional de que falam as canções de amor.

Resenha

Remy acabou de terminar o ensino médio, e em algumas semanas irá para a faculdade no outro lado do país, bem longe de tudo o que conhece. Era o que sempre quis, deixar tudo para trás e recomeçar, sozinha. Filha de um cantor famoso de um só sucesso, que morreu quando ela tinha dois anos e nunca chegou a conhecê-la, ele escreveu sua música de maior sucesso para Remy, quando ela nasceu. A mãe, uma escritora que estava no quinto casamento, com suas aventuras e romances que pouco duravam, tornaram Remy uma cética e descrente em relação ao amor e às relações amorosas. Seu irmão também costumava compartilhar com Remy um pouco dessa descrença amorosa, mas agora ele namora uma garota certinha e perfeita, então ninguém a entende mais. Remy é controladora e organizada. Sua relação com os garotos é simples e descomplicada: ela não deixa ficar sério demais; todos os garotos se encaixam em suas especificações e tudo está bem, pois o amor não vale o investimento.

Mas então Remy conhece um cara que é totalmente oposto a tudo o que ela é e o que ela espera de um garoto. Ele é irritante e tudo nele a irrita, desde seus cadarços desamarrados até seu jeito de andar. Mas eles vivem se esbarrando, por mais que ela não queira. Dexter é o vocalista de uma banda que é convidada para tocar na festa do quinto casamento de sua mãe, e nas terças à noite em sua boate preferida. Ela tem uma regra de nunca sair com músicos, uma vez que seu pai era músico e isso não deu muito certo para a mãe, certo? Mas ela não consegue evitar. E ela tenta. E muito.

Os livros da Sarah Dessen para mim são meio sorte: o primeiro que eu li, não gostei nadinha, nem consegui levar adiante. O segundo começou fraco, mas pouco antes da metade eu não conseguia largar. Esse é o terceiro livro que leio dela, e confesso que me animei bastante principalmente por causa da capa (sou daquelas que julga muito o livro pela capa, coisa de designer) que me pareceu se tratar de um livro mais descontraído do que meloso e clichê. Nada contra clichês, mas é gostoso ler uma coisa diferente às vezes. Mas não me animei com o livro logo no começo. Eu não costumo ler resenhas e nem mesmo a sinopse do livro antes de lê-lo, pois gosto de me surpreender com o rumo da história, mas no caso desse livro, foi bastante previsível. 

Não gostei muito da Remy, e acredito que seja por ela ter essa visão de mundo em que sempre está certa, e que pode controlar tudo o que acontece na sua vida. Senti admiração pelo modo como ela lida com a família e com os diversos “traumas” acumulados ao longo de sua vida pela personalidade de sua mãe e o jeito como ela lida (ou não) com as coisas. Mas com relação à sua vida amorosa, achei que a Remy é bastante chatinha e que precisa muito de um choque de realidade, ou uma sacudida do tipo, “Cara, acorda. Larga de drama e curte o momento!” Mas tá bom né, a gente aprende a suportar as personagens, revirando os olhos nos momentos certos e rindo nos outros.

Eu adorei o Dexter. E não só porque ele tem um cachorro (o nome dele é Macaco), e eu amo cachorrinhos, mas por ele ser totalmente o oposto da Remy e totalmente imprevisível. Ele sacode o mundinho perfeito e planejado dela e isso me fez engatar a leitura e ficar ansiosa para saber o que iria acontecer. 

“Eu não perdia tempo com as possibilidades, enquanto ele mergulhava nelas. Pessoas como Dexter corriam riscos como cães perseguem cheiro de comida, pensando apenas no que haveria adiante, nunca racionalizando. Era bom sermos apenas amigos. Se é que somos mesmo. Nosso relacionamento nunca teria durado. Sem chance.” (p.268)

Acho que parte do problema de não ter ido muito com o jeito da Remy, é que no fundo eu enxerguei muito de mim nela. A parte de não se arriscar, de não querer sair da zona de conforto. Pois por mais céticos que sejamos sobre as coisas, elas podem sempre nos surpreender ou nos decepcionar. Mas não somos nós que escolhemos isso. Só escolhemos nos arrepender de ter feito ou nos arrepender de não ter feito. Acho que o segundo caso é mais grave. Remy deixa de viver com medo de apostar. No amor. Nas possibilidades, que ao contrário do que ela pensa, não se encaixam em uma equação, e não são um investimento. Como todo autor tenta através de seus livros e seus personagens, nos ensinar algo, Sarah Dessen conseguiu mais uma vez me deixar satisfeita com sua obra, e feliz por ter dado uma chance à possibilidade de que esse livro não fosse de todo tão mal, e ter me surpreendido no final ao ter aprendido com Remy e Dexter. 

Carol Almeida