Os viajantes

Titulo: Os viajantes
Autora: Regina Porter
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 376
Edição: 1
Lançamento: 2020

Sinopse: A história envolvente de duas famílias, uma branca e outra negra, da década de 1950 aos dias de hoje. Um romance sobre amor e memória, preconceito e identidade, trauma e destino. James Samuel Vincent, um rico advogado, tenta se afastar de sua origem humilde de descendente de imigrantes irlandeses em Nova York. Seu filho, Rufus, se casa com Claudia Christie, uma mulher de família negra cujo pai tem uma vida atravessada pela guerra do Vietnã e pelas tensões raciais que tomam conta dos Estados Unidos nos anos 1960. Histórias se alternam, se cruzam. E assim somos levados por Regina Porter neste seu extraordinário romance de estreia. Através da perspectiva de diversos homens e mulheres, numa trama que avança e volta no tempo, o que vemos desenrolar é um panorama rico e variado da vida na América entre os anos 1950 e a eleição de Barack Obama. Porter justapõe uma série de breves episódios, vozes e fotografias – num recurso que ecoa o mestre W. G. Sebald –, criando um efeito único. Eleito um dos livros do ano pela Esquire. Finalista do Pen/Hemingway Award na categoria romance de estreia.

 "Os viajantes" apresenta um recurso de flashbacks com diversos cenários que são capazes de distinguir as mudanças conforme a sociedade enfrentou durante os anos de 1946 até 2009, bem como as diversas atitudes que ainda costumam estar presentes e que merecem um debate mais aprofundado sobre tal aspecto. Em primeira mão, é necessário ter uma noção da diversidade dos personagens - tanto que no próprio início temos uma pequena lista com as características de cada um -, pois, durante a leitura será tratada três gerações de duas famílias, uma negra e outra branca. O primeiro personagem que é relatado no enredo é o James Samuel Vicent Jr, homem branco, advogado de Manhattan e também conhecido como 'James, o cara' e que leva uma vida cercada de privilégios, seu pai é um bombeiro da zona rural chamado Jimmy Vincent e sua mãe é a bibliotecária Nancy Vincent. 

 No outro lado da história, conhecemos Agnes Christie, uma urbanista casada com Eddie Christie, veterano da Marinha no Vietnã. Apesar de ser um tanto misteriosa em suas relações, essa protagonista traz para o leitor as inúmeras reflexões sobre o racismo estrutural, seguindo assim, durante a sua adolescência ela costumava namorar um rapaz chamado Claude, contudo, durante o capítulo "Estrada de Damasco" é relatada em uma abordagem policial na qual fora violentada e estuprada em uma noite trágica de 1966, depois desse episódio a personagem resolve mudar a sua vida completamente. 

 Também conhecemos sobre a história do seu marido, Eddie, com o passar das páginas e todo o interesse dele sobre a peça teatral de Tom Stoppard, Rosencrantz e Guildenstern estão mortos, reencenada sob a perspectiva de dois personagens que não ganharam tanto destaque em Hamlet, de William Shakespeare. Alguns temas são fortemente debatidos, como, por exemplo, o período do Apartheid na África do Sul após as eleições gerais de 1948, e a discriminação racial nos Estados Unidos, miscigenação, epidemia de AIDS.

 Outro tema bastante importante é a respeito da sexualidade e homofobia, de como ainda é um desafio ser respeitado pela sociedade ao trazer a história de Eloise Delaney, que tem uma forte relação com Agnes. Além disso, a presença dos impactos e influências da guerra também são informados, já que como tudo é interligado neste livro, é mais que certo relatar um pouco sobre esse momento no Vietnã que diversos personagens também estiveram, entre 1955 até 1975.  Agnes e James tem inúmeras diferenças como vocês já podem notar e embora sejam os mais presentes durante a história, não são os protagonistas. 

 Este livro deve-se ter uma atenção ainda maior durante a leitura, pois, com uma quantidade variada de personagens é comum que o leitor acabe se perdendo durante algumas cenas, como foi o meu caso em alguma delas, isso fez com que a obra não funcionasse tanto pra mim como gostaria. Contudo, a parte histórica, a meu ver, foi fundamental para compreender melhor o cotidiano norte-americano, sendo que esse momento de guerras (Guerra Mundial e Guerra do Vietnã), assassinato de Martin Luther King em 1968 são necessários para a compreensão de como a população negra luta pelos seus direitos até hoje e o mais bacana de tudo é ser finalizado na época em que é iniciado o governo de Barack Obama, em 2010. 

"E então Agnes sorriu e bateu seus longos cílios para elas. Ela poderia ter sido jovem de novo, na flor da idade: tantas vidas e eus em um corpo."

 A edição da Companhia das Letras segue impecável, a capa já tinha me chamada bastante atenção e o que me deixou ainda mais por dentro da história são as fotos intercaladas (e reais) de diversos períodos da época, o que deixa um livro de ficção ainda mais próximo da realidade. Esse romance me fez tem uma visão ainda maior sobre as nossas raízes e de como a autora, Regina Porter, foi afundo desses assuntos, de todas as pesquisas e estudos que ela precisou para então conseguir escrever este livro, são histórias emocionantes que muito provavelmente irão conquistar o coração de cada leitor.

Até mais, pessoal!
 Lu 💜


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