Alguém se lembra do clássico livro/filme Trainspotting? Hoje trago a resenha de A Vida Sexual das Gêmeas Siamesas, do mesmo autor. Espero que gostem.
Autor: Irvine Welsh
Editora: Rocco (cortesia)
Edição: 1
Lançamento: 2016
Páginas: 418
Sinopse: Autor de Trainspotting, ícone da literatura e do cinema dos anos 1990 que revelou o submundo das drogas e a falta de perspectivas de toda uma geração em sua Edimburgo natal, o escocês Irvine Welsh, que participa da FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty), de 29 de junho a 3 de julho, lança no Brasil A vida sexual das gêmeas siamesas. No novo livro, Welsh novamente revela o humano e o grotesco da sociedade ocidental, ao contar a história de Lucy Brennan e Lena Sorenson, duas mulheres muito diferentes que se veem intimamente ligadas após um incidente. Na agressiva e desbocada Lucy, bem como no seu oposto, a vulnerável e manipuladora Lena, o autor criou duas de suas mais memoráveis protagonistas femininas e mostra mais uma vez por que é um dos maiores nomes da ficção contemporânea
Resenha
Irvine Welsh, autor consagrado pelo sucesso de Trainspotting, gosta de tocar em feridas - acho que já deixei claro que gosto bastante disso. Os excessos e futilidades de Miami se juntam a relações interpessoais em A Vida Sexual das Gêmeas Siamesas.
Lucy é uma personal trainer completamente obcecada com sua imagem. Após uma transa fracassada ela acaba salvando a vida de dois desconhecidos ao imobilizar um atirador enquanto voltava de carro pra casa. Lena, uma artista plástica 'gordinha', acaba filmando o ato heroico de Lucy, definindo-a como uma legítima heroína para a mídia e para os policiais de Miami.
Lena acaba ficando obcecada por Lucy, ela tenta de qualquer jeito estabelecer algum contato ou relação com a personal trainer - que ama criticar suas clientes por tentaram ter um corpo igual ao dela. O que as duas personagens têm em comum? O gosto por falar da vida sexual das gêmeas siamesas famosas na televisão norte-americana.
Só uma coisa une tudo: o amor pela sordidez pura e inalterada.
Caso palavrões, falas politicamente incorretas ou descrições explícitas e tristes sobre sexo te incomodam, Irvine Welsh não é teu tipo de leitura. Se o que você procura se resume a sinceridade e algumas risadas estridentes, sente-se e tome um café, será uma boa leitura.
Diferente de Trainspotting, onde Welsh falava (também explicitamente) sobre o mundo do vício e dependência das drogas, aqui ele consegue ser ainda mais abrangente, criticando a superficialidade das relações e da mídia ultrajante, sempre com uma tirada de bom humor para quebrar o tom crítico acirrado. Os capítulos são intercalados pela narração em primeira pessoa de Lucy e também pelo diário matinal de Lena, onde cada fato passa pela íris dessas duas personagens femininas bem diferentes.
A narrativa criada por Irvine Welsh consegue ser 'pesada' e direta, desta vez não temos mais as gírias escocesas pintando cada fala. Caso seja da tua vontade conhecer a obra do escocês, comece por A Vida Sexual das Gêmeas Siamesas, é de mais fácil compreensão quando comparada com o icônico Trainspotting. O livro foi editado pela Rocco, assim como parte da obra do autor no Brasil.
Recomendo A Vida Sexual das Gêmeas Siamesas para os leitores de Trainspotting e Enclausurado do Ian McEwan - esse tom macabro permanece. Com um olhar crítico afiado e certamente abrangente, Irvine Welsh cria personagens interessantes que retratam a superficialidade de algumas relações humanas.
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