Hoje trago a resenha de uma escritora super aclamada (e acredito que conhecida pelos leitores do blog): Clarice Lispector.
Autor: Clarice Lispector
Editora: Rocco (cortesia)
Páginas: 202
Lançamento: 1988
Sinopse: A vida de Joana é contada desde a infância até a idade adulta através de uma fusão temporal entre o presente e o passado. A infância junto ao pai, a mudança para a casa da tia, a ida para o internato, a descoberta da puberdade, o professor ensinando-lhe a viver, o casamento com Otávio. Todos estes fatos passam pela narrativa, mas o que fica em primeiro plano é a geografia interior de Joana. Ela parece estar sempre em busca de uma revelação. Inquieta, analisa instante por instante, entrega-se àquilo que não compreende, sem receio de romper com tudo o que aprendeu e inaugurar-se numa nova vida. Ela se faz muitas perguntas, mas nunca encontra a resposta.
Resenha
Perto do Coração Selvagem, primeiro livro de Clarice Lispector, é o relato do fluxo psicológico de Joana, que pode até mesmo ser a própria Clarice (escritora). Elza, mãe de Joana, morreu quando a garota ainda era pequena, as únicas feições da mãe eram dadas pelo seu pai. A cena mais tocante - e inicial - do livro é quando Joana apresenta seu poema sobre as galinhas do quintal para o pai - um relato prematuro e inicial sobre a vida para a pequena Joana. Após episódios isolados de uma infância retida, Joana é mandada para a casa dos tios. Além de ser uma garota incompreendida,a menina quando mandada para um colégio interno acaba apaixonando-se por um professor casado.
Tenho um corpo e tudo o que eu fizer é continuação de meu começo
Essa pequena mudança, assim como esses episódios de solidão e pequinês, moldam esse retrato de abandono feito por Clarice Lispector. A escrita da autora é firme, marcado por devaneios intensos e filosóficos dentro de uma alma quase perseguida, porém, com um ponto prestes a salvação. Perto do Coração Selvagem não é uma obra para ser lembrada através de cenas e personagens, é uma obra para ser lembrada através dos sentimentos pelo qual o leitor é jogado. O modo detalhado e verossímil pelo qual as cenas são retratadas é um escape para a forte linguagem emotiva presente em quase toda a obra da autora.
porque os dois eram incapazes de se libertar pelo amor, porque aceitava sucumbida o próprio medo de sofrer
O denso fluxo psicológico visto em escritores como Virginia Woolf (incrível, por acaso) e Machado de Assis (também excelente) consegue retratar essa tentativa evanescente de salvação de Joana. A falta de linearidade permite captar a essência e minimalismo de cada cena. A relação amorosa de Joana e Otávio é um exemplo das partes onde a própria Clarice (escritora) parece entrar em cena - já que parece tratar-se de uma cena quase autobiográfica.
Perto do Coração Selvagem foi publicado pela Rocco, assim como toda a obra da escritora, é uma bela edição com texto de capa feito pela Olga Borelli. Apenas as páginas brancas desagradam, na verdade, quase incomodam.
Olá,
ResponderExcluirResenha maravilhosa e livro já anotado, já o tenho no kindle, aguardando apenas a leitura! Grande abraço,
Drica.
Oie amore,
ResponderExcluirAdoro os livros da Clarisse e essas capas sempre lindas né!
Ela sempre escreve como se fizesse parte da história.
Ainda não conhecia esse, vou anotar a dica por aqui!
Beijokas!