Belgravia

Título: Belgravia

Autor: Julian Fellowes

Editora: Intrínseca (cortesia)

Páginas: 432

Edição: 1

Lançamento: 2016

Sinopse: Ambientada nos anos 1840, quando os altos escalões da sociedade londrina começam a conviver com a classe industrial emergente, e com um riquíssimo rol de personagens, a saga de Belgravia tem início na véspera da Batalha de Waterloo, em junho de 1815, no lendário baile oferecido em Bruxelas pela duquesa de Richmond em homenagem ao duque de Wellington.
Pouco antes de uma da manhã, os convidados são surpreendidos pela notícia de que Napoleão invadiu o país. O duque de Wellington precisa partir imediatamente com suas tropas. Muitos morrerão no campo de batalha ainda vestidos com os uniformes de gala.
No baile estão James e Anne Trenchard, um casal que fez fortuna com o comércio. Sua bela filha, Sophia, encanta os olhos de Edmund Bellasis, o herdeiro de uma das famílias mais proeminentes da Bretanha. Um único acontecimento nessa noite afetará drasticamente a vida de todos os envolvidos. Passados vinte e cinco anos, quando as duas famílias estão instaladas no recente bairro de Belgravia, as consequências daquele terrível episódio ainda são marcantes, e ficarão cada vez mais enredadas na intrincada teia de fofocas e intrigas que fervilham no interior das mansões da Belgrave Square.

Resenha

Em 1815, o mundo dos Trenchard se chocou com o dos Brockenhurst. Sophia, a filha de James e Anne Trenchard, estava apaixonada por Edmund, filho de Peregrine e Caroline Brockenhurst. Mas tal relacionamento não podia acontecer, pois Sophia era filha de um comerciante, e Edmund possuía como herança um ducado, sendo assim, ele deveria casar-se com alguém à altura.  Ela não era o partido ideal para o rapaz, mas ele não parecia se importar. Até que Napoleão invadiu a Grã-Bretanha, fazendo com que Edmund fosse para a guerra.

Quando isso aconteceu, tanto os Brockenhurst quanto os Trenchard estavam no lendário baile dos Richmond, em Bruxelas. Os Trenchard não deveriam estar lá, afinal, eram vistos com maus olhos, já que não passavam de comerciantes, mas eles estavam, e, naquela noite, antes de os cavalheiros partirem para a guerra trajando suas roupas de gala, Sophia começara a chorar desesperadamente, mas não só porque Edmund estava partindo. Algo mais tinha acontecido.

Pulamos então para 1840, vinte e cinco anos depois dos acontecimentos. As duas famílias agora vivem em Belgravia, um bairro chique, e os Trenchard deslancharam muito na pirâmide social, sendo que agora são muito mais ricos do que jamais foram. Mas ainda não podem ser considerados da alta classe, já que James continua sendo um homem de negócios, e não um conde, duque ou coisa do tipo. Aquele baile em Bruxelas ainda é uma lenda, e mudara para sempre a vida das duas famílias, tanto que ambas ainda enfrentam os acontecimentos daquela noite.

A história gira em torno de um segredo escandaloso que ambas as famílias precisam guardar, mas tal segredo não nos é revelado de imediato, e poucos personagens o sabem. Mas muitos outros tentam desvendar o tal segredo ao longo do livro, e essa é a parte interessante: ver as investigações, as intrigas, as fofocas, as brigas, os escândalos. Outro fator positivo da obra é que ela possui um conteúdo histórico muito grande, além de ser bem descritiva, o que faz o leitor realmente ver a cena na cabeça.

Mas essa descrição toda deixou a obra um tanto lenta e cansativa, de forma que eu demorei bastante para finalizá-la. Com bastante eu quero dizer mais do que eu imaginei que demoraria.

Outro fator que contribuiu para isso foi o fato de que eu me perdi um pouco no início, com tantos personagens, e demorei um pouquinho para me situar, mas, infelizmente, não me afeiçoei a nenhum personagem, então eu não tinha tanta animação para finalizar a história e ver o que aconteceria no final.

Mas, a propósito, por quanto tempo ela conseguiria manter o próprio segredo? Por quanto tempo eles continuariam desfrutando a sorte antes que tudo desabasse sobre a cabeça de todos? – página 111

Enfim, eu não falei muito da história por medo de contar demais, já que o livro tem muitos detalhes, e se eu contasse um que fosse estragaria a leitura de quem ainda vai lê-lo, mas já dá para se ter uma noção dos personagens e do foco da história. Destaco aqui Oliver Trenchard, filho de James e Anne, um rapaz mimado que nunca se moveu para trabalhar ou para lutar por algo, que sempre teve tudo de mão beijada e que, ainda assim, sofria por não ter a aprovação do pai. Também destaco Maria Grey, uma jovem importante na história que, além de ser muito inteligente, não é nem um pouco fútil. Sophia também não o era, mas ela não conseguiu me conquistar.

James e Anne Trenchard também são personagens interessantes. Ele é um homem ambicioso, sempre desejoso de participar de eventos chiques e de clubes para cavalheiros, e ela sempre comparecendo a tais eventos (mesmo não querendo) em apoio ao marido. Gostei do fato de eles serem comerciantes e terem ascendido tanto, chegando a participar de bailes organizados por duquesas e cujos convidados são duques. Mas isso não significa que eles são bem vistos, que são respeitados como os condes, duques e viscondes são.

Ele sabia que não era o candidato ideal, mesmo com as regras mais liberais do clube, afinal, ser filho de um comerciante não era o tipo de linhagem mais admirada pelos bastiões do Establishment. Mas Deus seria tão cruel a ponto de fazer com que ele fosse rejeitado? – página 178

Enfim, eu sou louca por romances históricos, mas este não me agradou. Acho que sou mais as Julias, Lisas e Lorettas da vida, mas Belgravia não deixa de ser uma dica válida para quem curte um romance histórico mais misterioso e sério. Queria agradecer a editora Intrínseca pelo convite para participar da ação de ler e resenhar Belgravia, que, mesmo não me agradando totalmente, foi uma leitura boa até.