Mar morto

Já faz quase um ano desde que li Mar morto, de Jorge Amado, mas ele faz parte da série "resenhas esquecidas no computador", então só agora está sendo postado aqui no blog. Uma das minhas metas para este ano é ler mais livros do autor (me tornei fã ao ler o primeiro), e realmente espero conseguir batê-la. Enquanto isso, lhes apresento Mar morto:

Título: Mar morto
Autor: Jorge Amado
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 288
Edição: 1
Lançamento: 2008
Sinopse: A vida dos marinheiros no cais de Salvador, com sua rica mitologia que gira em torno de Iemanjá, é o tema central de Mar morto, um painel lírico e trágico sobre a luta diária desses trabalhadores pela sobrevivência. Personagens como o jovem mestre de saveiro Guma parecem prisioneiros de um destino traçado há muitas gerações: os homens saem para o mar que um dia os tragará, levando-os com Iemanjá para as lendárias terras de Aiocá, e as mulheres os esperam resignadas no cais. No dia em que eles não voltarem, elas cairão na miséria ou na prostituição. Lívia, amada que busca em vão libertar Guma do chamado do mar, desempenhará um papel pioneiro na mudança de condição da mulher. Em torno de Guma e Lívia entrelaçam-se os dramas de inúmeros personagens muito vívidos: do preto Rufino e sua volúvel mulata Esmeralda; do velho Francisco, tio de Guma, que conserta redes desde que se tornou incapaz de enfrentar o mar; da valente e desbocada Rosa Palmeirão, de punhal no peito e navalha na saia.
Resenha

É doce morrer no mar... – página 54

Essa é a história de marinheiros da Bahia, de homens que embarcam em saveiros confiando que um dia serão levados por Iemanjá, aquela de cinco nomes, e de mulheres que choram a perda de seus pais, irmãos, filhos, levados pelas águas da deusa. É a história de Guma e Lívia, de Mestre Manuel, de Rosa Palmeirão, de Esmeralda, dos negros, dos mulatos. É a história do mar morto.

Criado pelo tio, Guma aprendeu a manejar um saveiro desde cedo, tem fama pelo cais e é apaixonado por Lívia desde o momento em que colocou os olhos nela. Procurando Guma para agradecê-lo por ter salvo seus tios, Lívia deixa de lado o desejo de uma vida melhor para casar-se com um marinheiro e levar a vida sofrida que as mulheres do cais vivem. Ela deseja muito que o marido largue o mar e vá morar na cidade Alta, onde a vida é um pouco melhor. Mas Guma foi criado no mar, ele é do mar, e não poderia abandonar o destino de ser levado por Iemanjá quando morresse.

O destino deles já estava traçado. Era a proa de um saveiro, os remos de uma canoa, quando muito as máquinas de um navio, ideal grandioso que poucos alimentavam. O mar estava diante dela e já tragara muitos alunos seus, e tragara, também, seus sonhos de moça. O mar é belo e é terrível. O mar é livre, dizem, e livre são os que vivem nele. – página 48

Mas, assim como em outros livros do autor (pelo menos no que eu já li), a narração não foca em apenas um personagem, ou em dois. São muitos os personagens de Mar morto, todos muito bem construídos, e as críticas sociais são várias, passando pela miséria, prostituição, assassinato, traição e a condição da mulher. A escrita de Jorge Amado é uma das minhas favoritas, a forma como o autor foi capaz de trazer a linguagem falada da Bahia para sua história é incrível, e mais incrível ainda é a forma como tudo se desenvolve no romance.

Uma parte do final eu cheguei a cogitar, mas não ele todo. Não me emocionei, mas fiquei impressionada com a coragem dos personagens, principalmente de Lívia, para quem eu não dava nada até a metade do livro. Antes disso, o foco maior parecia estar em Guma, mas, após algumas ações suas, minha atenção ficou toda em Lívia, e eu passei a admirá-la.

O romance entre os personagens principais (Lívia e Guma) também é muito bonito, mas ele não é previsível. Eles são seres humanos, suas ações não são perfeitas e eles estão longe também de o serem. Não é um romance que se vê todos os dias, que se encontra em qualquer lugar. Foi amor à primeira vista, mas também foi amor carnal, foi amor traíra, amor sofrido, amor de miséria. Um amor que não agradava a todos.

Gostei muito deste livro, mas ele não chega aos pés do meu queridinho do autor: Capitães da Areia. Ainda assim, é uma obra incrivelmente maravilhosa, com personagens marcantes e uma narração sem igual. Estou doida para ler mais histórias do Jorge, e me alegra saber que ainda existem muitas para conhecer.

Na água plúmbea e pesada do mar morto de óleo corre como uma assombração a luz de uma vela à procura de um afogado. É o mar que morreu, é o mar que está morto, que virou óleo, ficou parado, sem uma onda. Mar morto que não reflete as estrelas nas suas águas pesadas. – página 270


E vocês, já leram algum dos livros do autor? Gostaram?

5 comentários

  1. Ei Dhry!
    Menina, não leio Jorge Amado desde os meus 15 anos kkkkkkkk, e só li capitaes de areia e nem me lembro mais, estava com planos de montar uma coluna com clássicos esse ano, e acho que voltar as relíquias do colégio seria um ótimo começo. Você me inspirou kkkkkk vou colocar o rei na lista. E me explica, como assim resenhas esquecidas? Kkkkkk

    Beijokas

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    Respostas
    1. Oii Kelly ^^
      "Capitães da Areia" é meu favorito até agora ♥ espero que você consiga ler alguns livros do Jorge...haha'
      Então, eu tenho a péssima mania de ler/resenhar livros e esquecer de postar as resenhas aqui no blog, aí elas ficam paradas no computador...hehe'

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  2. Nunca li a obra nem o autor, mas me interessei bastante pelo livro! Parece super interessante!
    Parabéns pelo post, adorei!
    by: atravesdaescrita.blogspot.com

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  3. Olá! Nunca li nada do Jorge Amado, só as adaptações deles. MAs achei interessante a premissa dele, fiquei curiosa para saber sobre esses marinheiros e o que vai acontecer com eles, beijos!
    Entre Livros e Pergaminhos

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  4. Olá Dryh,

    Eu amo Jorge Amado, dele eu já li "Capitães de areia" e "Gabriela, cravo e canela". Os livros dele são realmente incríveis, fico impressionada com a capacidade dele de narrar sobre vários personagens tão complexos e ao mesmo tempo fazer muitas críticas sociais em uma única narrativa. Esse livro já entrou para minha TBR.

    Beijos e obrigada pela recomendação...
    Parabéns pela resenha
    www.blogancoraliteraria.blogspot.com.br

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