Primavera

Título: Primavera
Autor: Oskar Luts
Editora: Biruta (cortesia)
Páginas: 434
Edição: 1
Lançamento: 2014
Sinopse: Numa escola paroquial da Estônia, estuda Arno Tali, um garoto ingênuo que nutre um carinho especial pela esperta Teele Raja. Na escola, eles e seus amigos são perseguidos por um sacristão rabugento, contra quem aprontam inúmeras travessuras. Primavera é centrado na rotina escolar dessas crianças, com os muitos conflitos e descobertas que se dão enquanto todos aguardam a chegada da estação mais esperada do ano.
Além desta divertida história, este livro traz vários aspectos da cultura estoniana e das influências herdadas da cultura russa, como lendas populares, músicas, a língua e o modo de vida no campo no início do século XX.
Resenha

Primavera é a história de meninos e meninas estonian@s que estudam numa escola paroquial num vilarejo rural chamado Paunvere. Durante a narrativa, o autor nos apresenta o dia-a-dia dessas crianças, as bagunças que fazem, as brincadeiras, seus aprendizados e estudos. Conhecemos principalmente o jovem Arno Tali, um rapaz tímido e estudioso (o número 1 da classe) que tem como melhor amiga Teele, sua companheira de ida-volta da escola, por quem ele nutre sentimentos um pouco diferentes além da amizade.

Ele tinha a impressão de ser a pessoa mais feliz do mundo quando podia estar com Teele. Ele nem tinha vontade de conversar com ela. A presença dela já bastava. – página 136

O livro é repleto de travessuras dos personagens, e, felizmente, não só dos protagonistas. Conhecemos também os acontecimentos dos personagens secundários, sabemos o que eles estão sentindo ou pensando (narração em terceira pessoa), e o autor nos detalha os locais e cenas com precisão, de forma intensa e maravilhosa. Sem contar que nos dá uma aula de história e de cultura estoniana, uma das coisas que eu mais gostei neste livro.

Outra coisa que eu achei muito interessante foi a questão religiosa na obra, e também as influências russas e alemãs que a Estônia sofria na época (o livro foi escrito em 1912, o país ainda estava sob domínio Russo, e só conseguiu sua independência em 1917, quando a Rússia estava passando por uma revolução e não pôde conter os avanços estonianos, e a Alemanha estava “ocupada” na Primeira Guerra Mundial). Os personagens vivem e estudam numa escola paroquial, então estão o tempo todo rodeados de religião, de sermões, de cultos, e é interessante ver como cada personagem lida e reage com cada uma dessas coisas.

Destaco o personagem Toots, também conhecido como Leão do Kentucky, um garoto bagunceiro que é apaixonado por índios, armas de madeira e que adora infernizar a vida do sacristão que apavora as crianças da escola. Sempre aprontando, ele é um garoto que não gosta de estudar, mas que é muito curioso e esperto, além de criativo.

Já de Teele eu não gostei. No início ela até que era uma personagem bacana, mas de repente ficou chata, ignorava Tali e o tratava mal, fazendo com que o pobre garoto se sentisse muito triste e sozinho. Chega uma hora em que Tali muda completamente, nem parece mais o garoto das primeiras páginas, e me deu um aperto no coração vê-lo assim. A relação das crianças com os pais também nos é mostrada, mas raramente em comparação com as aparições da escola.

Primavera é um livro muito bonito e rico, mas também é uma leitura um tanto cansativa, e não conseguiu me prender totalmente. Não é o tipo de livro que você não vai conseguir parar de ler quando começar, ou que vai fazer seu coração se apertar quando acabar, porque você queria mais. É uma história preciosa que não dá para se ler numa tarde só, é um livro que, mesmo sendo muito interessante, você não consegue ler tudo de uma vez. Eu gostei muito dessa obra principalmente por conta de seu contexto histórico e da parte cultural, mas para quem não curte obras que focam bastante nesses dois fatores, acredito que não é o livro certo.

Poucos notam o cheiro da primavera, talvez ninguém, mas Arno está sentindo. Ela vem vindo, ela já está se aproximando de nós. Venha logo, primavera! – página 262

Já aqueles que adoram uma boa dose de cultura e de história, além de personagens jovens divertidos, é o livro perfeito. A diagramação da editora Biruta está impecável, como sempre, não encontrei nenhum erro, as páginas são amareladas, a capa linda e o livro tem alguns detalhes lindos de folha em seu interior.

17 comentários

  1. Olá ,
    Eu realmente gosto de seu post ^^ hehe. Segui o seu blog, siga-me também?

    xoxo
    Obsesión por la lectura/

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  2. Oi Dryh, confesso que a sinopse não me chamou muito a atenção, porém suas palavras despertaram um pouco meu interesse. Apesar disso, como você mesmo disse que pode ser um pouco cansativo, acho que vou passar essa indicação. Acho que é uma boa recomendação para quem curte o gênero.
    Beijos, Fer

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  3. Olá, eu não conhecia o livro e achei uma ótima dica. Eu gosto muito de livros assim com essa temática e fiquei interessada em realizar essa leitura e conhecer um pouco mais sobre o livro. Só não gostei muito da capa, mas a história me agradou bastante.

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  4. Oi Dryh,
    quando li a sinopse tive essa impressão de que a história poderia vir a ser cansativa, como constatei lendo sua resenha, mas pelo visto vai além disso né? Gostei dos adjetivos que usou para descrevê-la, me fez até cogitar dar uma chance a obra, nunca vi esse livro por aqui, mas se por acaso encontrar (sem compromisso, é claro) vou pensar em dar uma chance.

    Abçs
    Sou bibliófila

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  5. Oi Dryh
    Não conhecia o livro, mas achei a capa uma graça.
    Apesar da leitura cansativa, acho que daria uma oportunidade sim, pois a pluralidade de elementos e características que você citou, chamou minha atenção.
    Adorei a dica.
    Beijinhos
    Rizia - Livroterapias

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  6. Olá Dryh,
    Apesar de não ter me chamado a atenção fiquei intrigada com o livro. No inicio da resenha você indica que ele aborda o dia a dia dessas crianças estoniana e em seguida o contexto histórico em que ele se passa, então fiquei intrigada em saber se esse contexto traz algum reflexo a vida dos personagens, principalmente por esta no meio de um conflito entre Rússia e Alemanha.
    Mas a premissa já é bem interessante, pois é ambientado em um país que pouco ou quase nunca é retratado nas obras literárias.

    Bjs

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  7. Oie!
    O enredo desse livro não chamou muito minha atenção principalmente pelo cunho religioso! Mesmo assim acho que eu o leria pois achei um ponto positivo pelas referências histórias contidas nele!
    BJ

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  8. Oi, os livros da editora Biruta são muito fofos e os temas abordados sempre são meio diferentes do que geralmente vemos, mas eu amo essa pegada da editora e amei conhecer esse livro e assim, que tiver uma oportunidade lerei, pois sei que seus livros são fofos e tocantes. Amei a premissa e achei linda a capa.
    bjus

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  9. Olha nunca tive muito interesse em livros da Editora Biruta não.
    Tanto que nem me inscrevi na parceria, pois acho os livros meio infantil sabe? Mas eu não me senti atraída pelo livro assim quando tu disse que ele tem uma narrativa bem cansativa. Isso normalmente sem delongas me faz dormir. Preciso de livros que aguçam minha curiosidade, se não, já viu né? Mas eu gostei da sua sinceridade e espero que outros leitores curtam.

    http://lovereadmybooks.blogspot.com.br/2016/05/reflexao-parte-5.html

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  10. Oi, flor.

    Olha, o livro não me chamou atenção em nenhum ponto ainda mais por você dizer que a leitura foi cansativa. Odeio quando o livro é assim, pois a leitura acaba ficando arrastada e demora pra terminar o livro. Mas fico feliz que a leitura tenha sido válida, apesar disso dos apesares.

    Beijos!
    www.anebee.com.br

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  11. Olá

    Não conhecia esse livro mas achei essa capa maravilhosa. A premissa a primeira vista não me chamou muita atenção ainda mais se a leitura for meio empacada me deixaria louca. Não consigo ir adiante quando o livro é assim, teve uma vez que fiquei um mês lendo um livro de 300 páginas de tão arrastada que foi a leitura. Acho que vou deixar passar essa viu.

    Everton Equipe Rillismo

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  12. Oi, Dryh
    Eu gosto de livros com contextos históricos e abordando alguma cultura, mas também não gosto quando uma leitra é cansativa. Gostei bastante da resenha e a premissa é ótima, uma pena que não tenha sido tão fluida.
    Não sei se leria no momento, mas quem sabe no futuro. De qualquer forma, é uma ótima dica.

    livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br

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  13. Oi!
    Podia jurar que esse livro tinha algo de infantil, pela capa, mas pelo jeito me enganei completamente.
    Achei bacana o fato de tratarem da cultura russa, pois nunca li nada do tipo, mas é uma pena que ele seja cansativo, estraga muito a leitura um livro assim, mesmo que no final você esteja apaixonado

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  14. Oi Dryh, tudo bem?
    Não havia ouvido falar do livro ainda, e pela sua resenha parece ser muito interessante. Li poucos livros que são contados pela perspectiva de crianças, mas adorei todos e acredito que pela sua resenha, esse não será diferente. Confesso que não sou muito fã de história, mas vez ou outra dou uma chance para livros que abordam isso e acho muito legal conhecer a cultura de outros países, os costumes diferentes e em como a religião era propagada antigamente. Acredito que livros assim são ricos em conhecimento, e isso é algo que nunca é demais, certo? Com certeza lerei o livro num futuro próximo.

    Beijos! ♥

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  15. Ah, que pena que a leitura foi cansativa em alguns momentos :/ Esse livro tem uma premissa bem simples, porém conseguiu me interessar e adoraria realizar a leitura, principalmente por serem crianças os protagonistas <3 Espero poder aquirir o livro esse ano!
    ótima resenha.
    beijos

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  16. Oi Dryh, tudo bem?

    O livro parece ser bastante interessante, principalmente por mostrar a cultura e a história da Estônia, que não é um local que costumamos ver muito como ambientação de livros... e sempre gosto muito dessa mistura entre a ficção e a realidade. Entretanto, não leria no momento, estou mais no momento de ler algo mais leve, sem tantos detalhes, e parece ser um livro que realmente devemos ler aos poucos para poder captar o máximo de detalhes possíveis.

    Beijinhos,

    Rafaella Lima || Vamos Falar de Livros?

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  17. Oi Dry,
    Essa obra da biruta eu não conhecia e fiquei dividida em relação a ela.
    Recentemente li um livro deles que me foi bem cansativo tbm, e as vezes me questiono se algumas das publicações não são densas demais pra criancas, mas sei lá essa geração é tão pra frentex né?
    Ei gostei muito da sua resenha, como sempre muito rica.

    Beijos

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