O menino feito de blocos

O menino feito de blocos, escrito por Keith Stuart (que esteve na Comic Con Experience no começo de dezembro) foi inspirado na própria vida do autor, e traz como protagonista um homem com um filho autista.

Título: O menino feito de blocos
Autor: Keith Stuart
Editora: Record (cortesia do Grupo Editorial Record)
Páginas: 378
Edição: 1
Lançamento: 2016
Sinopse: Uma história sobre um pai e seu filho autista, e sobre um jogo que mudou suas vidas. Alex ama sua família, mas tem dificuldade em se conectar com Sam, o filho autista de oito anos. A tensão crescente da rotina leva seu casamento ao ponto de ruptura. Jody não aguenta mais o marido ausente e que pouco participa da vida do filho. Então Alex vai morar com o melhor amigo, e passa a dormir no colchão inflável mais desconfortável do mundo. Enquanto Alex enfrenta a vida de homem separado, cumpre a função de pai em meio-expediente e é confrontado com segredos de família há muito enterrados, seu filho começa a jogar Minecraft. E o que acontece depois disso é algo que nem Alex, nem Jody, nem Sam poderiam imaginar. Inspirado no relacionamento do autor com seu filho autista, O menino feito de blocos é um livro emocionante, engraçado e verdadeiro sobre o poder da diferença e sobre um menino para lá de especial.

Resenha

“A vida é uma aventura, não um passeio.  É por isso que é difícil. ” – página 360

Alex não é o que se pode chamar de pai presente, ou participativo na vida do filho. Tendo problemas com o trabalho e até mesmo com a criação de Sam, ele passa os dias longe de casa, e não é uma pessoa fácil de se lidar, de forma que, além de tomar conta do filho 24 horas por dia, Jody ainda tinha que lidar com o marido. Até que, um dia, ele é expulso de casa e vai morar com o melhor amigo, Dan.

Para completar, pouco tempo depois ele perde o emprego, e é “obrigado” a passar mais tempo com o filho. Tempo este em que ele fica temeroso sobre qual Sam irá encontrar (dependendo do humor dele), e se sente desconfortável por não saber como agir. Era Jody quem acalmava Sam quando ele se exaltava, e era ela quem passava os dias aguentando seus ataques de fúria e todo o resto. Alex apenas pagava as consultas e o que mais eles precisassem.

É, eu sei, Alex parece ser um homem ruim, e foi o que eu pensei a respeito dele no começo do livro. A forma como ele inventava desculpas para não ficar com Sam, pouco se importando se Jody precisava ou não de um descanso ou de ajuda, o fato de ele evitar estar com Sam e parecer teme-lo. Mas, ao longo do livro, nós percebemos que Alex não é um cara ruim. Sim, ele evita Sam, mas por não saber lidar com ele, por medo de fazer algo que o irrite e não saber como fazê-lo parar depois. Ele inventa desculpas por estar preso num acontecimento traumático do passado que ainda o assombra, e tem medo de que aquilo possa se repetir com o filho.

Enquanto eu paraliso, recuo e me retiro, Jody o pega pela mão e o guia. Eu sou um merda. Tenho que parar de ser um merda. – página 143

Alex é um personagem angustiado que se culpa pelo tal acontecimento do passado, mas ele também se sente perdido em relação a Sam e o que o filho vê e absorve do mundo. Como será que Sam o via? Será que ele sentia falta do pai, será que percebia que Alex não morava mais com Jody, e será que ele, um dia, será como as outras crianças?

Eis que Sam ganha um Xbox e passa a jogar Minecraft, e tudo começa a mudar. O vocabulário de Sam se expande, ele passa a progredir em alguns aspectos e até deixa que o Alex chegue mais perto, de forma que um relacionamento entre pai e filho começa a aflorar, ao mesmo tempo em que Alex passa a dedicar-se mais à Sam e percebe que precisa fazer o mesmo em relação ao seu casamento, ou poderá perder Jody para sempre.

Não sei o que fazer com relação a mim e a Jody, realmente não sei. Mas vou entender o Sam; vou aprender tudo sobre o autismo ou sobre Minecraft, um dos dois. – página 90

Eu não sabia o que esperar deste livro, mas confesso que estava um pouco receosa em relação à escrita, por isso enrolei um pouco para lê-lo. E qual foi a minha surpresa quando comecei a ler e não conseguia mais parar? Keith conseguiu fisgar minha atenção já no começo com sua escrita leve, rápida e divertida (chegando a engraçada em alguns pontos, e emocionante em outros), e o livro acabou num piscar de olhos, o que me surpreendeu, já que ele possui quase 380 páginas.

Eu fiquei completamente encantada com Sam, principalmente porque ele é dono de uma sensibilidade incrível, e eu ficava cada vez mais intrigada em relação a ele, pois podia ver que ele era muito inteligente, e seu entusiasmo com o Minecraft sempre me fazia sorrir. Me doía sempre que Alex ou Jody perdiam a paciência ou gritavam com o menino (na verdade, faziam ambos), mas sabia que nem todos conseguiriam se segurar em momentos como aquele, então também não conseguia sentir raiva deles.

Por causa do autismo, não somos eu e Jody. Somos eu, Jody e o problema do Sam. É essa a sensação que dá. Mas eu não posso dizer isso. Não posso nem pensar isso. – página 17

Além disso, o autor também deu o devido destaque a Emma, irmã de Alex; Dan, seu melhor amigo; Matt e Clare, amigos do casal, e até mesmo outros personagens, o que fez com que eu gostasse ainda mais da obra, pois ela não focou só na família do protagonista. Além disso, o final foi tão incrível que me pegou de surpresa, e eu fiquei emocionada e não conseguia parar de sorrir, pois foi lindo!

O menino feito de blocos é uma obra que faz o leitor não só refletir, mas também se apaixonar pela trama e pelos personagens, pelos seus problemas, seus dramas, seus medos. É um livro que fala sobre autismo e sobre como lidar com ele, fala sobre família, sobre amor, sobre as dificuldades enfrentadas pelo protagonista e também sobre ser humano. Livro mais do que recomendado.

Os espaços nos quais somos capazes de nos comunicar estão diminuindo – preciso fazer de tudo para que eles não se fechem para sempre. – página 115



26 comentários

  1. Olá,

    Segunda resenha que leio desse livro hoje e fiquei bem curiosa, pois não sabia que a história era baseada na vida do próprio autor. Achei lindo a forma como a história traz reflexões e também nos mostra a coragem de um pai, que mesmo diante das dificuldades encara tudo de frente e tenta fazer o melhor que pode. Não sou muito de ler livros do gênero, mas sei que este livro em especial precisa entrar na minha lista de leitura, pois quero extrair reflexões boas como você.

    Abraços,
    Cá Entre Nós

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  2. Olá
    Recentemente eu também fiz essa leitura e acabei me surpreendendo bastante. Acredito que o desenvolvimento trabalho pelo autor foi incrível ass como seus personagens. As questões de reflexão tambem sao bem perceptíveis e a leitura nao poderia ter sido mais envolvente. Adorei poder conferir suas impressões a respeito desse título!!
    Beijos, Fer
    www.segredosemlivros.com

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  3. Olá Dryh, tudo bem?

    Já vi inúmeras resenhas sobre O Menino Feito de Blocos, mas infelizmente ainda não é tempo de realizar a leitura. Acho o tema essencial, ainda mais sendo professora e podendo lidar com este tipo de caso a qualquer hora, mas não estou no momento certo para isso.

    Beijos

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  4. Só tenho lido resenhas positivas desse livro, e minha curiosidade pra ler só aumenta.
    Acho bacana quando autores tratam sobre esse tema, é bom aprender lendo algo que nos faz refletir.
    Espero poder fazer a leitura em breve!

    Virando Amor

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  5. Olá!
    Em todo blog que entro e vejo resenha desse livro me apaixono por ele, achei a capa linda e sua resenha muito boa, para impressão da obra. Espero poder ler ele um dia.

    Abraços

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  6. Oi ,
    tenho visto resenha deste livro em diversos blogs, achei bem legal saber q o filho do autor é autista, pois é alguém escrevendo com conhecimento de causa. Gostei da questão sobre o videogame uni-los.
    Beijos
    www.estilo-gisele.blogspot.com.br

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  7. Eu estou louca para ler esse livro! Com certeza é um livro com uma sensibilidade ímpar e que trata de temas muito importantes. além disso achei muito engraçado a parte do vídeo game os unir. Belíssima resenha. Beijos

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  8. Olá Dryh,
    Pelas resenhas que tenho lido, tinha ficado com essa impressão de que Alex é um homem ruim e gostei de saber que não é ruim como podemos pensar no começo.
    Acho que esse livro tem uma carga dramática alta e estou mega curiosa para saber o que acontece e o que vou sentir ao ler.
    Obviamente, anotei a dica.
    Beijos,
    Um Oceano de Histórias

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  9. Oi!
    Já adicionei esse livro à minha lista de leituras futuras devido às várias resenhas positivas que li dele. Parece ser um drama muito bem escrito, daqueles que nos faz chorar, refletir na vida e que permanece conosco tempos depois do fim da leitura e eu tenho uma queda enorme por livros assim, ainda mais quando os personagens são bem desenvolvidos e cativantes, como parece ser o caso.
    Beijos!
    Por Livros Incríveis

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  10. Olá, tudo bem por aí?

    Não é a primeira vez que leio uma resenha sobre este livro e a cada vez que leio uma nova, tenho mais vontade de lê-lo. Parece ser uma história muito emocionante e aposto que tem tudo para se tornar uma daquela que o leitor considera favoritas. Mesmo sem ter lido-o, eu já considero um livor bem "humano", se é que me entende. Parabéns pela resenha!

    Abraços.
    www.acampamentodaleitura.com

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  11. Olá,

    Estou cada vez mais louca para ler esse livro. Cada resenha é mais apaixonante e despertam mais ainda minha curiosidade para ler.
    Acho que esse livro me fará chorar, pois a temática e a sensibilidade do Sam devem ser bem emocionantes juntas.
    Fiquei muito curiosa para descobrir esse trauma do passado que atormenta o Alex ao ponto de até negligenciar o filho.

    Bjs,
    Garotas de Papel

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  12. Oie! Tudo bem?
    Menina eu estou doida para ler esse livro e já prevejo muitas lágrimas pois sempre que tem criança no meio eu acabo chorando é inevitável. Adorei saber a forma como o autor abordou o autismo e a forma como as vezes é dificuldade saber lidar com algo pelo quela não esperamos. Mas espero que o amor entre pai e filho seja mais forte e supere tudo isso. Não só deles mas dá família toda.
    Bjs

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  13. Oie,
    A cada resenha que leio sobre esse livro, mais vontade de ler eu tenho. A premissa é interessante e parece ser emocionante, já está na lista com certeza! Espero gostar tanto quanto você.

    Beijos
    Bru, Cantinho da Bruna

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  14. Eu simplesmente amei esse livro, sem mais. Foi muito enriquecedor e sensível.
    www.belapsicose.com

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  15. Oie
    li uma resenha hoje e vi muitos elogios, assim como a sua, parece ser uma leitura muito emocionante, eu ja tenho o livro aqui e quero muito ler, espero adorar pois o tema me encanta bastante e o enredo esta interessante e chamativo

    beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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  16. Oi, amei a resenha, você escreve muito bem, eu vou ler esse livo, ele vai pra meta 2017 do skoob com certeza. Eu nunca tinha visto a obra mas você falou tão bem que eu já estou me apegando.

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  17. Oi, Dryh

    Acho que essa é a primeira resenha que leio sobre o livro. Confesso que essa capa não me chamava atenção e não sabia nem que o livro tinha autismo como enredo. Legal que o joguinho de videogame vai mudando a relação deles, diferente...
    Não sei se leria, mas certamente é um caso a ser pensado.

    Beijo

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  18. Ando vendo belas críticas a respeito do livro. Tanto que futuramente o irei ler. O enredo me cativou,achei incomum e interessante ao mesmo tempo. Quero conferir as peculiaridades dele de perto rs Bexitus livrescos!

    |amorlivresco.wordpress.com|

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  19. Oi, Dryh!
    om certeza vou ler esse livro e ele já está na minha estante logo logo vou incluí-lo na pilha de leituras. A premissa é muito interessante e aborda um tema importante que precisa ser tratado. Gosto de leituras que nos fazem refletir.

    Beijos,

    Rafa [ blog - Fascinada por Histórias]

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  20. Olá!
    Estou lendo tantas resenhas positivas sobre essa obra que não sei como ainda não comecei a ler. Vejo que todos estavam receosos ao começar mas logo após se apaixonaram pela trama e tenho certeza de que comigo irá acontecer a mesma coisa. Achei muito legal o autor dar bastante visibilidade à irmã do Alex.
    Beijos.

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  21. Olá, tenho um encanto por este livro, afinal o autor traz o autismo de uma forma tão delicada com a criação desse personagem, que nos prende na leitura. Ainda não li mas pela sua resenha e como você se mostrou com as impressões, me deixa bem curioso por esta leitura.

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  22. Oi,
    Li algumas resenhas desse livro, como mencionei nas anteriores, estou empolgada por essa leitura, por ser um livro que nos faz refleti bastante, ainda mais sendo uma criança com autismo, mas acredito que não será uma leitura para o primeiro trimestre de 2017, quem sabe lá pelo 3º.
    Parabéns pela resenhas, tão clara e objetiva.
    Beijos

    Mari - Stories And Advice

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  23. Olá,
    Ainda não li nada que tratasse sobre o tema do autismo e fiquei bem intrigada para ver como o autor conseguiu desenvolver tal assunto que a meu ver é delicado de uma forma tão leve, além de baseá-lo em sua relação com seu filho que é autista.
    A premissa é bem interessante e espero poder ler em breve.

    http://leitoradescontrolada.blogspot.com.br/

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  24. Pela capa do livro eu não esperaria nada dele, mas parece que é um livro muito bonito e reflexivo. Eu amo esse tipo de livro, que me deixa pensativa muitas horas depois de finalizar a leitura. Melhor ainda saber que os personagens são apaixonantes.

    Um abraço!
    Parágrafos & Travessões

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  25. Olá!
    Não é fácil ter um filho doente, ainda mais se você não sabe lidar com ele. Fiquei com pena do pai da da mãe. ele por não saber lidar com o filho e ela por não ter descanso e segurar todo o dilema sozinha.
    Adorei a sua resenha, fiquei curiosa para saber como os pais vão resolver esse problema e conhecer mais o Sam.
    Beijinhos!

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  26. Adorei a resenha, eu conheço uma pessoa que tem a história parecida.

    http://obaucultural.blogspot.com.br/

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