Serena

Olá a todos!

Hoje eu trago a resenha do segundo livro que eu li do Ian McEwan, o primeiro foi Amsterdam e Serena, como já dito, foi o segundo e o melhor até agora.

Título: Serena
Autor: Ian McEwan
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 384
Edição: e-pub
Lançamento: 2012

Sinopse: Desde o sucesso do romance Reparação, a expectativa gerada por um lançamento de Ian McEwan é sempre imensa. Serena pode ser o livro que mais corresponde a essa expectativa, não só por se tratar mais uma vez de uma personagem feminina que revê um momento histórico relevante (aqui, o começo da década de 70), mas, sobretudo, por permitir que o leitor reviva a discussão sobre os limites da literatura como reelaboração da realidade.
Ao ser contratada pelo MI5, o Serviço Secreto Britânico, a protagonista Serena se vê como participante de uma mentira cujo objetivo é fomentar a criação de uma ficção. Isso porque ela é incumbida de estabelecer contato com um escritor a quem não pode contar que é uma espiã, nem que o dinheiro que ele passará a receber virá do Estado. Mas o contexto de toda essa armação é uma guerra muito real, num período bastante violento da história da Inglaterra, especialmente por causa da atividade do IRA.
E, para Serena, o caso envolve ainda sua vida pessoal, tanto no que se refere a seu antigo amante, que a introduziu no MI5, quanto no que se refere ao escritor que é vítima do ardil, por quem acaba se apaixonando. Ela é, portanto, agente e vítima, personagem e criadora, num romance em que todos esses papéis são questionados com fervor.
Ora, ao conhecermos a ficção de Tom Haley, o escritor que não sabe que está na folha de pagamento da Inteligência Britânica, já notamos essa curiosa relação entre o real e o fictício, mediada pelo criador. Mas será apenas quando concluirmos a leitura de Serena que teremos a verdadeira dimensão do grau que atingiu essa fusão, tanto na história que estamos lendo quanto na nossa relação com o livro e seus personagens.
A literatura experimental, questionadora, pode adotar várias máscaras. Nesse romance, Ian McEwan a veste nos trajes mais discretos e, talvez por isso mesmo, mais eficientes.

Resenha

O livro começa mostrando a adolescência de Serena, uma leitora ávida, uma garota esbelta e de grande personalidade. Ela vive nos anos 70, a ambição de seu pai, pastor de uma igreja em uma pequena cidade da Inglaterra é ver a filha cursando ciências exatas ou matemática, porém o desejo dela é fazer letras, ela acaba se frustrando e decide fazer matemática.

Serena (a personagem) é enigmática e esbanje sua inteligência por quase toda esquina. Ian McEwan criou uma personagem com paixão, excentricidades e detalhes minuciosos. Eu com certeza ainda estou apaixonado por Serena até hoje.

Logo no período onde Serena começa a cursar a faculdade, o leitor percebe os dilemas femininos do século 70, Serena era mal-olhada pelos seus adversários ou colegas do sexo masculino, mesmo sendo uma das garotas mais inteligentes. Durante seus estudos ela acaba se apaixonando por um dos diretores do colégio, que acaba indicando ela para o MI5 (serviço secreto britânico).

Várias questões são lançadas ao longo do livro, várias máscaras são apresentadas e opiniões postas a mesa, eu me senti  argumentando com Serena quase toda vez. Os pensamentos e dúvidas parecem ser ditos em voz alta, esse tipo de livro me faz ficar dias me questionando.

O curto período onde Serena e seu reitor ficaram juntos não foi apenas uma "curta chama que se apagou", ele sabia o tempo todo que ela era a perfeita candidata, os dois discutiam filosofia, jornalismo e literatura. A noite os dois eram apenas um, uma paixão que Ian McEwan não poupa detalhes saciáveis. Quando ele deixou Serena sozinha em um dia chuvoso e disse que não podia ficar mais com ela, seu coração se despedaçou, e apenas depois ela descobriu o verdadeiro significado de tudo.

Ian McEwan

A função de Serena no MI5 é desenvolver uma editora de fachada cujo objetivo é criar uma ficção. Ela se arrisca nessa jornada e acaba se descobrindo em meio ao medo, revelações,paixões e segredos. Seu alvo é o escritor inglês falido Tom Haley, que não sabe que na verdade está escrevendo para o serviço de inteligência britânico.

Um dos fatores que separam Ian McEwan de escritores casuais é que ele se entrega ao livro, parece que ele não poupou nada das linhas, ele entregou amor, dor, história e mais amor. Serena nasceu entre linhas costuradas com ternura e bom gosto quanto a literatura.

Tom Hayley e Serena vivem um período ótimo de suas vidas, os dois ficam em um pequeno chalé, ele escreve e ela lê vorazmente, porém o leitor se lembra que na verdade ele é um refém da mentira que Serena está construindo junto com o MI5. Toda essa trama abraça o leitor junto a história, as opiniões, fatos históricos e citações de autores celebres também contam, porém de forma moderada.

Eu gosto de pensar que na arquitetura dessa história, é interessante perceber que tudo se decorre de uma cronologia ensaiada, em nenhum momento o leitor consegue se perder. Os personagens coadjuvantes também merecem menções, a amiga gordinha de Serena dá humor e forte opinião para quase todas as linhas.

Se prepare para uma experiência diferente, se prepare para tentar acusar quem é o culpado, não digo que você vai chorar, mas você vai querer mais deste autor brilhante.

Ian McEwan nunca se daria o prazer de escrever uma novela chata, monótoma e iguais a todas as histórias de espionagem, ele não quer que seu livro seja só apenas uma referência ou uma crítica agradável, ele quer escrever algo fantástico e ele consegue.