Kitty

Título: Kitty

Autora: Elle S.

Editora: Arwen

Páginas: 295

Edição: E-book

Lançamento: 2014

Sinopse: Kitty é uma gata sarcástica e cheia de mistérios que aprendeu a viver nas ruas há mais de quatrocentos anos. Independente e esperta, ela foge de qualquer contato humano, já que deixar-se ser adotada é o seu pior pesadelo. O grande medo dessa felina é que alguém desperte dentro dela o seu maior segredo. Vivendo nos becos da cidade de São Paulo, Kitty conquista o coração de Eduardo e, contra sua vontade, vira um animal de estimação. Tudo o que essa gata não queria que acontecesse.
Entre as diversas tentativas de fuga, ela se vê cercada de afeto e carinho pelo seu novo dono e começa a ser cativada. Então, é Eduardo, seu dono ruivo e charmoso, que desperta o que Kitty tem de pior. Quando ele deseja que sua amada amiga de estimação seja mais do que ela realmente é, a gata precisa correr contra seu próprio instinto. 

Resenha

Kitty é uma gata. Mas Kitty também é humana. Ela é as duas coisas, e ao mesmo tempo, nenhuma. Seus quatrocentos anos de idade lhe trouxeram muito mais do que tédio e algumas memórias: a fizeram sofrer mais do que qualquer pessoa ou animal do mundo. Sua maldição não fora bem aceita pelas pessoas que ela conheceu, e uma delas em especial, fez com que Kitty se sentisse suja e nojenta para sempre. Mas isso está prestes a mudar com a chegada do ruivo-bêbado mais fofo de todos.

E, em mais de quatrocentos anos, nunca pude dizer que tinha realmente vivido até aquele dia. Afinal, eu jamais havia sentido o meu coração bater tão forte. Jamais me sentira tão humana e tão eu.

Eduardo encontrou Kitty no beco onde chorara por Alice quando a gata miara alto e raivosamente para que ele fosse vomitar em outro lugar. Ele estava saindo de um relacionamento que não dera certo (com a megera mais maldita que você já conheceu) e tinha bebido demais da conta. O rosnado de um gato chamara sua atenção, e para descontentamento da fêmea que foi confundida com macho, Kitty se viu na casa de seu novo dono, Eduardo Molina.

Eu assistia a dor de Eduardo sem entender o que fazer para pará-la. A cena era de partir um coração, mas eu não tinha um.

Rabugenta, amante de salmão, odiadora da luz do sol e de homens pelados na cozinha, Kitty acabou passando a noite na casa de Eduardo, com quem passa a viver algum tempo depois, enquanto discutia internamente consigo mesma se aquilo era realmente certo. Ela não podia deixar-se levar e amar alguém que a machucaria depois, como já acontecera antes. Ela não podia se apegar por um humano que partiria seu coração mais tarde, antes que ela pudesse partir o dele. Mas quem é que escuta a razão quando o coração fala bem mais forte num alto falante?

— Não me deixe mais sozinho, Kitty. [...] - Agora que eu finalmente tenho você, será preciso muito mais que isso para que eu te deixe partir.

Kitty é uma personagem incrível, e uma narradora melhor ainda. Seu jeito rabugento, arrogante e sarcástico de ser não conquista apenas Eduardo, mas também o leitor. Por falar em Eduardo, é simplesmente impossível não se apaixonar ele pelas palavras de Kitty, nem mesmo quando ele desenha Alice e chora por ela quando tem uma gata/humana incrível do seu lado. Eu ri e me emocionei com esse livro, e estaria mentindo se dissesse que não o leria novamente. Eu o leria só para ler uma história contada por uma narradora tão divertida novamente, e para querer tocar os cabelos ruivos de Eduardo mais uma vez, assim como a gata.

Quando ele me chamava, eu não era uma gata, era simplesmente dele.

Não poderia deixar os personagens secundários de lado, então dou grande destaque para Arthur e Marvin, os melhores amigos humano e felino, respectivamente, que alguém desejaria para a vida. Os dois são maravilhosos e tão bons que sinto mais saudades da dupla-faz-plano-contra-a-maldição do que do próprio Eduardo. Sinto muito, Duda.

Dizer que esse livro é bom seria pouco. É incrivelmente, maravilhosamente demais! Estou pasma até agora com a história e com o final, que me fez querer arrancar os cabelos, e depois colá-los de volta. Conhecem reviravoltas? Então, vocês ainda não viram nada! A leitura flui tão rápido que por pouco eu não passo a madrugada toda lendo Kitty e imaginando se o meu cachorro vai virar um humano se eu disser “gostaria que você fosse humano”, mas é melhor eu parar antes que fique animada demais para falar do livro. Super recomendo a leitura, e o meu único arrependimento é não ter lido antes. 

Eu era de Eduardo. O único humano que fizera o meu lado felino e meu lado humano entrarem em harmonia. Ele era o único capaz de me fazer querer que as duas metades fossem uma coisa inteira para que eu pudesse pertencer apenas a ele.