A história esquecida da hospedaria na estrada

Título: A história esquecida da hospedaria na estrada

Autora: C. A. Saltoris

Editora: Chiado

Páginas: 352

Edição: 1

Lançamento: 2014

Sinopse: Uma fria noite de outono, em um país do Hemisfério Norte do terceiro planeta do Sistema Solar da Via Láctea, chamado Terra... Quando Mathew Roberts parte para visitar seu irmão em coma, ele é obrigado por seu estranho e repentino cansaço a hospedar-se em um hotel na beira da estrada. Ao ser recebido por uma jovem mulher com uma vela na mão, ele sente um frio descer-lhe pela espinha, mas não tem forças para voltar; como se ela fosse o imã e ele o metal. Ao pisar na recepção, ele começa a perder a memória.

Resenha

A história esquecida da hospedaria na estrada é um livro de conto de fadas com uma pitada sangrenta de terror, e é um livro que eu leria novamente sem pensar duas vezes. Primeiramente, um muito obrigada à autora por ceder um exemplar para resenha ♥

A hospedaria S’mentry Manor nem sempre foi tão assustadora. Antes, era a mansão de uma família de Ladys e senhores com dezenas de empregados, até o momento em que uma bela fada chegou e abriu na propriedade um Portal para o Submundo. Após isso, todos os moradores foram assassinados numa dança incrivelmente sombria e contagiante, fazendo com que a mansão ficasse vazia (no sentido de não ter mais seres vivos, agora fantasmas... aí é outra coisa). Mas vamos correr um pouco no tempo...

Essa era a magia da fada. Ela criava as ilusões. Sim, nós empregados víamos as imagens ilusórias, mas tínhamos a força para olhar através delas, e eu devo confessar que quase não o fazia. Eu preferia a beleza da vida à realidade nua e crua. – página 30

Nosso querido e amado narrador é Chronos, o deus do tempo, e também um personagem maravilhoso que eu adoraria ter me seguindo por oito décadas. Completamente encantado e apaixonado pela fada Linumê, a fada da morte que comanda a hospedaria e é responsável por apagar as velas dos humanos que ali se hospedam e por roubar seus sonhos. Chronos reencarnou no corpo de um jovem rapaz para poder ficar perto da fada, mas ela nunca pareceu retribuir os sentimentos que o prenderam ali por centenas de anos. Na verdade, a fada nem mesmo parecia ter sentimentos! Até o momento em que Mathew Roberts chega na hospedaria, e é neste momento em que a história se inicia.

O mortal move o tempo e o tempo move a vida em direção à morte. – página 269

Mathew não se lembrava de ter ligado, e não sabia nem mesmo como tinha chegado lá, mas ao pisar na hospedaria, teve certeza de que deveria passar alguns dias ali, principalmente depois de ver quão bela era sua hospedeira, Linumê. Assim como os outros inquilinos, Mathew perdera a memória e iria perde-la sempre que tentasse se lembrar o que estava fazendo ali, ou o que deveria fazer fora dali, mas isso não importava muito quando ele podia ver Linumê, e a fada também parecia encantada com ele, para total desgosto de nosso narrador.

Demorei para fazer essa resenha porque não sabia como começa-la, de tão interessante e instigante que foi o livro. Chronos é um narrador maravilhoso, de longe o melhor que eu já conheci até agora, e foi também o personagem que eu mais gostei no livro todo. Linumê também me encantou bastante, principalmente quando ela passou a ter sentimentos reais e burlou as regras para ter Mathew ao seu lado. O que eu mais gostei nesse livro, e acredito que essa tenha sido a melhor parte dele todo, foi como a autora humanizou os personagens, principalmente a fada e o deus, eles realmente não pareciam outros seres para mim, e isso me fez sentir mais próxima de ambos.

“Eu vou sentir muito a sua falta – ela disse. – Eu acho que, no fim das contas, foi você que me ensinou a amar.” “Eu sou o Tempo, bela. Sou sempre eu quem ensina as pessoas a amar.” – página 335

Não achei que encontraria uma história tão sombria e que me deixaria com calafrios e ao mesmo tempo curiosa para conhecer essa hospedaria pessoalmente, mesmo eu sendo medrosa pra dedéu. Novamente eu me apaixonei por outra história da autora, e estou muuito ansiosa para ler novas histórias da Saltoris, principalmente se nelas tiverem personagens como Chronos e Linumê, que eu sempre li Lunime.