No seu pescoço

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lá, olá! Já estão de férias? E ahhh, como foram de festinha junina? Tudo tranquilo? Então, gente, eu estou de recesso do cursinho e estou aproveitando mais para descansar, ler um pouco e inclusive assistir algumas séries - já terminei até good girls e recomendo pra caramba -. Mas hoje resolvi trazer para vocês a incrível obra da Chimamanda Ngozi Adichie, que para quem não conhece participou até mesmo de um clipe da Beyoncé... Ficaram curiosos agora, não é?


Título: No seu pescoço
Autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 233
Lançamento: 2009
Sinopse: Publicado em inglês em 2009, No seu pescoço contém todos os elementos que fazem de Adichie uma das principais escritoras contemporâneas. Nos doze contos que compõem o volume, encontramos a sensibilidade da autora voltada para a temática da imigração, da desigualdade racial, dos conflitos religiosos e das relações familiares. Combinando técnicas da narrativa convencional com experimentalismo, como no conto que dá nome ao livro — escrito em segunda pessoa —, Adichie parte da perspectiva do indivíduo para atingir o universal que há em cada um de nós e, com isso, proporciona a seus leitores a experiência da empatia, bem escassa em nossos tempos.


Resenha:

Havia lido "Sejamos Todos Feministas" ano passado, já que, de certa forma causou um verdadeiro alvoroço nos bookstagrammers que acompanhava - onde muitos tiveram uma verdadeira surpresa ao conhecer a escrita da autora -. De certo modo, eu também me surpreendi e com isso decidi este ano me aventurar mais uma vez na riqueza de detalhes da nova influência das mulheres na literatura contemporânea. Já, "Em seu pescoço" é preparado um verdadeiro banquete de doze contos diferentes que abordam temáticas sociais, como por exemplo imigração, classes sociais, preconceito racial, conflitos religiosos e relações familiares. 

Com cenário no continente africano, cada conto irá narrar de formato estratégico onde é o local que se passa o enredo. São histórias dividas, mas em alguns pontos pude notar algumas ligações mesmo sendo bem mínimas. Ou seja, easter eggs - essa expressão em inglês é definida como algo que apresenta uma referência a outra obra, no caso, contos anteriores -. 
"Ele costumava me fazer pensar que nada do que eu dizia era espirituoso, sarcástico ou inteligente o suficiente. Sempre se esforçava para ser diferente, até quando não tinha importância. Era como se a vida dele fosse uma performance, não uma vida. (...) Como você pode amar alguém e ao mesmo tempo querer controlar o nível de felicidade que é permitido à pessoa?'" 
Além disso, a linguagem também retrata alguns termos que são falados na África, então, já é algo que pode te ajudar a conseguir interpretar mais sobre o vocabulário. Genocídio, apropriação cultural, entre outros assuntos são retratados nesse livro, embora que eu não posso argumentar muito por causa de spoilers, um dos meus favoritos foram dois e irei comentar um pouco sobre eles aqui nessa resenha. 

"A cela um" que apresenta a história de uma irmã que presenciou a cena de ver o seu irmão sendo preso e perceber todas as crueldades que aconteciam com ele na prisão, além de doloroso apresenta sobre o preconceito e injustiças. Já em "No seu pescoço" conto que recebe o mesmo título da obra pois além de detalhar o preconceito de uma nigeriana nos Estados Unidos, com o abuso sexual, entre outros, este, em especial, é narrado em segunda pessoa, resumidamente, você consegue sentir na pele toda a injúria social sofrida pela protagonista, ademais, é na verdade algo para abrir os olhos e a nossa mente, que, embelezamos demais este país e também de como o relacionamento entre brancos e negros ainda é um verdadeiro tabu na sociedade.

"Elas perguntaram onde você tinha aprendido a falar inglês, se havia casas de verdade na África e se você já tinha visto um carro antes de vir para os Estados Unidos. Olharam boquiaberta para o seu cabelo. Ele fica em pé ou cai quando você solta as tranças? Elas queriam saber. Fica todo em pé? Como? Por quê? Você usa pente? Você sorria de um jeito forçado enquanto elas faziam essas perguntas. Seu tio lhe disse que aquilo era esperado; uma mistura de ignorância e arrogância, foi como ele definiu." 
O que mais me encanta é a divergência de humor nos contos, em um segundo a autora retrata a forma extremamente sensível, outros algo mais irônico e bem humorado, mas não deixa perder a sua verdadeira essência. É algo que você lê e consegue aprimorar mais a sua mente através de uma rápida análise psicológica dos personagens, que resumidamente, foram bem construídos. A Edição da obra está impecável, com uma capa bem chamativa, letra em um bom tamanho, páginas amareladas e tudo isso acabou influenciado para uma leitura mais rápida.

Por fim, eu acabei conhecendo a Chimamanda em uma palestra que ela apresentou no TED TALKS, que era sobre o perigo da história única, assisti esse vídeo um tempinho atrás e guardo comigo até hoje. Mas o meu favorito, na realidade, é o Nós Deveríamos Todos Ser Feministas que é algo surreal toda a análise do machismo, da sociedade agir de tal maneira e de como a educação das crianças influencia no comportamento futuro. É algo surpreendente que deixo aqui nessa postagem quem tiver interesse em conhecer ainda mais a mente brilhante dessa autora.


Ninguém sabia onde você estava, pois você não contou. Às vezes, você se sentia invisível e tentava atravessar a parede entre o seu quarto e o corredor e, quando batia na parede, ficava com manchas roxas no braço. Certa vez, Juan perguntou se você tinha um namorado violento, pois você daria um jeito nele, e você deu uma risada misteriosa. À noite, algo se enroscava no seu pescoço, algo que por muito pouco não lhe sufocava antes de você cair no sono.
Até mais, pessoal!
 Lu 💜

2 comentários

  1. Oi, Luan!
    Eu acho a Chimamanda simplesmente maravilhosa! Estou lendo "Hibisco roxo" e "No seu pescoço" está na lista das próximas leituras. Pelos quotes que separou, já vi que tem o mesmo tom de outros livros dela e que vou gostar.

    Beijos, Entre Aspas

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  2. Olá
    Eu também a conheci por Sejamos todos feministas e No seu pescoço foi minha segunda leitura dela. Os contos são tão intensos, tão crus... Não tem dó nenhuma da gente, simplesmente tacam aquela verdade na nossa cara e a gente que se vire pra lidar com ela. Gosto de livros que fazer isso, meio que acordam a gente pra tantas realidades que ignoramos.

    Vidas em Preto e Branco

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