Insensatez

Título: Insensatez

Autora: Tânia Lopes

Editora: Novo Século

Páginas: 352

Edição: 1

Lançamento: 2014

Sinopse: Patrícia Gomes era uma jornalista em busca do furo de reportagem que alavancaria sua carreira. Linda e destemida, vivia em uma cidade do interior dominada pelo tráfico de drogas e desafiava seu editor a romper o silêncio que cercava as atividades criminosas. A chegada do novo chefão de uma facção rival acirrou o conflito entre os bandidos e colocou a cidade em pé de guerra. Era a oportunidade que ela precisava para fazer a matéria que revelaria os detalhes sobre o crime organizado e a projetaria em sua profissão. O que ela não contava era ser capturada por Marco, o italiano que estava à frente da batalha. Implacável, taciturno, misterioso, indecifrável... Aquele homem representava tudo o que ela mais abominava. No entanto, emanava poder e sensualidade, e Patrícia viu-se entregue a seu magnetismo. Um inimigo, que lhe instigava sentimentos contraditórios e a levaria à beira da insensatez.

Resenha

Tudo o que Patrícia Gomes queria era um acontecimento perigoso e interessante para fazer sua carreira deslanchar. Quando soube que um novo chefão do tráfico havia chegado na cidade e iniciado uma guerra com os rivais, percebeu que aquela poderia ser sua matéria. Cobrir aquilo poderia mudar sua vida para sempre! E não é que mudou?

Mas o que ela não imaginou é que colocaria seu amigo, Carlos, e a si mesma em risco ao pular aquele muro, nem mesmo que o chefão italiano se interessaria por ela e a deixaria trancada num quarto confortável quando deveria matá-la. E por que diabos ela ficava pensando nele o tempo todo?

Patrícia entra então num turbilhão de emoções e fica frente a frente com uma guerra entre duas, vamos dizer, “gangues”. Sem contar que fica cada vez mais encantada com Marco, o italiano que manda em todos aqueles homens e não deixa que ninguém chegue perto dele. No início os dois se odeiam, bem obvio, afinal, ele a estava privando de sua liberdade e tinha feito sabe-se-lá-o-que com Carlos. Mas amor e ódio andam juntos, e quando menos percebeu, Patrícia morria de ciúmes de Marco e sonhava com ele.

Um inimigo intrigante, que lhe instigava a um sentimento que poderia denominar insano. Precisava se perdoar por sentir tanta atração por aquele homem. – página 52

Primeiro de tudo, achei a história muito interessante. A autora criou personagens com personalidades únicas e bem realistas, mas isso não quer dizer que eu tenha me apaixonado por eles. Patrícia é uma protagonista bem mesquinha, sem contar que é do tipo submissa. Além de morar com seus pais (problema algum, não fosse ela se achar independente), ela ainda recebe ameaças do tipo “venha aqui que vou te bater para aprender a me obedecer” e “aonde você estava a essa hora? Está proibida de sair”. Ela também age como uma criança na maioria das vezes e não consegue abrir a boca para se defender, ou mesmo o amor por Marco.

Deve ter um metro e noventa de altura... Um e noventa de excelência... Rapaz, você foi esculpido em um dia de máxima inspiração. – página 55

Ele também não é lá um galã novela das nove. Claro que nenhum personagem é perfeito (mentira, já encontrei alguns perfeitos por aí), e que a maioria dos protagonistas masculinos desse gênero são machistas e possessivos, mas a forma com que Marco tratava Patrícia, mesmo no final do livro, deixou a desejar. Outros personagens que também me tiraram do sério foram o pai e irmão de Patrícia. Meu Deus, que homens insuportáveis! Algumas vezes eu até deixei o livro de lado, de tanta baboseira que falavam. O filho seguia os passos dos pais, e o homem não deixava a garota respirar e já queria dar ordens, tratava a esposa como se ela fosse sua empregada e Patrícia como uma menina de dez anos. Poxa vida, tudo bem que ela agia como criança de vez em quando, mas cara, a mulher tinha 25 anos! É claro que ela tinha o direito de amar quem quisesse e fazer o que lhe desse na telha sem dar satisfações para ele. E não, com certeza ela não era virgem, mas ainda assim não podia dormir no mesmo quarto que um homem, porque o papai não deixava. Aaaaah!

Outra coisa que me incomodou no livro, é que Carlos simplesmente desaparece. No início achei que ele teria um papel importante na história, já que era um grande amigo de Patrícia e foi com ela atrás dos traficantes. Mas parece que ela (personagem) simplesmente se esqueceu do coitado do amigo que foi espancado por sua causa, enquanto babava pelo italiano que a queria num momento, e no outro não. Ele volta a aparecer mais tarde, mas como um personagem menos que secundário (não sei se isso existe).

Agora chega de falar mal! Não discordo que o romance entre os protagonistas é lindo, os dois tentam passar por cima de tudo (tiros, ladrões, drogas, diferenças e por aí vai) para viver um amor que é meio que proibido. Marco não pode deixar sua vida e negócios de lado por causa de Patrícia, e ela não está muito a fim de desistir de sua família e carreira para ser mulher de bandido. Mas, aah, ver ele falando em italiano com ela é tão fofo! Fiquei até com vontade de fazer aulas de italiano por causa disso. E não posso deixar de dizer que eles também são engraçados juntos. Patrícia, garota, você não tem medo do perigo. E Marco, você não deveria, tipo nunca, rir de uma mulher que está se descabelando de tanto chorar, e tem um vaso nas mãos.

Você dominou o meu coração, bambina. Roubou minha razão, fazendo-me agir com insensatez. Isso não podia acontecer! – página 107

A história é muito divertida e tensa, mas queria que o foco maior fosse a mansão onde Marco vivia, e não a casa de Patrícia. Quem leu o livro sabe do que eu estou falando, e quem não leu, infelizmente não posso falar muito sem contar spoiller. Também esperava mais tiros, sangue, morte e choro para todos os lados (não só da parte da protagonista, que é uma manteiga derretida), mas acho que eu queria. Infelizmente o livro tem alguns erros, mas nada que incomode muito o leitor.

As reviravoltas que ocorreram em Insensatez me deixaram boba, e mesmo que o final tenha sido um pouco clichê, gostei bastante. Definitivamente quero aprender italiano, e definitivamente esse é um livro que vale a pena ser lido, apesar dos pontos negativos.