O descompasso infinito do coração

Oiee pessoas \0/

Já faz um tempão que li e resenhei O descompasso infinito do coração, mas estava devendo a resenha dele aqui. Só fui lembrar mesmo porque terminei O desapego rebelde do coração hoje, e percebi que a resenha de seu antecessor ainda não estava aqui. Pois é. Mas agora estarão as duas! 

O livro não contem spoilers do primeiro livro, As batidas perdidas do coração <3

Título: O descompasso infinito do coração

Autora: Bianca Briones

Editora: Verus

Páginas: 406

Edição: 1

Lançamento: 2015

Série: Batidas Perdidas #2

Sinopse: Clara acaba de descobrir a traição do marido. Com dois filhos pequenos e a baixa autoestima que a consome, ela vê sua vida mudar drasticamente, apesar do desejo de permanecer na zona de conforto. Bernardo é apaixonado por Clara desde a adolescência. Agora ele tem a chance de conquistá-la e mostrar que os dois devem finalmente ficar juntos. Mas o que parece tão simples, para ele, é complexo demais para ela. Enquanto Bernardo é preenchido por certezas, o coração de Clara é inundado de receios, traumas e dúvidas. Como viver o presente quando o passado não deixa você olhar para frente? Será que um coração despedaçado pode recuperar a capacidade de amar? E o mais importante: como se entregar de corpo e alma quando não se consegue amar nem a si mesma? Em O descompasso infinito do coração, Bianca Briones mostra que o verdadeiro amor pode resistir ao tempo e a cada obstáculo que a vida lhe impõe. Esta é uma história intensa e comovente de segredos, paixão e amizade. É a última chance de dois corações que cansaram de viver separados.

Resenha

Não. Eu vou ajuda-la como puder, mas não vou me entregar. Não vou. Ah, droga. Dou risada de minha própria desgraça. Clara está partida em pedaços, e é quase imediato: cismo que posso ser a cola. – página 40

Clara não tinha a vida perfeita, mas era confortável. Casada com Maurício desde os dezenove, quando engravidou, ela tinha dois filhos maravilhosos e cuidava da casa desde então. Tudo ia razoavelmente bem, até ela descobrir que estava sendo traída pelo marido, e expulsá-lo de casa. A partir daí, Clara entrou em desespero, pois não sabia o que fazer. Tinha sido dona de casa aquele tempo todo, não tinha experiência e nem mesmo um emprego, e, no momento em que se olhou no espelho, depois de tanto tempo sem fazê-lo, ela desabou.

Com um passado trágico e misterioso, Clara escondia-se atrás de sorrisos forçados e desculpas de que estava bem, mas o colapso de seu casamento foi o primeiro passo para seu reencontro consigo mesma, pois isso fez com que Bernardo se reaproximasse, e foi o empurrão que ela precisava.

Apaixonado por Clara desde os dezessete, idade que tinha quando ela se casou (ele até tentara impedir o casamento e assumir os filhos dela, mas Clara achou que era tudo brincadeira), Bernardo finalmente vê a oportunidade de se reaproximar e, quem sabe, ficar com Clara. Ele sabe que não pode forçar nada, nem mesmo assustá-la, pois Clara sabe fugir e se esconder como ninguém, mas ele não vai desistir. Não como fez no passado.

O tempo escoa com a chuva que escorre sobre nós e não quero soltá-la. Não quero deixar Clara ir, porque, se o maior medo dela parece ser se entregar a alguém, o meu é perde-la. – página 101

Já fazia tempos desde que eu lera o primeiro livro (em 2014), então eu fiquei um pouco perdida no começo, tentando lembrar quem eram os personagens e o que tinha acontecido no primeiro livro. Não lembrei da Clara, mas do Bernardo e dos outros, sim. Depois que li As batidas perdidas do coração, livro que entrou para a listinha dos melhores que eu li na vida, e um dos que mais destroçaram a minha alma, eu imaginei que não aguentaria ler a continuação da série tão cedo, então fui enrolando. Até tomar vergonha na cara e comprar O descompasso infinito do coração, mas, ainda assim, enrolei para ler. Até que um dia, olhei para o livro e o peguei, mal sabendo o que encontraria.

Estou com medo. Da última vez em que meu passado me alcançou, quase desisti de viver. Não faço ideia de como ficar bem, mas sei que não quero soltar a mão de Bernardo. – página 82

Eu sei que a Clara é uma personagem completamente destruída pela vida e por todas as coisas que aconteceram com ela, e que tem episódios depressivos e tudo o mais, mas a sua insegurança e a forma como ela insistia em acabar com o Bernardo me dava nos nervos, principalmente quando ele se declarava e ela insistia que não era verdade. O fato de escolher o confortável e infeliz ao feliz e fora da zona de conforto também me fazia querer sacudi-la, principalmente porque o feliz e fora da zona de conforto incluía Bernardo, enquanto o infeliz e confortável era seu casamento com Mauricio.

Maaaas, Clara amadurece MUITO ao longo do livro, então chega a bater aquele orgulho danado quando ela acorda pra vida e percebe que merece ser feliz, e que precisa parar de ser tão submissa com sua família (sua madrasta odiosa e seu pai igualmente tonto) e falar por si mesma, ao invés de fazer o que os outros querem que faça. E quando ela percebe que ama o Bernardo então...só faltei gritar Aleluia!

E por falar em Bernardo.... Quase sem palavras para descrevê-lo. Eita homem paciente. Eu ficava surpresa e quase aplaudia quando Clara falava suas... coisas e ele não explodia. Eu, no lugar, já a teria mandado catar coquinhos e cansado, porque haja paciência. Ele a amava desde os dezessete, aguentou vê-la casada por tantos anos com Maurício, aí descobre que Clara nunca amou o marido, que vivia um casamento confortável, apenas. Ela ainda fala que o amor não é para ela, que nunca amará, será amada e etc. Depois ainda fica oscilando sobre voltar para Maurício, isso com Bernardo ao seu lado. E olha que ele já tinha se declarado, de novo! Ok, melhor parar antes que eu fale demais.

Meu coração sabia que era seu desde que nasceu, mas eu precisei ser paciente, precisei esperar que o seu coração estivesse pronto para o meu. E hoje, depois de tanto tempo batendo descompassados, eles se encontram e se tornam um, para sempre. – página 399

Gostei de rever Vivi e Rafa por aqui, e ele tentando maneirar nos palavrões por causa de sua filhinha foi a coisa mais fofa (e cantando High School Musical para ela então), mas Branca roubou cenas. Ela é incrível, fala sem papas na língua (amém!) e mal vejo a hora de ver no que vai dar o triângulo Branca-Rodrigo-Lex, que acontecerá no próximo livro (cuja capa eu achei maravilhosa), e os outros personagens também não ficam muito atrás. Tirando o pai e a madrasta de Clara (e uma outra personagem insuportável, também conhecida como namorada de Bernardo), que são tremendamente odiáveis.

A escrita da autora continua muito boa (como faz muito tempo desde que li o primeiro, não sei dizer se amadureceu ou melhorou), devorei o livro e me encantei com as introduções dos capítulos, que sempre traziam um trecho de música (assim como em As batidas perdidas). Só o final que me decepcionou um pouco, achei que a autora daria maior ênfase no relacionamento da Clara com o pai, e também achei que ia mostrar mais sobre o seu passado, senti que ficou tudo inconclusivo. Ainda assim, foi um desfecho bom, e eu gostei da forma como tudo acabou.