Trono destruído


Composto por seis contos (dois deles já publicados anteriormente, “Canção da Rainha” e “Cicatrizes de aço”), Trono destruído é a coletânea definitiva da série “A rainha vermelha”. Confesso que demorei meses para ler esse livro, tinha lido umas 40 páginas e deixado-o de lado, e só fui pegá-lo novamente ontem, quando acabei devorando-o! 

Título: Trono destruído
Autora: Victoria Aveyard
Editora: Seguinte (cortesia)
Páginas: 504
Edição: 1
Lançamento: 2019
Série: A rainha vermelha #4,5
Sinopse: Nesta coletânea, que encerra a série A Rainha Vermelha, você vai descobrir mais sobre o universo avassalador da saga que já vendeu mais de meio milhão de exemplares no Brasil.
Trono Destruído é uma coletânea especial para todos os leitores da série best-seller de Victoria Aveyard que ficaram com vontade de passar mais tempo com os personagens depois do fim de Tempestade Guerra. Com design especial, o livro traz os dois contos já publicados ("Canção da Rainha" e "Cicatrizes de Aço"), além de quatro histórias inéditas que darão aos leitores mais um vislumbre de seus personagens favoritos e a chance de conhecer caras novas. O volume conta ainda com mapas exclusivos, bandeiras, registros sobre a história de Norta e muito mais!

Resenha

Canção da Rainha”, o primeiro conto traz Coriane, primeira esposa do rei Tiberias VI, pai de Cal. Filha de um governador falido e pertencente a uma casa prateada relativamente pobre, Coriane usava roupas velhas e fora de moda, além de ter que obedecer sua prima carrasca, Jessamine. Com a morte do tio, Coriane é obrigada a participar de um jantar no Palácio de Whitefire, onde conhece o príncipe Tiberias.

Meu tio morreu, ela escreveu. E, de alguma forma, sinto inveja dele. – página 51

Solitária, Coriane sempre se sentiu uma prisioneira em sua própria casa, mal podendo desenvolver seus poderes de cantora, sendo ignorada pelo pai, tendo que obedecer sua prima insuportável e só tendo como refúgio seu irmão, Julian, e sua melhor amiga, Sarah. Mas quando surge a oportunidade de se casar com Tiberias, que havia ignorado a Prova Real para pedi-la em casamento, causando discórdia nas grandes Casas, Coriane reluta. Ela acaba aceitando, mas sabe que não pertence ao palácio, à corte prateada e ao ninho de cobras onde está se metendo. Coriane começa a ter pesadelos e a duvidar de sua própria sanidade, e no meio disso, nasce Cal. Eu já havia lido este conto antes, quando ele foi publicado em “Coroa cruel”, mas nesta releitura, acredito ter compreendido Coriane de uma maneira que não consegui antes. Escrevendo constantemente em seu diário, Coriane deixa claro sua posição em relação à política: ela não quer que seu filho se torne um combatente da guerra, e defende a igualdade entre vermelhos e prateados.

Não havia o que fazer. Ninguém vai casar comigo. Pelo menos ninguém com quem eu queira casar. Ela já havia perdido as esperanças e aceitado a situação. Jamais sairei daqui, escreveu. Essas paredes douradas serão meu túmulo. – página 47

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O segundo conto traz a capitã Farley em sua primeira missão independente, rumo a Norta. Até então, a Guarda Escarlate atuava em Lakeland, mas havia a necessidade de expandir a resistência para os outros países, para espalhar a palavra e evitar sua aniquilação. É aí que entra Farley e sua equipe, que não só fazem o que deveriam, como também expandem os objetivos da Guarda e recrutam Shade Barrow, irmão de Mare – quem ela conhece nesse conto.

Quando li este conto pela primeira vez, acabei não gostando tanto. Isso porque eu ainda não gostava muito de Farley, mas isso foi mudando à medida em que fui lendo os outros livros da série. Então, quando reli “Cicatrizes de aço”, fiquei extremamente feliz em vê-la liderando sua primeira missão longe do pai, capitão Cordeiro. Vibrei quando ela e Shade se conheceram, e revê-lo me deixou levemente triste, mas felizmente ele pôde ser feliz com Farley pelo tempo que passaram juntos.

Tudo o que fiz e que vou fazer é pela causa. Ninguém pode alegar o contrário. Ninguém jamais questionará minha lealdade, não quando eu lhes entregar Norta numa bandeja de prata. – página 157
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O terceiro conto, “O mundo que ficou para trás”, traz Lyrisa, princesa legítima de Lowcountry, que está fugindo de seu pretendente, o sanguinário príncipe Orrian, de Lakeland. Prometida assim que nasceu, a princesa recusa-se a se casar com o homem mais horrível que já conheceu, então foge e tenta a sorte ao lado de centenas de vermelhos e prateados de Lakeland que imploram para que as embarcações do porto levem-nas embora. Pagando mais do que qualquer outra pessoa, Lyrisa acaba embarcando com a tripulação do capitão Ashe, que só aceita uma prateada em seu barco pela quantidade de dinheiro que ela estava disposta a pagar.

Algo que todos os vermelhos têm em comum, independente das circunstancias, é que vivemos para irritar vocês. Não vou dar a um príncipe bêbado nenhuma satisfação. Ele já tem coisas demais nesse mundo. Ele não vai ter você. – página 276

A história acontece ao mesmo tempo em que Mare é feita prisioneira de Maven, quando a guerra entre prateados e a Guarda Escarlate está esquentando, então milhares de pessoas sonham com as Terras Livres, inclusive Lyrisa, que só quer fugir de seu título e de seu pretendente. Eu amei esse conto! Foi o meu favorito de todos os seis, e olha que gostei muito de todos eles. Narrado por Ashe e Lyrisa, o conto acompanha o trajeto do barco e também as lutas contra Orrian, o que é muito legal (e angustiante, considerando que tanto o príncipe quanto seus amigos igualmente cruéis são prateados, e a tripulação de Ashe é composta por vermelhos.)

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O quarto conto, “Coração de ferro”, traz Evangeline Samos e sua difícil decisão em continuar em Montfort, após a morte do pai e sua fuga com o que restou de sua família (seu irmão, a namorada dele e sua própria) ou retornar a Norta para abdicar o trono que seria seu, quando seu irmão fizesse o mesmo. Criado pelo pai dos dois, o reino de Rift tinha que ser dissolvido para que o território se unisse ao restante de Norta, cujos estados estavam lutando pela igualdade entre prateados e vermelhos. A abdicação de ambos era de extrema importância para impedir invasões dos demais reinos, mas Evangeline se recusava a ir.

O conto traz uma faceta de Evangeline que ainda não conhecíamos: o medo de voltar e encontrar sua mãe, o medo de perder as pessoas que amava e sua vontade de se esconder até que tudo estivesse resolvido. Vivendo na mansão do primeiro ministro de Montfort, Evangeline não queria enfrentar a realidade, tinha medo e assumir um compromisso com Montfort tanto quanto tinha medo de voltar a Norta. O conto é um pouco cansativo, mas assim que Evangeline toma sua decisão, as coisas melhoram bastante e até deixam um gostinho de quero mais.

Só durmo quando chego em casa, nas montanhas, em Montfort, com os braços de Elane ao meu redor e a luz vermelha do pôr do sol banhando meu rosto. Pensamentos sobre a guerra e nosso futuro vêm e vão. Podem esperar. Vamos enfrentar tudo isso juntas, Elane e eu. Vamos encontrar um meio-termo e nos entender. Por enquanto, posso descansar, e curar meu coração de ferro. – página 375

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O penúltimo conto, “Luz de fogo”, narrado por Mare e Cal, traz o retorno de Mare a Montfort após o tempo que passara com a família numa cabana ao norte, após a morte de Shade e Maven. Curando as feridas, a família Barrow havia isolado-se no inverno, mas agora estavam retornando à ativa. Com reuniões entre as delegações da Guarda Escarlate, dos Estados de Norta e Montfort, visando vencer a guerra ainda em curso contra Lakeland e Piedmont, Mare e Cal se reencontram após tanto tempo separados, mas têm medo de dar o primeiro passo, mesmo que ainda se amem. Os traumas são enormes, os pesadelos que ambos têm com Maven são horríveis, mas eles sabem que está na hora de seguir em frente, juntos.

Suas bochechas coradas são um complemento perfeito ao tom avermelhado de seus lábios. E às ondas do seu cabelo recém-tingido, de roxo nas pontas. Não consigo deixar de sorrir feito idiota, especialmente quando ela põe uma mecha atrás da orelha. As pedrinhas que brilham ali... para seus irmãos, para Kilorn, para mim. A joia vermelha que cintila do outro lado do salão é uma estrela que eu seguiria para qualquer lugar. – página 469
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Complementando o livro, entre os contos há pesquisas de Julian Jacos (em páginas roxas, com anotações, desenhos, mapas) sobre a Guarda Escarlate (e suas possíveis percursoras, como a Ronda Vermelha), reis e rainhas antigos, sobre a formação geográfica e política de Norta, uma breve biografia de todos os seus governantes e dos demais países também. Julian traz também transcrições de conversas com generais, capitães, vermelhos e prateados, sobre a maneira como os vermelhos eram tratados e recrutados ainda crianças para a guerra ou para as fábricas. E por fim, um breve resumo da história com linha do tempo dos principais acontecimentos.

As coisas eram piores antes da Guarda, da guerra. Não sabíamos que podiam melhorar. Não tínhamos esperança. Sabíamos o que acontecia com os vermelhos que se levantavam. Revoltas fracassadas. Revolucionários mortos por causa de um discurso ou de uma carta secreta. Não adiantava tentar mudar o mundo. O sistema era grande demais, forte demais. Os prateados eram melhores do que a gente. Agora não mais. [...] Vamos nos levantar, vermelhos como a autora. – página 106

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“Adeus”, o último conto, é uma história que dói. É sobre Maven, sobre como Cal tenta descobrir se ainda há algo de seu irmão em Maven, apesar de todas as coisas ruins que Elara fizera com ele. E há, e esse é o motivo de Maven mentir e dizer que não, dizer que tudo o que havia nele era o que sua mãe havia colocado ali. O conto pula então para depois da morte de Maven, quando Cal vai visitar seu túmulo.

Eu poderia magoá-lo profundamente, feri-lo para sempre, se o deixasse vislumbrar o pouco que restou de mim. Vislumbrar que ainda estou presente, num canto esquecido, apenas à espera de ser encontrado. Poderia acabar com ele com um único olhar, com um eco do irmão de que ele se lembra. Ou poderia livrá-lo de mim. Fazer a escolha por Cal. Dar a meu irmão uma última prova do amor que já não posso sentir, ainda que ele jamais saiba. – página 484


Não sei o que é mais triste nesse último conto: o fato de ainda restar algo do antigo Maven na casca que Elara construíra, se é o fato de Cal se culpar pela morte do irmão, se perguntando se havia algo que ele poderia ter feito para salvá-lo, ou se é o adeus para Maven, o adeus para a série. Os contos acontecem em ordem cronológica, o primeiro antes de Cal e Mare, o segundo quando ela descobre seus poderes e os outros ao mesmo tempo em que a guerra acontece; o de Maven é o último de todos, um adeus para todos os personagens, para todos os acontecimentos e para a guerra. É o desfecho perfeito para A rainha vermelha, ainda que me parta o coração.


2 comentários

  1. Oi!

    Tenho muita curiosidade em ler essa série, mesmo com alguns comentários controversos sobre ela. Adoro quando os autores publicam livros com contos sobre a outros personagens, acho muito enriquecedor!
    Espero poder ler essa série em breve.

    Abraços,
    Andy - StarBooks

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