A voz do Arqueiro

Título: A voz do Arqueiro

Autora: Mia Sheridan

Editora: Arqueiro (cortesia)

Páginas: 336

Edição: 1

Lançamento: 2015

Sinopse: Bree Prescott quer deixar para trás seu passado de sofrimentos e precisa de um lugar para recomeçar. Quando chega à pequena Pelion, no estado do Maine, ela se encanta pela cidade e decide ficar. Logo seu caminho se cruza com o de Archer Hale, um rapaz mudo, de olhos profundos e músculos bem definidos, que se esconde atrás de uma aparência selvagem e parece invisível para todos do lugar. Intrigada pelo jovem, Bree se empenha em romper seu mundo de silêncio para descobrir quem ele é e que mistérios esconde. Alternando o ponto de vista dos dois personagens, Mia Sheridan fala de um amor que incendeia e transforma vidas. De um lado, a história de uma mulher presa à lembrança de uma noite terrível. Do outro, a trajetória de um homem que convive silenciosamente com uma ferida profunda. Archer pode ser a chave para a libertação de Bree e ela, a mulher que o ajudará a encontrar a própria voz. Juntos, os dois lutam para esquecer as marcas da violência e compreender muito mais do que as palavras poderiam expressar.

 Resenha

Que garoto estranho. O doce e silencioso Archer Hale.

Archer Hale sempre fora um cara quieto, não somente por não poder falar (resultado de um acidente trágico em sua infância), mas também por acreditar ser inferior às outras pessoas. Isso muda quando ele conhece Bree Prescott, uma garota tagarela que passa a persegui-lo (no bom sentido) depois do primeiro encontro deles. Decidida a conhece-lo, Bree aparece na casa de Archer algumas vezes, e depois de hesitar um pouco, ele se deixa conversar com ela, dando início à uma belíssima amizade.

Há tantos modos de interpretar você, Archer Hale. E eu amo cada um deles. – página 234

Antes de falar sobre Bree, preciso falar de Archer. Ele é apaixonante já nas primeiras páginas; misterioso, tímido, inseguro e tantas outras coisas que eu não conseguiria falar aqui, mas além de tudo, é o cara mais fofo, romântico, incrível e lindo que eu já “conheci” (entre aspas, porque né...). Queria estapear todo mundo que o tratava mal, tinha medo ou o havia magoado uma vez sequer em sua vida! Archer é um daqueles personagens que nos faz sorrir quando sorri, chorar quando ele está chorando e suspirar quando diz alguma coisa fofa para Bree, e eu perdi as contas de quantas vezes quis abraça-lo. Acho que nunca conheci um personagem como ele, e acredito que não haverá mais nenhum como Archer.

Os braços de Archer eram o meu lar – o único lugar em que eu queria estar, onde eu me sentia segura. O lugar onde me sentia amada. – página 194

Bree, diferente de tantas outras protagonistas que conhecemos por aí, é uma garota não-irritante. Uau! Surpresos? Eu também fiquei. Esqueça aquela história da menina santinha se apaixonar pelo garanhão. Esqueceu? Bom mesmo. Bree não é a garota boazinha, assim como Archer não é o bad boy garanhão. Eles são um casal incomum, e isso é o que os faz ainda mais apaixonantes. Ela é divertida, tagarela, esperta, (um pouco atormentada também, mas quem não é?!), e uma das melhores protagonistas que eu já conheci, e olha que já li muuuitos livros.

Ele sorriu. Ainda não estava acostumada com os sorrisos dele e aquele em especial fez meu coração acelerar mais um pouco. Eram como um presente que ele distribuía de forma parcimoniosa. Eu o recolhi e guardei em algum lugar dentro de mim. – página 86

O que mais me chamou a atenção nesse livro foi a forma com que os personagens superam suas perdas e dores. Ambos tiveram um passado mais do que trágico, ambos são sobreviventes do que a vida lhes deu, e ambos precisavam encontrar uma forma de deixar tudo aquilo para trás, e de uma forma ou de outra, conseguiram. Não sei se conseguirei expressar aqui tudo o que esse livro me fez sentir, mas de algo eu sei: é um dos romances mais arrebatadores e marcantes que eu já li.

A autora demora para revelar o passado completo dos personagens, então o leitor já está explodindo de curiosidade quando enfim as pistas começam a aparecer. Demorei um pouco para descobrir o que havia acontecido com Archer e Brett, mas ainda assim, a autora conseguiu me surpreender no final.

A escrita de Mia é fluída na maior parte do tempo, mas confesso que precisei fazer algumas pausas de vez em quando, pois a leitura ficou cansativa em alguns pontos. Tirando isso, o livro é maravilhosamente incrível. Cheio de frases bonitas, sentimentos que transbordam das páginas para o leitor, e uma bomba no final. Não podia ser diferente, não é mesmo? Não vou mentir para vocês, então sim, eu chorei. Sim, eu também sorri, gargalhei e reli algumas páginas duas ou três vezes porque encontrei uma cena linda ali, e sim, eu estou doida por mais livros de Mia Sheridan.

Os olhos dele me diziam tudo o que a voz não poderia dizer. Dissemos mil palavras sem que nenhuma delas fosse pronunciada. – página 140

Não se deixem enganar pela capa meio erótica que A voz do Arqueiro tem, e nem pelo título bobinho. A história é linda (acho que já elogiei o suficiente lá em cima, porém, mais um pouco não vai machucar a ninguém), maravilhosa e muito, mas muito marcante. Posso dizer que Mia abriu minha mente para algo em que eu não havia pensado antes (só quando assistia Switched At Birth, série super recomendada): como é a vida de alguém mudo? E mais: como é a vida de um homem mudo, solitário, e que recebera amor somente uma vez em toda a sua vida? Curiosos? Então corram ler!

“Quais são os seus sonhos, Archer?” “Não sabia o bastante para sonhar com você, Bree, mas de algum modo você se tornou realidade. Como isso aconteceu? ... Quem leu a minha mente e soube exatamente o que eu queria, quando eu mesmo não sabia?” – página 191