Hoje trago a resenha de um livro que me surpreendeu bastante, positivamente? Descobriremos na resenha:
Autor: Julian Barnes
Editora: Rocco (cortesia)
Páginas: 176
Edição: 1
Lançamento: 2017
Sinopse: Em seu primeiro romance desde O sentido de um fim, vencedor do Man Booker Prize, e após o sensível ensaio sobre o luto Altos voos e quedas livres, Julian Barnes resgata e ficcionaliza a trajetória do compositor russo Dmitri Shostakovitch para retomar questões recorrentes em sua obra como a memória e a verdade. A história tem início em 1937, na União Soviética, quando Shostakovich tem certeza de que será preso, exilado na Sibéria, talvez até executado, após escrever um de seus maiores concertos, Lady Macbeth de Mtsensk, que não agradou ao governo. A partir daí, Barnes constrói (ou desconstrói) uma breve biografia de um dos grandes nomes da música do século XX, um personagem complexo e contraditório, com uma narrativa extremamente humana sobre integridade, coragem e poder que celebra, acima de tudo, a liberdade artística. Aclamado pela crítica estrangeira, O ruído do tempo já se destaca como uma das incontestáveis obras-primas de Julian Barnes.
Resenha
O Ruído do Tempo, do inglês Julian Barnes, é uma espécie de biografia (com nuances de ficção) do grande compositor russo Dmitri Shostakovich, que compôs Lady Macbeth. Nesse grande (já estão premeditando minha opinião?) livro, Barnes usa Shostakovich como fonte de inspiração para um de seus meios de arquitetura, a ficção. Completando a linha, O Ruído do Tempo desconstruirá a vida de Shostakovich com um certo teor de ficção, fazendo parecer que a trajetória do russo é em si um livro de ficção.
Shostakovich nasceu em 1906 na cidade de São Petersburgo, se tornou um famoso compositor quando apresentou Lady Macbeth, uma ópera que causou um rebuliço nas grandes revistas de arte da época, como o PRAVDA, claro, isso só acontece depois que Stálin decide assistir ao "show subversivo". Abraçado por um patrono do grande escalão soviético, Tukhachevsky, a música de Shostakovich foi considerada um grande clássico soviético.
Só que agora tudo havia se tornado instável outra vez. Instável: isso só era mais do que um eufemismo
Entre altos baixos, entre ser taxado de subversivo e inimigo da revolução outrora ser exibido como o melhor compositor soviético por Stálin, Dmitri é um retrato da relação do regime Soviético com a arte; uma grande banalidade. Julian Barnes consegue separar bem os limites da ficção e da realidade nesse novo romance, taxado como biográfico.
Os fragmentos da história se juntam aos poucos, é uma escrita que não segue regras ou ordem linear, ponto para a incrível arquitetura de Barnes, onde o leitor experimenta os limites de criação. Os nuances e devaneios do compositor são desenhados a partir de momentos banais como a espera de um elevador, o medo de avião ou o medo de ser capturado e torturado pelo regime enquanto se espera um elevador.
De agora em diante só haveria dois tipos de compositores: aqueles que estavam vivos e amedrontados; e aqueles que estavam mortos.
Em entrevista à BBC, Barnes afirmou que a vida do compositor russo sempre o interessou. Shostakovich não era um russo tão comum, teve várias esposas e foi obrigado a participar do comité de artes soviético, assinando textos que nunca tinha escrito. O livro não vai até o fim da vida do compositor, ele arrisca ir até onde o leitor mostra ter apetite pela leitura.
A editora responsável pelo livro foi a Rocco, tendo feito um trabalho muito bom. A tradução foi realizada pelo Léa Viveiros de Castro e o texto de orelha foi escrito por Arthur Dapieve. O feedback do livro na contracapa incomoda um pouco, porém, não tira o brilho do conjunto. Na ficha catalográfica, o livro foi considerado Ficção Inglesa.
Recomendo O Ruído do Tempo para quem aprecia com moderação escritores russos e grandes doses de subversão ao falido regime Soviético. O Ruído do Tempo mostra os limites de criação de Barnes, tendo a relação da música e o Poder como principal mecanismo de discussão; seria a música um ruído do tempo?
Oi, Heitor!
ResponderExcluirPelo jeito o autor gosta de escrever livros sobre pessoas reais colocando partes ficcionais. Para que gosta de livros mais lento e densos, esse livro deve ser uma ótima pedida, mas não faz o meu estilo. Talvez um dia quem sabe eu acabe lendo?
Mas fico feliz que tenha te surpreendido positivamente. ^^
Obrigada pela dica!
Beijão!
http://www.lagarota.com.br/
http://www.asmeninasqueleemlivros.com/
Parece ser uma história interessante mas acho que eu poderia me desinteressar pela leitura no decorrer do livro, não apenas por não ser linear mas também pelo estilo do autor. Mas o teor histórico em que está inserido seria um bom motivo para eu tentar lê-lo.
ResponderExcluirmemoriasdeumaleitora.com.br
Oi Heitor! Gosto muito de livros que misturam ficção e história, acho muito fascinante. E essa história me deixou super curiosa para conhecer, adorei a sua resenha e o livro parece prender o leitor do início ao fim. Já vou adicionar esse livro a minha lista, bjss!
ResponderExcluirOlá, tudo bem?
ResponderExcluirBiografias não fazem o meu estilo de leitura, e os pontos apresentados na sua resenha não me convenceram a ler a obra.
Sua resenha está bem escrita, mas dessa vez eu passo a dica.
Um beijo.
Oie! Tudo bem?
ResponderExcluirNum primeiro momento o livro não tinha me chamado a atenção, mas depois de ler sua resenha me interessei de cara por ele! Ainda mais falando sobre a vida de um compositor! Já anotei a dica com certeza e espero ler em breve!
Bjss
Eu não conhecia esse livro, mas achei ele bastante interessante. Nunca li nada parecido, mas sinto que iria curtir bastante a leitura. Adorei a dica!
ResponderExcluirMemórias de uma Leitora
Olá,
ResponderExcluirQue bom que o livro foi de seu agrado, acredito que eu nunca tenha lido um livro russo, se li não me recordo agora, e gostaria de um dia me aventurar nessa literatura. No entanto, esse livro em particular não me atraiu, não é um estilo de história que prenderia me atenção e por isso deixo a dica passar.
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirConfesso que não me é um tipo de livro muito atrativo. mas achei bacana o lance de "mistura com ficção", enfim, quem sabe...
Que bom que a leitura lhe agradou. Obrigada pela indicação.
Beijo!
Ana.
OOi!
ResponderExcluirApesar de sua ótima e positiva resenha, a obra não chamou minha atenção. Sinto que se eu lesse, acabaria ficando maçante pela falta de interesse meu mesmo. Então, prefiro passar a dica.
Beijoos!
Literatura russa? Confesso que sua resenha me deixou instigado para ler essa obra, gostei dessa mistura e parece ser uma história bem instigante, já vou marcar na lista de desejados.
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