O amor nos tempos do ouro

Título: O amor nos tempos do ouro

Autora: Marina Carvalho

Editora: Globo Alt

Páginas: 328

Edição: 1

Lançamento: 2016

Sinopse: "Sabes que nunca me apaixonei, maman, mas se porventura o tivesse feito, seria por alguém como ele?"
Cécile Lavigne perdeu todos os que amava e agora está sozinha no mundo. Ela, uma franco-portuguesa que ainda não completou vinte anos, está sendo trazida ao Brasil pelo único parente que lhe restou, o ambicioso tio Euzébio, para casar-se com o mais poderoso dono de terras de Minas Gerais, homem por quem Cécile sente profundo desprezo. Após desembarcar no Rio de Janeiro, Cécile ainda precisará fazer mais uma difícil viagem. O trajeto até Minas Gerais lhe reserva provações e surpresas que ela jamais imaginaria. O explorador Fernão, contratado por seu futuro marido para guiá-la na jornada, despertará nela sentimentos contraditórios de repulsa e de desejo. Antes de enfim consolidar o temido casamento, Cécile descobrirá todos os encantos e perigos que existem nessa nova terra, assim como os que habitam o coração de todos nós. Com o passar dos dias, crescerá dentro dela a coragem para confrontar todas as imposições da sociedade e também o seu próprio destino.

Resenha

Cécile Lavigne é uma jovem francesa que, após perder toda a família num acidente, acaba tendo que se mudar para o Rio de Janeiro, onde vive seu único parente vivo: o tio Eusébio. Mas o homem é ruim e só pensa em dinheiro e no próprio umbigo, então arranja um casamento para a sobrinha, com um homem ainda pior que ele. Sem poder fazer nada, Cécile é obrigada a aceitar a decisão que seu tio fizera, e, como uma mercadoria vendida, ela é levada para Minas Gerais, onde se casará com o odioso Euclides de Andrade.

O encarregado de leva-la, Fernão, um aventureiro, não entendia porque alguém, em sã consciência, se casaria com Euclides, mas fica impressionado quando Cécile responde o tio, deixando sua opinião e sentimentos bem claros. Durante a viagem, na qual a jovem é acompanhada por uma nova criada (a “antiga” também lhe fora tirada, desta vez pelo tio Eusébio), e os homens de Fernão, o mesmo é cada vez mais surpreendido pelo caráter e temperamento da moça, assim como Cécile surpreende-se com ele. Mas Fernão não é bem flor que se cheire.

Ele já havia trabalhado diversas vezes por Euclides, e tantos outros homens, de forma que era dono de uma quantia razoável de terras e dinheiro. Fernão afirmava que aquela era a última vez que ele trabalharia por alguém tão ruim quanto Euclides, e ele era um homem de palavra, sempre cumpria com os combinados... Mas, ver Cécile triste daquela forma, sendo obrigada a se casar com um ser odioso xenofóbico o fez tomar uma decisão.

Eu adoro romances históricos (acho que vocês já devem saber disso...hehe’), então, assim que vi este novo livro da Marina, escritora cuja escrita eu ainda não conhecia, fiquei doidinha para lê-lo. É bem diferente dos romances históricos aos quais eu estou acostumada, principalmente por conter uma riqueza em detalhes da história do Brasil, coisa que eu ainda não tinha visto em nenhum outro livro. Marina conseguiu me surpreender, e, para quem acha que o livro é previsível (mocinha e mocinho se apaixonam, vivem felizes para sempre), está muito enganadx.

E que o céu tenha piedade da minha alma no fim dos tempos, por eu te amar tanto assim. – página 197

Pensem em um homem ruim. Pensaram? Muito bem, agora multipliquem por 10! Este é Euclides de Andrade. Usando Deus como desculpa para as atrocidades que comete, seja contra os escravos que possui e maltrata, ou com mulheres, que, para ele, são seres abomináveis, Euclides não aceita muito bem o temperamento de Cécile. Ele quer uma esposa submissa, e, tanto as ações de Cécile quanto as de Fernão o irritam muito, o que deixa o homem ainda pior.

É impossível não se apaixonar pelos personagens. Cécile tinha de tudo para se tornar uma aristocrata mesquinha e mimada, mas ela não era assim. Diferente de muitos, Cécile importava-se com os escravos, com o tratamento desumano que estes recebiam, e fazia tudo ao seu alcance para ajuda-los, mesmo que isso a pusesse em maus lençóis. Além disso, ela era também uma pessoa curiosa e inteligente, e algumas ações suas me impressionaram bastante... Mas... Cécile tinha um quê de garota indefesa em alguns momentos, isso é um pouco comum em livros de época, e entendo que ela não era exatamente uma guerreira para defender-se sozinha, mas eu bem esperava que fosse...hehe’

Cécile queria lutar por seus direitos enquanto indivíduo, mas gostaria de fazer o mesmo pelos escravos, nem que fosse pouco a pouco, dentro de suas possibilidades, como naquele momento, pondo-se em risco para não permitir que um homem morresse por nada. – página 125

Fernão me conquistou totalmente. Eita homem apaixonante! As cenas em que ele estava com Cécile me faziam suspirar, e eu torcia desesperadamente para que eles percebessem logo que se amavam e ficassem juntos. Mas, claro, com algum empecilho no meio, para dar uma tensãozinha...hehe’ A forma como ele tratava Cécile, cuidando dela carinhosamente, (mas não sendo sufocante ou machista ao fazê-lo) e mostrando uma parte sua sensível me fez gostar ainda mais dele.

Receio ter deixado crescer um sentimento por ti. Receio estar encantado por tua presença. Receio ter perdido a cabeça. Inferno! – página 135

Enfim, O amor nos tempos do outro é um livro muito incrível, e eu adorei as introduções dos capítulos (que tinham textos de Gonçalves Dias, Florbela Espanca, Castro Alves, entre outros), mas senti que faltou algo a mais. O livro não me encantou 100%, sabem? Adorei a história, adorei os personagens e adorei a carga histórica que ele traz, mas não foi aquele livro que, quando a gente fecha, bate aquela saudade dos personagens e de tudo o mais. Não foi um livro impactante para mim, e, por isso, não lhe darei nota máxima. Mas creio que esta seja uma leitura obrigatória para os apaixonados por romances históricos, principalmente para aqueles que gostam da história do nosso país, e de personagens marcantes.

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Esta postagem faz parte da Maratona Setembro Nacional 2016