De olho no autor #42: Caroline Defanti

Caroline Defanti é uma autora que eu conheço há pouco tempo (mas já considero pacas), mas o livro dela me deixou tão animada, emocionada e doida pela continuação que eu não pude deixar de ir atrás dela e pedir uma entrevista. A autora é MUITO simpática, e eu espero que vocês gostem tanto de conhecê-la quanto eu ♥

Resenha Irmandade de Copra

1. Como foi seu primeiro contato com a leitura?
C.D.: A grande maioria das pessoas - que eu conheço, pelo menos – que gosta de ler, diz que aprendeu a gostar muito, muito jovem. Eu não sou um desses casos. Considero que comecei a minha caminhada no mundo literário relativamente tarde.
Eu aprendi a ler quando tinha 5 anos. Mas só fui devidamente apresentada à literatura quando estava com, mais ou menos, 8. O primeiríssimo livro que eu li foi A Escola da Magia, cujo autor eu, infelizmente, não me lembro e nem tenho esperanças de lembrar, porque nunca mais consegui encontrar esse livro. E, logo depois, peguei o gostinho da coisa e engatei na série Harry Potter, mesclando com a série Os Karas, de Pedro Bandeira. Aí foi amor certo e eterno! rsrs


2. Quando você começou a escrever?
C.D.: Eu comecei quando tinha exatos 9 anos de idade. Foi em uma brincadeira com um grande amigo que eu tive na infância. Nós começamos a escrever uma história. E eu, sem nem perceber, acabei me apaixonando e nunca mais parei. Dei continuidade àquela história que nós começamos – mas, calma, gente, não é a Irmandade de Copra, essa veio bem mais tarde. rsrs
Agradeço até hoje a esse meu grande amigo. Ele, inconscientemente, me colocou no caminho que iria querer trilhar pelo resto da minha vida.


3. Quem inspirou os personagens? Algum ator, atriz, conhecido...
C.D.: Sinceramente, eu não tive nenhuma inspiração externa para criar algum personagem em especial. Eu só montava os personagens que a própria história exigia e que me davam vontade. Rsrs Nesse quesito, me deixei relativamente livre, só exigia que mantivesse o sentido da história.
Mas acho que eu posso dizer que a minha grande inspiração – e isso serve para toda a história – foi a realidade em si. Eu queria escrever uma ficção, com todos os seus atributos fantásticos e inacreditáveis, mas queria que o leitor, ao ler, pudesse pensar que aquilo poderia ser real.


4. Você se divertiu enquanto escrevia o livro?
C.D.: Muito! Praticamente o tempo todo! Mesmo quando eu estava sofrendo com algum momento mais emocionante ou triste do livro, eu conseguia me divertir. Porque, na verdade, escrever é uma atividade angustiante, mas ao mesmo tempo, muito divertida!
Para aqueles que sabem apreciar o ato, é claro. E também porque eu achava os Irmãos muito engraçados. Me diverti bastante com eles. Rsrs


5. Quanto tempo levou para escrever “Irmandade de Copra” e como foi a experiência?
C.D.: Foram, mais ou menos, dois anos – eu comecei aos 18 e terminei quando tinha 20 anos.
Bom, como eu disse anteriormente, escrever é uma atividade angustiante, justamente por saber que você nunca vai ter uma obra perfeita – isso é impossível. Mas, ao mesmo tempo, foi uma experiência que me entusiasmou muito, por causa da expectativa de como ia ficar no final – eu mesma não sabia qual ia ser a cara do livro. E, sem sombra de dúvidas, a escrita se tornou uma droga para mim – eu tenho que fazer isso regularmente, senão dá curto (batidinha na têmpora). rsrs


6. Quais são as dificuldades para que um autor consiga ter seu livro publicado e conhecido no mercado literário brasileiro?
C.D.: Ter o livro publicado realmente se mostrou um grande desafio. Eu levei dois anos para conseguir isso – até mesmo porque eu não tinha a menor intenção de fazer uma publicação independente, porque aí já é outra história. Mas eu diria que o mais difícil foi encontrar uma editora. É claro que todo autor sonha em ter o seu livro publicado por uma das grandes editoras do país etc. Mas, cá entre nós, não é fácil conseguir isso. Primeiro porque as grandes editoras normalmente se focam em obras internacionais – o que eu acho muito injusto. E segundo, o preço que elas cobram do autor pode ser bem alto. Então, a saída é procurar editoras que se foquem na literatura nacional, e normalmente estas são menores – mas isso não quer dizer que sejam incompetentes. De maneira nenhuma! São justamente aquelas que entendem a dificuldade do autor iniciante e que conseguem ver o grande potencial da literatura brasileira. Puxa, temos ótimos autores nacionais por aí. Não precisa nem procurar, porque eles virão até você.
Mas, enfim, encontrar uma editora é um drama. E imagino que bancar sozinho a publicação do seu livro também não deva ser fácil.
Quanto a se tornar conhecido, eu realmente não sei dizer. Acho que não me encaixo nesse parâmetro de “autor conhecido” – puxa, estou começando agora! Rsrs Mas, para mim, está sendo um mega desafio, porque eu sou péssima com divulgações! Péssima mesmo! Quem me conhece, sabe. Eu não tenho a sagacidade necessária para a coisa. Rsrs E a divulgação é a alma do negócio. Então, eu diria que se tornar conhecido é tão difícil quanto ou ainda pior do que encontrar uma boa editora.

7. Para você, qual a melhor coisa em escrever?
C.D.: Está aí uma pergunta que eu nunca tinha me feito. Eu não sei... acho que eu gosto da sensação de criar uma história e passar uma mensagem dessa maneira. Sabe, os livros nos ensinam muita coisa sem que nós sequer percebamos. E isso, por si só, já é mágico! Acho super bacana a sensação de saber que eu criei um universo, mesmo que fictício, e depois eu mesma passei a ter que obedecer as regras desse mundo que eu criei. Eu começo como o “deus” desse universo, mas logo me vejo encurralada pelas regras que eu mesma criei. Essa inversão de papéis... Eu acho isso muito legal!


8. Sei que essa pode ser uma pergunta difícil, mas qual seu livro preferido? Pode ser um dos seus, ou de algum colega escritor...
C.D.: É... É uma pergunta incrivelmente difícil. Rsrs E que me faz ficar aliviada por essa entrevista não ser em vídeo, porque eu vou precisar de um bom tempo para pensar. Rsrs Mas com certeza não é um dos meus. Nunca seria um dos meus! Rsrs
Deixa eu ver... Vou tentar algum mais recente, para fugir dos clássicos que são sempre citados – como Edgar Allan Poe, Bram Stoker ou Tolkien. Fico em dúvida entre A Música do Silêncio, de Patrick Rothfuss, e O Circo da Noite, de Erin Morgenstern. São livros com os quais eu aprendi muito e que conseguiram me fazer sentir. Também tem A Alquimia da Pedra, da Ekaterina Sedia...
Ai, droga. Não dá para escolher um só. rsrs Desculpe.


9. Se fosse um personagem do seu livro, qual seria? Por quê?
C.D.: Se eu pudesse escolher, acho que eu ia preferir ser a Malika. Ela é a personagem mais pura que eu já criei. Acho que o mundo precisa de criaturas com essa aura que ela tem. Seria uma honra ser como ela.
Ou a Copra, de repente. Não porque ela é uma deusa, mas porque ela é uma entidade muito, muito boa. Ela não possui antipatia por ninguém, nem por aqueles que a consideram inimiga. Sem falar que ela é muito misteriosa. Eu mesma sinto que não a conheço por completo. rsrs


10. Além de escrever, você também lê bastante?
C.D.: Muita coisa! Gente, quando eu não estou escrevendo, eu estou lendo. Quando não estou lendo, estou escrevendo – vez ou outra, os meus olhos ficam cansados e eu paro para assistir um filme. Mas, a bem da verdade, ler e escrever são as duas únicas coisas que eu sei fazer! Pelo menos, eu acho que sei fazer, né. Rsrs Então, eu leio e escrevo o tempo inteiro.


11. Qual livro nacional você recomenda? Por quê?
C.D.: Só pode ser um? Rsrs Bom, sendo assim, recomendo qualquer um da série Os Karas, de Pedro Bandeira. Mas, principalmente, o livro A Droga da Obediência. Porque com esse livro aprendi tanta coisa... Eu o li quando era bem jovem, então talvez isso tenha influenciado nesse meu fascínio pela série. E foi o Bandeira que me mostrou que podemos criar um universo fictício usando tanta simplicidade que a coisa toda fica parecendo palpável de tão real. Sem falar das fofas mensagens subliminares, como amizade, lealdade etc. Os livros dele são eternos. Um adolescente pode ler e amar, assim como um adulto pode ler e amar também. Afinal, ele é um mestre da ficção brasileira não é à toa. O cara, além de um notório talento e bagagem, tem paixão. Ele ama o que faz e eu não poderia respeitá-lo ainda mais por isso.


12. Poderia nos contar um pouco do seu livro?
C.D.: Tipo uma sinopse e curiosidades? Claro!
Bom, a trilogia Irmandade de Copra se trata de uma trama passada em um futuro distante, em uma época após o fim do mundo. Então, com o planeta abandonado e a raça humana reduzida, eis que surge uma espécie alienígena que toma o planeta como lar. E aí começa uma disputa entre homens e aliens pelo planeta Terra. A partir dessa disputa surge a ideia de criar um grupo de humanos, cuja união do DNA alienígena com o DNA humano, lhes dá habilidades especiais chamadas Dávidas. E essa é a Irmandade de Copra.

Uma curiosidade: inicialmente, a minha ideia era fazer do livro Irmandade de Copra um volume único. Mas, como ficou muito extenso, a editora sugeriu que fosse dividido em três – pessoalmente, eu preferia que fosse apenas um volume, mas tudo bem.

Outra curiosidade: as pessoas que leram o Irmandade vivem me dizendo que eu criei um universo super complexo, com muitos personagens e tal. E, gente, eu acho isso meio engraçado, porque, na verdade, por trás dessa história e da Irmandade em si, tem muitas outras histórias. Porque eu tive que criar histórias pessoais para cada personagem – para os Irmãos, por exemplo –, para os aliens, e para a própria Irmandade. Há detalhes sobre ambas as sociedades que eu não pude acrescentar ao livro, justamente por não haver essa chance. Seria como encher linguiça. Eram informações que a história em si não pedia. Então, tem coisas que o leitor não sabe e nem vai saber, porque não estão no livro. Sendo assim, pode crer, o universo da trilogia é enorme.

13. Tem algum trabalho futuro chegando, além da continuação da trilogia? Poderia nos falar um pouco dele ou é segredo?
C.D.: Tem, sim! Eu sempre, sempre estou trabalhando em alguma coisa.
Assim que terminei o Irmandade de Copra, comecei esse outro. E já estou no fim – eu espero -, estou fazendo a minha última revisão – eu espero também.

É outra trama que se passa no futuro, mas ela mostra o oposto do que mostra o Irmandade. Enquanto o Irmandade de Copra mostra uma situação em que a Terra foi destruída e precisou da ajuda de seres extraterrestres para ser curada e aí começa uma disputa entre homens e aliens etc., esse novo livro vai mostrar o mundo nas mãos do homem, o mundo curado e cuidado pelo próprio homem. Nesse livro eu tento mostrar o sofrimento de ambos e também a forma como eles se salvam. Vai ter Soldados, Sentinelas, androides, robôs, lutas, mistérios, crimes, um tiquinho de romance – eu definitivamente não sou uma autora de romances – e, é claro, mensagens que eu, como autora e ser humano, gostaria de passar para o leitor.

O título será As Sentinelas – e eu realmente espero que seja volume único. Rsrs

Como estou considerando que já estou no fim, já comecei a estudar para um novo projeto – que, se correr tudo como estou planejando, não vai ter nada a ver com nenhum dos meus outros livros. Vai ter anjos e, talvez, uma questão racial a ser resolvida. E quem sabe um pouquinho de música... rsrs


10 comentários

  1. Me apaixonei pela autora só por essa entrevista!
    Que fofa e simpática. Vou ler a resenha e ver o que acho!

    Beijos, Lendo no Inverno

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  2. Olá
    Eu tô louca por esse livro, já tá na minha lista tem um tempinho e sobre a entrevista, eu adorei, achei a autora simpática e espontânea,ler a entrevista dela só me fez ter mais vontade de ler o livro.
    Bjss

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  3. Eu não conhecia essa autora, Dreguisz, sério, o bom da coluna "De olho no autor" é que eu consigo conhecer novas paixões da literatura brasileira e internacional, bom, eu gostei de conhecer um pouco sobre a Caroline e eu me encantei rapidamente por suas respostas, outra, eu adorei a capa da sua obra literária, já estou aqui doidin pra ler, me empresta!!!!11
    Carpe diem, http://www.entreutopias.com/

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  4. Oii Dryh,
    olha eu de novo aqui HAHA. Adorei a recomendação da autora, Pedro Bandeira é meu amorzinho nacional também. Se você ainda não leu, leia. Aposto que vai gostar, beijos!

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  5. Meus amigos hoje mesmo acabei de ler uma resenha sobre esse livro e pelo que li me parece ser bastante interessante. Eu não sei se pegaria para ler no momento, mas mesmo assim acho que darei uma chance assim que puder. Adorei a entrevista que vocês fizeram. Muito legal. É sempre bom conhecer os autores nacionais que ainda não conhecemos. Continuem assim e muito sucesso para vocês =]

    http://lovereadmybooks.blogspot.com.br/2015/09/resenha-menina-que-semeava.html

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  6. Oii! Tudo joia?
    Conheço esse livro por causa da parceria com a editora. Tenho muito interesse em ler. Adorei a entrevista e a autora parece super simpática!
    Beijos
    mundoemcartas.blogspot.com.br

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  7. Olá,
    não conhecia a autora e nem livro. Gosto quando os blogs postam entrevistas porque consigo conhecer melhor o autor e sua relação com a literatura. Fiquei interessada pelo livro. Bjus!!!
    http://lendoaestante.blogspot.com.br/

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  8. Ola
    Não conhecia nem a autora e o livro, mas pela entrevista ela parecer ser um amor!
    Fiquei curiosa pelo livro, irei pesquisar sobre
    Beijos

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  9. Oi Dryh, sua linda, tudo bem
    Você falou muito bem desse livro, não tinha como esquecer. Eu li os livros do Pedro Bandeira na escola, e lembro até hoje do Livro Droga da Obediência. Algo que a autora disse me chamou a atenção: que ela criou uma história de ficção, mas real, a ponto de acreditarmos no texto dela. Eu adoro quando um livro faz isso, e com o tema desse, vira até de certa forma um alerta para evitarmos a nossa destruição. Adorei a entrevista, a autora parece ser super simpática pelas respostas dela, estou torcendo por seu sucesso e não vejo a hora de ler o livro.
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  10. Olá!
    Eu não conhecia a autora, mas adorei a entrevista. Ele me parece muito simpática.
    Tenho visto críticas bem positivas sobre o livro dela. Espero poder ler em breve.
    Beijinhos!
    http://eraumavezolivro.blogspot.com.br/

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Oiê! Muito obrigada por passar por aqui, deixe um recadinho com o link do seu blog e a gente dá uma passadinha lá mais tarde :)

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