Sumi e agora voltei, e trago a resenha de um livro maravilhoso que eu deveria ter lido antes, mas já aceitei...haha'. Entre Irmãs foi publicado originalmente como A costureira e o cangaceiro, mas virou filme e agora tem essa capa linda com duas atrizes que eu amo <3
Autora: Frances de Pontes Peebles
Editora: Arqueiro
Páginas: 576
Edição: 1
Lançamento: 2017
Sinopse: Nos anos 1920, as órfãs Emília e Luzia são as melhores costureiras de Taquaritinga do Norte, uma pequena cidade de Pernambuco. Fora isso, não podiam ser mais diferentes. Morena e bonita, Emília é uma sonhadora que quer escapar da vida no interior e ter um casamento honrado. Já Luzia, depois de um acidente na infância que a deixou com o braço deformado, passou a ser tratada pelos vizinhos como uma mulher que não serve para se casar e, portanto, inútil. Um dia, chega a Taquaritinga um bando de cangaceiros liderados por Carcará, um homem brutal que, como a ave da caatinga, arranca os olhos de suas presas. Impressionado com a franqueza e a inteligência de Luzia, ele a leva para ser a costureira de seu bando. Após perder a irmã, a pessoa mais importante de sua vida, Emília se casa e vai para o Recife. Ali, em meio à revolução que leva Getúlio Vargas ao poder, ela descobre que Luzia ainda está viva e é agora uma das líderes do bando de Carcará. Sem saber em que Luzia se transformou após tantos anos vagando por aquela terra escaldante e tão impiedosa quanto os cangaceiros, Emília precisa aprender algo que nunca lhe foi ensinado nas aulas de costura: como alinhavar o fio capaz de uni-las novamente.
Resenha
Ela vai conseguir o que quiser. Vai fazer tudo o que puder, mas companheiros, sempre vai ser mulher! – página 305
Criadas pela tia, as irmãs Emília e Luzia não poderiam
ser mais diferentes. Bela, morena e moderna para a época. Emília só queria se casar com algum cavalheiro (e não com os
rapazes locais brutos e sujos) e se mudar para a capital (Recife). Já Luzia não
tinha tantos objetivos na vida; sofrera um acidente quando criança e aleijara
um de seus braços, o que significava que nunca iria se casar, então ela não se
esforçava como a irmã. Na verdade, Luzia
simplesmente fazia o que sentia vontade de fazer, era livre.
Tudo muda quando o grupo de cangaceiros do temido Carcará (conhecido por arrancar os
olhos de suas vítimas) aparece em Taquaritinga
do Norte e humilha o coronel local, além de levarem Luzia consigo. Ela havia chamado a atenção do capitão daquele
grupo, e como logo a tia morreria e Emília
iria embora, o que sobraria para ela? Sendo assim, Luzia aceita seu destino e acaba indo para o meio da caatinga com
aqueles desconhecidos temidos por todos.
Por mais que eu estivesse doida para ler este livro
quando ele foi relançado pela editora, enrolei MUITO para lê-lo, o que me dá
até vergonha, pois a editora havia me dado um e-book de cortesia, mas eu queria
porque queria ter o livro em mãos, então acabei comprando-o e só então o li. O
início demorou um pouquinho para me envolver; a história começa no ano de 1935, quando Emília já está vivendo “outra” vida, e se preocupa com o destino da
irmã. Depois voltamos no tempo e acompanhamos as meninas durante a infância, e
como a história apresenta o ponto de vista de ambas (em terceira pessoa) é
muito fácil perceber que uma inveja a outra.
Ao longo do livro, vamos acompanhando Emília vivendo em Recife, no meio de famílias tradicionais e novas, tentando se encaixar
numa sociedade que a vê apenas como a garota que veio do interior, e que
poderia ter morrido por causa da seca. Ela sofre num casamento sem amor (haviam
se casado porque ambos precisavam daquele casamento), vive com pessoas que a
criticam o tempo todo, e pensa na irmã perdida para o cangaço, imaginando o que
Luzia estaria fazendo, e se ainda
estava viva. Depois que a irmã se foi, a tia de ambas (Sofia) morrera de desgosto, deixando Emília sozinha e desamparada.
“Uma boa costureira tem de ser corajosa. ”
Já Luzia
passa fome, cansaço e sede no meio da seca da caatinga, onde aprende o que pode
beber, comer e usar para curar doenças e infecções. Ao mesmo tempo em que tem a
afeição e o interesse do Carcará,
ela também possui o ódio e desgosto de outros cangaceiros que acreditavam que
ter uma mulher no grupo dava azar, e mesmo após conquista-los aos poucos com
seus bordados e sua coragem, ela ainda precisava mascarar seus sentimentos e não
deixar transparecer muitas coisas, ou seria deixada de lado.
Eu custei a gostar de Emília, enquanto Luzia
me conquistou desde o início. Talvez seja por ter se machucado e depois ter
sido tachada de “Vitrola” – por causa
da deformação do braço, - mas eu sentia uma afeição muito grande por Luzia, e gostava até mesmo de alguns
dos cangaceiros. Acho que isso pode ter a ver com o fato de eu ter adorado a
novela Cordel Encantado (rede Globo, 2011) e ter gostado dos cangaceiros de lá...haha’ mas eu
simplesmente adorava os momentos em que a história focava em Luzia, e torcia muito para que ela
conseguisse levar uma vida tranquila e decente depois de tudo aquilo.
Já com Emília
foi um pouco mais difícil. Entendi que ela queria deixar a cidade fofoqueira
para trás e recomeçar num lugar grande, onde seus sonhos coubessem, mas no
início ela me pareceu um pouco fútil, e eu só fui começar a gostar dela quando
vi que Emília lutava pelo o que
acreditava, e até sufragista virou, participando de movimentos que lutavam pelos
direitos femininos ao voto, e também tentou criar um negócio só seu, o que me deixou
orgulhosa. Além disso, era ela quem se preocupava com os atos do marido (Degas) infiel e da irmã (conhecida
agora como Costureira, tanto por ser
ela quem fazia bordados nas roupas de seus companheiros como por ser ótima
atiradora) cangaceira, o que era um fardo e tanto.
Sentiu um estremecimento de raiva. Estava habituada a ser objeto de falatórios – tanto em Taquaritinga quanto no Recife, as pessoas faziam fofocas a seu respeito. De um modo geral, porém, era por causa dos seus próprios atos, não dos de outra pessoa. Agora parecia que Degas e a Costureira podiam fazer o que bem entendessem, ao passo que a ela só restava se preocupar com as consequências. – página 480
Esse livro é simplesmente incrível, não acredito
que haja outra palavra para descrevê-lo. Eu não sou fã de muitas descrições,
mas Frances me conquistou com sua
escrita, e eu me apaixonei pela história. Além de mostrar a relação linda (e
verdadeira) entre as irmãs, o livro também mostra a pobreza e os problemas
causados pela seca no Nordeste,
passa pela Revolução de 30, a
ditadura Vargas, a seca de 1932, a quebra da bolsa de NY em 1930 e alcança até mesmo o início da Segunda Guerra Mundial, quando Vargas
se aproximou de Hitler, e depois seu
suicídio. O livro traz também o movimento feminista sufragista, além de um
costume horrível da época que consistia em cortar a cabeça de cangaceiros para
medir seus crânios – acreditava-se que quando a pessoa possuía um crânio maior,
isso demonstrava sua criminalidade.
Me afeiçoei tanto às personagens que, quando o
livro estava acabando, comecei a me sentir angustiada e melancólica, pois não queria
me despedir das irmãs, e não queria aceitar que uma delas não conseguiria
alcançar tudo aquilo que merecia, mas assim como fez com o restante do livro, a
autora criou um final maravilhoso. Se eu chorei? Claro. Quis ler tudo de novo e
torcer para que o desfecho houvesse mudado? Ô se queria, mas consegui aceitar e
até vi um pouco de poesia na maneira como a história de uma delas acabou, foi
um desfecho maravilhoso, e Entre Irmãs
entrou para os livros favoritos da vida.
Me arrependo um pouco por ter enrolado tanto para
lê-lo, mas acho que não poderia tê-lo feito em melhor época. Emília e Luzia me inspiraram com sua força, coragem, determinação e ambição.
Elas sabiam o que queriam e foram atrás, conquistaram respeito em meio a um
ambiente totalmente machista (ambas) e mostraram o que podiam fazer. Claro que não
aprovei todas as ações de Luzia,
principalmente depois de anos no cangaço, mas até um certo ponto, eu a
entendia. Essa é uma história que eu não vou esquecer tão cedo, e é uma
história que merece ser lida e apreciada por todos.
“Já que vivo das armas, vou morrer pelas armas, não é?”
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirTive a chance de solicitar este livro, mas acabei deixando passar. Daí vi a série sendo anunciada na TV e me interessei muito pelo livro. Não tenho costume de ler esse tipo, mas abriria uma exceção para este. Mas acho que vou ver a série primeiro, daí se gostar, eu leio o livro.
Beijos.
Oie Dani ^^
ExcluirAcho que você vai gostar da série, viu? haha' ao menos espero que goste :)
Olá
ResponderExcluirNossa que história linda, conheci esse livro através da minissérie da globo que por sinal eu não assisti então não sabia o enredo certinho, mas agora depois desta resenha eu bem queria ler para conhecer a jornada das duas de perto.
Beijuh
Oie Renata ^^
ExcluirA história é mesmo muito linda ♥ espero que tenha a oportunidade de ler o livro e ver o filme :)
Oi, tudo bem? Eu li esse livro este ano também e foi o melhor, até então. Eu fiquei encantada pela Luzia e pela Emília (mais pela Luzia, mas tudo bem). Adorei tudo neste livro, na verdade e, às vezes, fico com vontade de reler, fico com saudade das irmãs.
ResponderExcluirBeijos,
http://www.livroapaixonado.com.br/
Oie Júlia ^^
ExcluirLuzia encanta desde o começo, né? haha' eu demorei um pouco para conseguir gostar da Emília.
Eu soube da produção antes de descobrir que era um livro. Infelizmente ainda não li e ainda não assisti, mas a sua resenha me deixou curiosíssima porque é o tipo de livro que eu adoro e que fic ano meu coração por muito tempo. Quero ler, com certeza.
ResponderExcluirOie Ivi ^^
ExcluirEspero que tenha a oportunidade de lê-lo em breve, e que também goste do filme :)
Olá!
ResponderExcluirEu assisti o filme e achei incrível a trajetória dessas irmãs em busca do que acreditam e da felicidade. Ainda não realizei a leitura, mas eu quero muito fazê-la, só preciso de um pouquinho mais de tempo pra me organizar com tantas pendências.
Beijos!
Camila de Moraes
Oie Camila ^^
ExcluirEspero que você tenha a oportunidade de ler o livro um dia, e que goste :)
Olá tudo bem ?
ResponderExcluirEu como você não gosto de livros muito detalhista, me cansa e me deixa entediada. Achei a estrutura de enredo interessante e muito bem desenvolvida, mas ando numa ressaca literária, que não consigo me aprofundar em nada muito denso. Mas continuo afirmando que achei muito interessante.
Resenha muito bem construída.
Beijos
Oie ^^
ExcluirRessacas literárias são uma coisa terrível, né? Espero que consiga sair dessa, e que tenha a oportunidade de ler "Entre irmãs" ♥
Oi Dryh, como está?
ResponderExcluirJá li vás resenhas desse livro e acho a premissa dele nada menos que impressionante! Ditadura Vargas, cangaço, Nordeste... Uma mistura sensacional! Quero muito realizar a leitura desse livro!
Abraços e beijos da Lady Trotsky...
http://galaxiadeideias.com
http://osvampirosportenhos.blogspot.com
Oie Renata ^^
ExcluirÉ mesmo uma mistura maravilhosa! Espero que tenha a oportunidade de lê-lo :)
Oie Karini ^^
ResponderExcluirEspero que você goste do livro, quando tiver a oportunidade de lê-lo :) é mesmo muito inspirador ♥
Olá ♥
ResponderExcluiré tão bom quando ficamos assim com um livro né? Eu tenho alguns livros que eu também me questiono de como eu não fiz a leitura antes. Esse livro já está na minha lista de desejados, acho o enredo algo maravilhoso com raizes e sei que assim como você irei me apaixonar pela história e me questionar por que não fiz a leitura antes. A capa está lindaa, amei a emoção que você colocou na resenha, beijos!